Este trabalho tem como objetivo discutir as noções arendtianas de aparência e percepção, a fim de promover um deslocamento dessas concepções do domínio geralmente associado da apreensão passiva da faculdade de conhecimento em direção a uma praxiologia da ação e da linguagem, baseada na percepção ativa. As apropriações de Arendt do "apresentar-se como" (sich hin-stellen) heideggeriano serão discutidas, bem como o "achar-se no mundo" (diligere) agostiniano. Será feita a distinção de uma dupla disposição da aparência: produção e posição, que transpostas para a noção arendtiana de mundo correspondem, respectivamente, à fabricação (poiesis) do mundo, o espaço-entre objetivo do homem, e à ação (praxis) no mundo, o espaço-entre subjetivo do homem. Essas substituições conceituais, em sentido mais amplo, sustentam uma imbricação mais próxima entre as atividades da mente e a atuação, stricto sensu e, conseqüentemente, fomentam não só a valorização do espaço público, como também a visibilidade de nossas ações e feitos, evocando a dignidade da aparência na ética.
Ética da visibilidade; Hannah Arendt; Martin Heidegger; percepção ativa; aparência