RESUMO
Segundo um influente argumento contra a existência de conhecimento a priori, não há conhecimento a priori porque (i) nenhuma crença é imune à revisão, e (ii) se houvesse conhecimento a priori, algumas crenças seriam irrevisíveis. Uma versão deste argumento foi celebremente defendida por W. V. Quine e ainda é popular entre filósofos naturalistas. O objectivo deste artigo é examinar e rejeitar este argumento contra o a priori. O artigo começa por discutir a tese (i) e o seu papel no modelo da Teia de Crenças de Quine. Defende-se que (i) enfrenta importantes desafios que colocam em risco o seu uso no argumento supra. A premissa (ii) do argumento é então discutida. Philip Kitcher é conhecido pela sua defesa de uma versão da premissa (ii). Os seus argumentos são analisados e rejeitados. A conclusão é que não temos uma boa razão para aceitar (ii), e consequentemente este argumento contra o a priori. O artigo termina com a proposta de uma caracterização do a priori perfeitamente compatível com (i).
Palavras-chave:
A priori; conhecimento; revisabilidade; revisável; empirismo; teia de crenças