Apresentação
Começando pelo fim, este número publica duas homenagens a dois filósofos, falecidos no mês de janeiro deste ano: um, brasileiro, Bento Prado Junior, e outro, francês, Philippe Lacoue-Labarthe. Foi o modo que encontramos para registrar essas duas dolorosas e irreparáveis perdas para a filosofia brasileira, francesa e até mundial.
Voltando ao começo, o primeiro texto é uma conferência: "A epistemologia holista-individualista e o republicanismo liberal de Philip Pettit", de André Berten, feita a convite do Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFMG, no final do primeiro semestre de 2006, por ocasião da despedida do professor Berten, que voltou à Bélgica, à Universidade de Louvain, após passar dois anos como professor visitante no Departamento de Filosofia da UFMG.
Desde 1994, o Conselho Editorial da Revista Kriterion assumiu o compromisso de acolher, para o primeiro número do ano (janeiro a junho), a contribuição espontânea nacional e internacional, resultando disso um número eclético e composto por artigos variados; enquanto o segundo número (julho a dezembro) tem sido tradicionalmente temático. Embora a maior parte dos treze artigos publicados neste número trate de filosofia contemporânea, seria difícil ordená-los a partir de algum princípio classificatório, por isso foram organizados segundo a ordem cronológica da submissão.
No primeiro artigo, Hélio Rebello Cardoso Jr. escreve sobre o conceito de amizade, a partir de Deleuze e Guattari. Em seguida, Hilan Bensusan contesta a idéia de que a objetividade possa derivar de uma pura receptividade, e Gabriel Bertin de Almeida trata da crítica de Hume ao contratualismo. Seguem-se quatro artigos sobre problemas relacionados ao conhecimento a partir de perspectivas muito diferentes: Evaldo Sampaio discute o vínculo entre conhecer e criar a partir de Nietzsche; Júlio César Burdzinski analisa a proposta fundacionista que responde ao problema do regresso epistêmico; Gustavo Ortiz-Millán argumenta que o amor pode nos ajudar a desenvolver formas epistêmicas e práticas de racionalidade; e, finalmente, sobre a leitura de Dieter Henrich da filosofia teórica de Kant, escrevem Christian Klotz e Soraya Nour. João Emiliano Fortaleza de Aquino apresenta o entrelaçamento da reflexão sobre a linguagem com a crítica do fetichismo no importante livro de Guy Debord, A sociedade do espetáculo; Maurício Chiarello defende a dialética adorniana das críticas feitas por Giorgio Agamben; Cesar Candiotto escreve sobre as articulações entre verdade e história no pensamento de Michel Foucault; Luiz Felipe Sahad tece considerações sobre o fundamento moral da propriedade. Os dois últimos ensaios discutem aspectos do ceticismo: Gustavo Bernardo Krause, a partir da crítica que Octávio Brandão fez a Machado de Assis, e Plínio Junqueira Smith, a partir da interpretação de alguns verbetes do Dicionário histórico e crítico, do filósofo e historiador do século XVII Pierre Bayle, sobre o Ceticismo Antigo.
Completa este número a resenha de Rodrigo Guerizoli sobre a tradução dos Sermões alemães do Mestre Eckhart.
Virginia Figueiredo
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
13 Mar 2008 -
Data do Fascículo
2007