Searle (1975) evidenciou duas questões programáticas sobre a lógica do discurso ficcional: por que a evolução teria selecionado a ficção como um comportamento transcultural e o que possibilita um autor a usar as palavras literalmente sem se comprometer com seus significados literais na comunicação ficcional. Ferreira (no prelo) argumenta que parte do problema recai sobre a concepção de Searle de que, por violar as regras lógicas das sentenças assertivas, a comunicação ficcional se constitui como parasitária da linguagem ordinária. Alternativamente, este trabalho pretende analisar a comunicação ficcional pelo modelo da teoria da relevância (SPERBER; WILSON, 1995), evidenciando que a comunicação ordinária e aquela do discurso ficcional repousam sobre representações de segunda ordem ou metarrepresentações.
Discurso ficcional; Comunicação; Teoria da Mente; Metarrepresentação; Relevância