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OS GÊNEROS DO JORNAL: O QUE APONTA A LITERATURA DA ÁREA DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL?

THE NEWSPAPER GENRES: WHAT DOES THE BRAZILIAN LITERATURE IN THE AREA OF COMMUNICATIONS HAVE TO SAY?

LES GENRES DU JOURNAL: QU'EST-CE QUE DESIGNE LA LITTERATURE DANS LE DOMAINE DE LA COMMUNICATION AU BRESIL?

LOS GENEROS DEL PERIÓDICO.G LO QUE APUNTA LA LITERATURA DE ESA AREA DE COMUNICACIÓN EN BRASIL?

Resumo

O presente artigo procura estabelecer um inventário inicial dos gêneros que circulam nos jornais brasileiros. Buscou-se, deste modo, determinar a forma como a noção de gênero tem sido tratada na literatura teórica e prática da área de comunicação e, a partir daí, levantar os gêneros que são citados como representativos desse meio social. Percebe-se, nesta literatura, que a noção de gênero é pouco precisa e que há grande divergência nos rótulos citados, o que, contudo, também se mostra como rico material de pesquisa.

Palavras-chave:
gênero textual; discurso; comunicação; jornalismo

Abstract

The present article tries to establish a tentative inventory of the genres that circulate in Brazilian newspapers. Our interest was to determine how the notion of genre has been treated in the theoretical and practical literature of the field of communication and, from there, to map the genres cited as representative of this social environment. The literature in the area indicates that the notion of genre is far from clear and that there is great divergence among the terms used, which, however, constitutes in itself rich research material.

Key words:
genre; discourse; communication; journalism

Resume

Cet article cherche a etablir un inventaire initial a propos des genres qui circulent dans les journaux bresiliens. On s'est efforce, ainsi, a determiner la forme selon laquelle la notion de genre est en train d'etre traitee dans la litterature theorique et pratique dans le domaine de la communication, et, a partir de la, faire sortir les genres cites comme representatifs de ce milieu social. On apercoit, dans cette litterarure, que la notion de genre est peu precise et qu'il y a une grande divergence dans les etiquettes citees, ce que, cependant, se montre comme un materiel tres riche de recherche.

Mots-cles:
genre textual; discours; communication; journalisme

Resumen

El presente estudio busca establecer un inventario inicial de los generos que circulan en los peri6dicos brasilefios. Se buscó, de esta manera determinar la forma como la nación de genero es tratada, en la literatura teórica y practica de la area de comunicación y, desde ahi, apuntar los generos que son citados como representativos de ese medio social. Se percibe, en esta literatura, que la noción de genero es poco precisa y que hay divergencia en los rótulos citados, lo que, sin embargo tambien se ensefia como rico material de investigación.

Palabras-clave:
genero textual; discurso; comunicación, periodismo

1 INTRODUÇÃO

Muito se fala dos gêneros da imprensa como sendo essenciais para atividade de ensino. No entanto, ainda são pouco conhecidos, em termos acadêmicos, os mecanismos lingüísticos/sociais que caracterizam estes gêneros textuais. (Mesmo a distinção entre notícia e reportagem não é clara). Por este motivo, estou desenvolvendo uma pesquisa (BONINI, 2002b______. Projeto Gêneros do Jornal (as relações entre gênero textual e suporte). Florianópolis, 2002b. Texto inédito, base de projeto desenvolvido na UNISUL. Disponível em: <http://geocities.yahoo.com.br/adbonini/projet.htm>.
http://geocities.yahoo.com.br/adbonini/p...
) que objetiva determinar quantos e quais são os gêneros do jornal, como se constituem e como funcionam no jornal. O interesse principal da pesquisa é o de tratar o contínuo textual do jornal.

O que relato no presente artigo é a parte preliminar desta pesquisa, ou seja, o levantamento de como a literatura do meio específico (o da produção do jornal) concebe estes gêneros e quais são apontados como representativos deste meio.

Procuro, deste modo, nesta discussão, cumprir dois objetivos: 1) levantar o modo como o conceito de gênero aparece na literatura da área de comunicação, através da análise de textos teóricos e didáticos, dos manuais de estilo dos jornais e dos dicionários de comunicação; e 2) produzir um inventário inicial dos gêneros do jornal, para as finalidades de pesquisa e ensino.

