Bayle afirma que os atomistas deveriam se manter fiéis a uma curiosa tese atribuída ao fundador do atomismo, Demócrito, a saber, que os átomos possuem uma alma. De fato, mostra Bayle por diversos argumentos, é impossível que o pensamento emerja da matéria. Assim o atomismo deve considerar o pensamento como presente em cada um dos átomos. Nesta mesma linha, Bayle mostra que, mais geralmente, todo materialismo consequente deve ser um panpsiquismo : todas as partes da matéria devem pensar, e pensar sempre. Mas isto conduz a consequeências dificilmente aceitáveis, como cadáveres pensantes. Além disto, o conselho que ele dá aos materialistas (seguir Demócrito) é uma medida que ele crê ser de fato inaplicável, já que, segundo Bayle, o pensamento é incompatível com a extensão, sendo suas propriedades opostas e cada substância só possuindo um atributo. O que Bayle busca então fazer, nesta fantasia histórica sobre Demócrito, é reduzir o materialismo a uma posição absurda.
alma; atomismo; atributo; cartesianismo; corpo; Demócrito; Epicuro; Dicearco; extensão; Locke (John); materialismo; modos; pampsiquismo; pensamento; substância; Toldand (John)