RESUMO
Proponho um meio-termo entre um modelo perceptual de autoconhecimento, segundo o qual os objetos de autoconhecimento (as crenças, desejos, intenções e assim por diante) são acessadas mediante um tipo de mecanismo causal, e um modelo racionalista, segundo o qual o autoconhecimento é constituído pela agência racional. Por analogia ao papel que o exercício de habilidades sensório-motoras desempenham no conhecimento perceptual racionalmente fundado, autoconhecimento é entendido como um exercício de habilidades que são orientadas pela e orientam a ação. Essa imagem satisfaz a condição de acesso privilegiado que geralmente é associada ao autoconhecimento sem implicar uma lacuna intransponível entre autoconhecimento e conhecimento de outras mentes.
Palavras-chave
Enactivismo radical; autoconhecimento; autocegueira; transparência