2 UM LEVANTAMENTO DOS GÊNEROS DO JORNAL A PARTIR DA LITERATURA DA ÁREA DE COMUNICAÇÃO

A tentativa de se fazer um inventário inicial dos possíveis gêneros do jornal passa por três questões: 1) Qual é a base metodológica do levantamento?; 2) Que conceito de gênero será empregado?; e, 3) que tipo de fonte é relevante como base do levantamento?.

Em relação à questão metodológica, há, no campo dos estudos de gênero, algumas tradições de pesquisa já bem difundidas (embora não sejam claramente denominadas na literatura). Entre estas tradições pode-se ressaltar:

  • a) a enunciativa - nesta abordagem, cujos representantes principais são Adam (1999ADAM, Jean-Michel. Linguistique textuelle: des genres de discours aux textes. Paris: Nathan, 1999. ), Bronckart (1997) e Maingueneau (1998), os estudos são conduzidos mediante a análise de episódios, tomados, simultaneamente, como matéria da análise (corpus) e como argumentos do que se está afirmando (amostras). A seleção das amostras segue o fio conceitual da discussão posta no campo dos estudos enunciativos;

  • b) a de corpus - esta abordagem, mediante varredura computacional de um corpus, busca estabelecer correlações estatísticas entre as variáveis do gênero em estudo. O estudo mais representativo é o de Biber (1988BIBER, Douglas. Variation across speech and writing. New York: Cambridge University Press, 1988. );

  • c) a etnográfica - nesta abordagem, busca-se descrever os gêneros como componentes de uma comunidade discursiva. Procura-se, desse modo, caracterizar, em correlação direta, o ambiente social e os gêneros que nele circulam (entendidos como habitus da comunidade). Recorre-se, neste caso, à análise comparativa dos exemplares de um gênero. Os principais representantes desta abordagem são Swales (1990SWALES, John M. Genre analysis: English in academic and research settings. New York: Cambridge: Cambridge University Press, 1990.) e Bhatia (1993BHATIA, Vijay K. Analysing genre: language use in professional settings. New York: Longman, 1993. ), sendo um dos trabalhos seminais o de Askehave e Swales (2001ASKEHAVE, I., SWALES, J. M. Genre identification and communicative purpose: a problem and a possible solution. Applied Linguistics, v. 22, n. 2, p. 195-212, 2001.).

No presente trabalho, há uma opção pela abordagem etnográfica, mais especificamente pelos procedimentos metodológicos expostos em Bhatia (1993BHATIA, Vijay K. Analysing genre: language use in professional settings. New York: Longman, 1993. , p. 22-36), quais sejam: 1) a localização de dado gênero textual em um contexto situacional; 2) o levantamento de literatura existente sobre o assunto; 3) o refinamento da análise contexto-situacional; 4) a seleção do corpus; 5) o estudo do contexto institucional; 6) a análise lingüística em termos de: a) características léxico-gramaticais; b) padrões de textualização; c) interpretação estrutural do gênero textual; e 7) a busca de uma avaliação de especialista da comunidade discursiva, como forma de averiguar os resultados da pesquisa. Para compor a metodologia da pesquisa (BONINI, 2002b______. Projeto Gêneros do Jornal (as relações entre gênero textual e suporte). Florianópolis, 2002b. Texto inédito, base de projeto desenvolvido na UNISUL. Disponível em: <http://geocities.yahoo.com.br/adbonini/projet.htm>.
http://geocities.yahoo.com.br/adbonini/p...
) optei também por considerar as noções de macro e micro níveis de análise expostas em Biber (1988BIBER, Douglas. Variation across speech and writing. New York: Cambridge University Press, 1988. , p. 61-63). Deste modo, levando em consideração as propostas metodológicas destes dois autores, os procedimentos da pesquisa, apresentados em Bonini (2002b______. Projeto Gêneros do Jornal (as relações entre gênero textual e suporte). Florianópolis, 2002b. Texto inédito, base de projeto desenvolvido na UNISUL. Disponível em: <http://geocities.yahoo.com.br/adbonini/projet.htm>.
http://geocities.yahoo.com.br/adbonini/p...
), são os seguintes:

1) Macroanálise:

  • a) Levantar a literatura a respeito do jornal. Nesta etapa, procede- se à leitura, com vias a determinar a tradição relativa ao jornal e fazer um inventário dos gêneros: i) dos principais manuais de jornalismo; ii) dos textos acadêmicos sobre o jornal; e iii) de possíveis estudos que o analisem do ponto de vista genérico;

  • b) Estabelecer uma interpretação estrutural para o jornal. Nesta etapa, procede-se: i) ao levantamento dos padrões textuais (partes e mecanismos característicos) e lingüísticos (léxico, emprego verbal, padrão oracional, etc.) de estruturação do jornal; ii) ao levantamento dos gêneros ocorrentes no jornal; e iii) ao levantamento das relações com outros gêneros externos ao jornal;

  • c) Estabelecer uma interpretação pragmática para o jornal. Nesta etapa, procede-se: i) à análise da comunidade discursiva em que jornal se insere; ii) ao estabelecimento dos papéis interacionais (incluindo-se aí também a análise dos propósitos, objetivos e interesses compartilhados e intervenientes; e iii) à consulta a informante da comunidade discursiva.

2) Microanálise:

  • a) Levantar a literatura a respeito do gênero. Nesta etapa, com vias a determinar a tradição relativa ao gênero em estudo, procede-se à leitura: i) dos principais manuais de jornalismo; ii) dos textos acadêmicos sobre o gênero; e iii) de possíveis estudos que o analisem do ponto de vista genérico;

  • b) Estabelecer uma interpretação estrutural para o gênero. Nesta etapa, procede-se: ii) ao levantamento dos mecanismos textuais (movimentos, passos e seqüências) e lingüísticos (léxico característico, emprego verbal, padrão oracional, etc.) de estruturação do gênero; e ii) ao levantamento das relações com outros gêneros e com o jornal;

  • c) Estabelecer uma interpretação pragmática para o gênero. Nesta etapa, procede-se: i) à análise da comunidade discursiva em que o gênero se insere; ii) ao estabelecimento dos papéis interacionais (incluindo-se aí também a análise dos propósitos, objetivos e interesses compartilhados e intervenientes); e iii) à consulta a informante da comunidade.

O levantamento de gêneros aqui relatado resulta, portanto, da primeira etapa da macroanálise e já tem sido utilizado no estudo de alguns gêneros específicos do jornal. A necessidade de se ter um inventário de quais são possivelmente os gêneros do jornal apresenta duas justificativas nesta pesquisa. Primeiramente, para se estudar um gênero específico em relação ao jornal (como suporte) é necessário se ter uma noção de quais são os demais gêneros, pois a análise é, em alguma medida, sempre contrastiva. O segundo motivo é que, como já aponta um dos trabalhos atrelados a esta pesquisa (KINDERMANN, 2002), a ocorrência dos gêneros nos textos do jornal não se dá em unidades facilmente delimitáveis. Os textos apresentam um alto índice de imbricações intergêneros (variando de acordo com o caderno que se toma como objeto de análise), de modo que os rótulos nem sempre coincidem com os textos efetivamente publicados. Soma-se a isso o fato de que há muitos termos na literatura (como a análise, o comentário, o perfil, etc.) que são vagos como ocorrência textual de um gênero. Interpretar o modo como os gêneros ocorrem nos vários cadernos do jornal (identificando os padrões mais e menos estáveis e a função organizativa destes padrões a partir de e para o jornal) é um exercício que exige, portanto, a recorrência a descrições primárias de todos os gêneros envolvidos (ou do que, pelo menos intuitivamente, possa ser visto como um gênero neste momento).

Outra função do levantamento aqui relatado é a de sugerir um conjunto de possíveis gêneros a serem tomados como base das atividades de ensino- aprendizagem. Embora os PCNs de Língua Portuguesa (BRASIL, 1998) coloquem os gêneros da imprensa como um dos principais conteúdos dos currículos escolares, sabe-se muito pouco sobre quais são e como são esses gêneros. No campo da formação de professores, na modalidade pré-serviço, Cristóvão (2002CRISTÓVÃO, Vera Lúcia Lopes. Modelo didático de gênero como instrumento para formação de professores. In: MEURER, José Luiz; MOTTA-ROTH, Désirée (Orgs.). Gêneros textuais e práticas discursivas. Bauru/SP: Edusc, 2002., p. 59), por exemplo, ressalta esta carência de descrições de gêneros para subsidiar as atividades:

Nossas aulas não chegaram à leitura de textos especializados, apesar de se ter comentado a dificuldade de se encontrar material sobre a composição do gênero. Foi A12 (notação referente ao aluno-professor) que comentou com o grupo que, assim como haviam buscado os especialistas em histórias em quadrinhos para dar início ao estágio, também estavam procurando trabalhos específicos sobre artigos de revista, mas estavam encontrando maior dificuldade, pois era mais comum encontrarem referências para textos jornalísticos em geral, sem as especificidades ao editorial, carta do leitor, artigo, etc. (grifos meus)

A segunda questão com que nos deparamos nesta etapa da pesquisa foi a de determinar um conceito de gênero que possibilitasse avaliar os rótulos na literatura e destacar unidades de análise nos jornais. Na literatura da área de comunicação, a noção de gênero não aparece de forma muita clara. Tanto são entendidos como gêneros os textos relacionados a uma prática discursiva (de ocorrência empírica, como a notícia e a reportagem) quanto os traços que representam categorias mais amplas e de caráter tipológico, determinados pelo filtro teórico do estudioso e não pela realização empírica, como é o caso dos gêneros diversionais, utilitários e formais que aparecem em Dias et al. (2001). Muitos dos gêneros específicos (que Dias et al. denominam formatos) também não são identificáveis como ocorrências empíricas de textos no jornal: história em quadrinhos (são vários gêneros, sendo que o que ocorre mais comumente no jornal é a tira); propaganda empresarial (também diz respeito a vários gêneros); história de interesse humano (é, provavelmente, um tipo de reportagem); e suíte (que corresponde a uma extensão do relato da notícia nas edições posteriores, não sendo um gênero, mas um mecanismo de textualização da notícia).

A outra necessidade de se ter um conceito de gênero aplicável é o fato de haver, no jornal, textos que correspondem a uma seção específica (editorial, sumário, cabeçalho) e outros que estão dispersos, não tendo uma identificação direta com uma seção. Um caso de difícil solução é o da coluna. Ela seria um gênero (como aponta a literatura da área) ou um espaço do jornal onde podem ocorrer vários gêneros?

Diante destas demandas, postulou-se três critérios para se selecionar um rótulo (posto na literatura da área de comunicação) como candidato a um gênero efetivo e, conjuntamente, para se determinar uma possível unidade de análise no jornal. O rótulo levantado como possível gênero do jornal deveria, portanto: 1) corresponder a uma unidade materializável na forma de texto; 2) ser reconhecido e praticado na comunidade discursiva de origem como uma unidade textual; 3) estar relacionado às atividades centrais do jornalismo impresso (mais especificamente, do jornal). Determinou-se, desse modo, um conceito de gênero, já apresentado e discutido em Bonini (2003aBONINI, Adair. O conceito de gênero textual/discursivo: teorias versus fenômeno. 2003a. Texto inédito.), que desse conta do material em análise:

O gênero [...] pode ser visto como um conteúdo representacional dinâmico que corresponde a uma forma característica de um texto, entendido como enunciado pleno (texto-simples que tem um enunciador/locutor único ou texto-complexo com um enunciador/locutor principal) e como enunciado recorte (conjunto de textos de enunciadores/locutores individuais, integrados na forma de texto-ritual), se caracterizando pelas marcas estruturais texto- lingüísticas, de suporte, de circunstâncias enunciativas, funcionais em relação ao meio social (conteúdo, propósitos, etc.), funcionais em relação ao hipergênero (de abertura, de feedback, de encerramento, etc.).

O gênero, desse modo, é entendido como representação característica do texto que ocorre como enunciado pleno ou recorte. No caso do jornal, não há o gênero como enunciado recorte (pois, mesmo a entrevista, assume a característica de unidade textual enunciada pelo locutor/repórter). O que ocorre no jornal é a intercalação de enunciados plenos no hipergênero1 1 O termo "hipergenero" e apresentado em Bonini (2001) e discutido em maior profundidade em (2003b). Entendo por hipergenero os suportes de generos que sao, ao mesmo tempo, generos que se compoem a partir de outros generos, como e o caso dos jornais, das revistas, de varios tipos de home-pages. (o suporte jornal), cabendo se considerar, então: 1) as funções dos gêneros no hipergênero, determinando- se o processo de intercalação; e 2) o processo evolutivo do gênero, pois o hipergênero jornal se constitui em um bloco de enunciados que ocorrem, em muitos casos, de formas mistas e inovadoras.

Uma última questão é a dos documentos que podem ser tomados como fonte de levantamento e determinação inicial dos gêneros de um meio social (ou comunidade discursiva). Considerei como centrais, conforme já orienta Bhatia (1993BHATIA, Vijay K. Analysing genre: language use in professional settings. New York: Longman, 1993. , p. 22), os que tratam das práticas discursivas do meio, principalmente no sentido de apontar o que são e de que modo devem ser conduzidas. No caso do jornal, os documentos aqui considerados relevantes para tal levantamento são: 1) os que normatizam as práticas discursivas do jornal (manuais de estilo); 2) os que informam sobre as práticas discursivas do jornal (dicionários de comunicação); 3) os que são utilizados como base para o ensino do jornalismo (manuais de ensino); e 4) e os que discutem as práticas jornalísticas em uma perspectiva científica (textos teóricos da área).

3 OS GÊNEROS CITADOS NA LITERATURA ACADÊMICA DA ÁREA

Nesta seção, estou considerando duas categorias de textos do ambiente acadêmico jornalístico: os manuais de ensino e os textos teóricos. Ambos os tipos de literatura não aplicam o conceito de gênero do modo como vem sendo concebido nos círculos acadêmicos nacionais e internacionais que tratam do assunto. A mescla de tratamento teórico e prático do fenômeno linguagem, nesta literatura, leva a uma flutuação do conceito de gênero principalmente nos manuais de ensino.

Em termos gerais, os manuais de ensino de jornalismo (AMARAL, 1978, 1982; BAHIA, 1990BAHIA, J. Jornal, história e técnica. 4. ed. São Paulo: Ática, 1990. 2v., v.2.; ERBOLATO, 1978; SODRÉ e FERRARI, 1986SODRÉ, Muniz; FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Summus, 1986.) são construídos como uma espécie de compêndio de dicas. Neste sentido, procurando privilegiar mais os procedimentos práticos que o debate acadêmico, estes manuais (datados em um passado relativamente distante) tratam os gêneros como parte da técnica jornalística.

É comum que os autores privilegiem o ensino da técnica jornalística (coleta de informações, o trato com as fontes, organização das informações, relato, composição do jornal), tomando, como eixo da explicação, o gênero notícia. Não há, contudo, o tratamento da notícia como gênero. Também são aspectos privilegiados: as categorias do jornalismo (opinativo, informativo, interpretativo, diversional, investigativo, etc.); o trabalho nas editorias (de política, de economia, de esportes, etc.); o trato com as agências de notícias; e temas como objetividade, neutralidade, veracidade, credibilidade, ética jornalística. Por vezes, são tratadas também as atividades jornalísticas ancoradas em outros meios ou em outros suportes (radiojornalismo, telejornalismo, acessória de imprensa). O tratamento, contudo, é centrado no jornal e não é exaustivo quanto a estes outros tipos de prática jornalística.

Os gêneros mais comumente citados (a partir dessa perspectiva de técnica de trabalho) são: a notícia, a reportagem, a entrevista e o editorial. Estes manuais mostram uma concepção de gênero como fixo, claramente delimitável e, por isso, passível de ser ensinado como técnica. O aspecto movente dos gêneros do jornal, contudo, se revela nos textos quando estes manuais tomam a notícia e a reportagem como o mesmo gênero ou uma pela outra. Trata-se de um aspecto que, embora não discutido, é pressentido, como afirmam Sodré e Ferrari (1986SODRÉ, Muniz; FERRARI, Maria Helena. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Summus, 1986.) quanto à relação notícia/reportagem: “Às vezes, as fronteiras entre os gêneros se tornam tênues, principalmente quando as notícias trazem a informação contextualizada” (p. 32).

Os manuais de ensino de jornalismo, portanto, pouco podem nos informar sobre os vários gêneros que compõem o jornal, pois esta discussão não é feita2 2 O fato de esses manuais nao discutirem a nocao de genero deve-se, talvez, ao fato de serem escritos em um momento anterior ao incremento do debate sobre este tema. , o conceito de gênero é empregado de modo intuitivo e a variedade abordada é pequena e sempre restrita aos textos mais típicos no meio. De qualquer modo, é uma fonte rica para o início de pesquisas com algum destes gêneros citados.

Em relação aos textos teóricos (BELTRÃO, 1969BELTRÃO, Luiz. A imprensa informativa. São Paulo: Falco Masucci, 1969., 1976, 1980; CHAPARRO, 1998CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar: percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro. Santarém/PT: Jortejo, 1998.; DIAS et. al., 1998; LAGE, 1979; MEDINA, C., 1978; MEDINA, J., 2001; MELO, 1985______. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985., 1992), é comum o tratamento tipologizante. No conjunto dos textos aqui considerados, os de Lage (1978) e C. Medina (1978), embora referenciem o termo gênero aos fenômenos que atualmente se concebem como gêneros (sem tipologizar), não trazem uma discussão do termo nem uma análise de gêneros que vá além da notícia. Os principais trabalhos da área de comunicação quanto ao estudo dos gêneros do jornal são os de Melo (1985______. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985., 1992) e o de Chaparro (1998CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar: percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro. Santarém/PT: Jortejo, 1998.), embora o fundador desta discussão tenha sido Beltrão (1969BELTRÃO, Luiz. A imprensa informativa. São Paulo: Falco Masucci, 1969., 1980, 1980). Vejamos como os gêneros são discutidos e classificados segundo estes autores.

A classificação de Beltrão está explicitada em três livros (1969BELTRÃO, Luiz. A imprensa informativa. São Paulo: Falco Masucci, 1969., 1976, 1980), aparecendo em forma resumida (quadro 1) no livro de Melo (1985______. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985., p. 45). Tem base nas funções de vigilância, correlação e transmissão, formuladas por Lasswell (1948), e na noção de que a língua é central na condução da informação (dois pontos questionados por Melo, 1985). Beltrão não considera aspectos da configuração dos gêneros no meio, bem como não considera textos de imagem em sua classificação. É mais um instrumento de orientação do jornalismo para uma determinada concepção de trabalho (jornalismo não manipulador) do que uma descrição dos gêneros propriamente.

Quadro 1
Classificações de Beltrão e Melo para os gêneros do jornal (conf.: MELO, 1985______. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985., p. 45 e 48).

Posicionando-se em uma perspectiva mais descritiva (mas ainda assim com categorias a priori), Melo se propõe classificar os gêneros a partir das trocas sociais jornal/sociedade. Adota dois critérios para sua classificação: 1) a intencionalidade presente nos relatos que, para ele, se mostra no jornalismo de duas formas: a) como tentativa de reproduzir o real; e b) como tentativa de ler o real; e 2) a natureza estrutural do relato que, segundo Melo, mostra duas categorias de textos: a) o jornalismo opinativo (regido pelas variáveis autoria [opinião] e angulagem [perspectiva temporal e espacial]); e b) o jornalismo informativo (regido pelas variáveis imediatismo [eclosão e evolução do/s acontecimento/s] e mediação [relação entre jornalista e protagonista/s]. A partir de tais critérios (principalmente da temporalidade e da angulagem), Melo agrupa e distingue os gêneros presentes no quadro 1.

A classificação de Melo é criticada por Chaparro (1998CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar: percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro. Santarém/PT: Jortejo, 1998.). Ancorando-se em uma perspectiva pragmática, o autor questiona a temporalidade e a angulagem como critérios para determinação dos gêneros do jornal. Entendendo que o jornal está imerso no jogo lingüístico e social, argumenta que os gêneros não podem ser caracterizados pela natureza do tempo imediato ou decorrido quanto à relação acontecimento/relato. Pelo contrário, para Chaparro (p. 109), as práticas jornalísticas não se orientam pelo acontecido, mas pelo que está por acontecer (pelos fatos programados e pelo modo como vão afetar a vida das pessoas). Neste sentido, o percurso dos acontecimentos, permeado de “falas, eventos, decisões, conflitos, perguntas, respostas, ocorrências previstas ou inesperadas”, vão pôr em cena causas e efeitos que justificarão a ocorrência de um ou outro gênero no jornal.

Do mesmo modo, Chaparro também não acredita que os ângulos da abordagem são determinados diretamente pela posição do autor em relação ao fato, mas que “resultam da inspiração e da criatividade de quem escreve, no aproveitamento literário de detalhes, para seduzir leitores ou acentuar a atribuição de significados aos fatos” (p. 109). Diferentemente da primeira, esta é uma visão que pressupõe um sujeito enunciador com uma história, uma ideologia e estratégias próprias.

De modo geral, a releitura que Chaparro faz do trabalho de Melo tem base em dois posicionamentos críticos. O primeiro deles é o de que o paradigma informação/opinião não serve mais, se é que já serviu, como critério para a tipificação das formas discursivas do jornal, pois a atividade jornalística não se orienta, guiada pelo critério da objetividade, para a escolha de um ou outro destes compartimentos. Pelo contrário, para o autor, o fazer jornalístico está imerso em uma teia de processos e razões sociais, de modo que opinião e informação se imbricam e, evidentemente: “[...] os juízos de valor estão lá, implícitos, nas intencionalidades das estratégias autorais, e explícitos, nas falas (escolhidas) dos personagens, às vezes até nos títulos” (p. 114). Argumenta, ainda, que os gêneros estão atrelados a uma prática, mas do que a um critério externo de se posicionar, alternadamente, entre a neutralidade e o envolvimento. Diz: “A questão não é moral nem ética, mas técnica: para o relato dos acontecimentos, a narração é mais eficaz” (p. 113).

A segunda crítica de Chaparro é a de que as classificações acadêmicas tradicionais, com critérios inadequados e insuficientes, são incapazes de classificar e explicar as espécies utilitárias, comumente rotuladas como “serviço”.

A partir destas críticas, Chaparro recorre a vários teóricos (da literatura, da lingüística e da comunicação) para justificar as categorias que elege como base de sua classificação (quadro 2). Inicialmente, assume que os esquemas narrativo e argumentativo estão na base de todos os textos do jornal e que os termos relato e comentário (pela ocorrência constante na literatura da área jornalística) os qualificam. Postula, então, que os gêneros do jornal são o relato e o comentário, pois estes termos correspondem socialmente às duas principais ações jornalísticas: relatar a atualidade e comentar a atualidade. O gênero, visto desse modo como uma classe, se subdivide em espécies e subespécies.

É importante ressaltar, nesse ponto, que Chaparro é o autor que expressa mais claramente qual é a base metodológica dos estudos dos gêneros tradicionalmente realizados no campo da comunicação. Trata-se da concepção aristotélica de estudar o mundo categorizando-o diretamente, pressupondo que se trata de um processo de descoberta e mapeamento dos traços essenciais e acidentais da realidade. Desse modo é que surgem as categorias em árvores de Porfírio. Tais categorias, contudo, principalmente no campo da linguagem, se revelam falaciosas em dois sentidos. Primeiramente, ao se construir uma tipologia apenas com base nos traços que a linguagem revela, desconsidera-se o uso efetivo que o sujeito faz de tais elementos. O sujeito social e lingüisticamente ancorado escreve/fala ou lê/ouve uma carta ou uma notícia, mas não uma descrição ou uma narração, que são características internas da linguagem e sobre as quais tem pouca consciência. Em segundo lugar, as tipologias deste tipo trazem implícita a concepção de linguagem como um fenômeno natural que pode ser isolado e estudado com neutralidade (neste caso, inclusive independentemente do sujeito que a utiliza). O gênero entendido como uma categoria abstrata e geral diz muito pouco sobre a ocorrência efetiva da linguagem em um meio social; não considera o aspecto constitutivo da linguagem na constituição do sujeito.

Quadro 2
Classificação de Chaparro (1998CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar: percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro. Santarém/PT: Jortejo, 1998., p. 123) para os gêneros do jornal.

De certo modo, ao incorporar a metodologia aristotélica à sua reflexão sobre os gêneros do jornal, Chaparro cai na própria armadilha epistêmica que critica no demais autores (ignorar o aspecto constitutivo da linguagem nas atividades humanas). Seu trabalho, contudo, em comparação com os demais, é mais coerente quanto à utilização da tipologia empreendida. Os fenômenos de fato são tratados de acordo com a hierarquia categorial posta, o que não acontece com outros autores. Em seu texto de 1992, por exemplo, Melo inclui outros dois gêneros em sua classificação: serviço e enquête (vistos como participantes do conjunto dos gêneros informativos). O termo serviço, contudo, diferentemente de “enquête”, não corresponde a um gênero específico, mas a um variado grupo de gêneros que inclui, entre outros, o roteiro, a previsão de tempo e os indicadores. Serviço, com base nesta concepção tipológica, deveria compor uma categoria superior e não um gênero ou a enquête deveria ser um tipo específico e não um gênero (nesse caso, se entendido como uma categoria superior). Esta flutuação do termo gênero dentro da categoria é visível também em outros trabalhos, tanto na própria classificação quanto na discussão dos fenômenos, como se pode visualizar em Dias et al. (1998) e J. Medina (2001).

Na literatura recente dos congressos da área de comunicação, aparecem estas duas novas classificações (DIAS et al., 1998; MEDINA, J., 2001). A primeira delas (quadro 3) é bastante sofisticada quanto ao número de subdivisões hierárquicas de que dispõem para explicar os gêneros do jornal. Não há coerência suficiente, contudo, na proposição das categorias, nem consistência quanto ao modo como tais subdivisões são operacionalizadas. Dentro da subdivisão denominada categoria, os itens jornalismo, propaganda e educação podem ser entendidos como atividades ou campos de atividades sociais, mas entretenimento não pode ser entendido deste modo, pois é um traço de muitas atividades em vários campos sociais. Do mesmo modo, na coluna dos gêneros, há fenômenos de naturezas diversas: 1) os itens informar, interpretar, etc., podem ser vistos, em um sentido geral, como funções da linguagem relacionadas aos gêneros; 2) os itens comercial e legal podem ser vistos como campos sociais em que os gêneros circulam; 3) os itens ideológico, formal e ficcional correspondem a traços de conteúdo relacionados aos usos da linguagem; e 4) os itens jogos e passatempos são conjuntos de gêneros. Tanto na coluna identificada como gênero quanto na identificada como formato, se podem ver gêneros gerais (jogo, HQ, propaganda). Na coluna identificada como formato se podem ver tanto estes gêneros gerais quanto específicos (cotação, receita, edital). Além disso, há, nessa coluna, elementos que não acorrem como gênero, como é o caso do calhau (que pode ser visto como uma estratégia de diagramação do jornal) e da história de interesse humano (que pode ser vista mais facilmente como um tipo de reportagem).

Quadro 3
Classificação de gêneros e formatos no campo da comunicação (conf.: DIAS et al., 1998, p. 4-7).

No trabalho de J. Medina, há a utilização de um conceito de gênero de grande credibilidade entre os estudiosos que discutem este assunto: o de Bakhtin (1953). Contudo, o autor deixa de lado o núcleo do conceito bakhtiniano (a concepção de que o gênero se constitui nas atividades dos sujeitos socialmente constituídos), ao finalizar seu texto com uma classificação formal (quadro 4). Como na anterior, nesta classificação também há incoerência na proposição das categorias e inconsistência na operacionalização destas categorias.

Dos exemplos mostrados até o momento, pode-se inferir que, no campo da ciência da comunicação, há uma defasagem teórica quanto à discussão da noção de gênero. Enquanto os autores em outros campos têm tratado o gênero textual como um fenômeno de linguagem socialmente constituído (ligado a atos enunciativos ou a ações de linguagem efetivos ou efetiváveis) e tentado construir modelos explicativos da ação dos sujeitos na linguagem, no campo da comunicação, os estudos ainda se inscrevem em uma perspectiva tipologizante. É difícil depreender, nesta literatura, o que é um gênero jornalístico, bem como quais são os gêneros que compõem o jornal.

Quadro 4
Gêneros da comunicação humana (conf.: MEDINA, J., 2001).

Outro aspecto que pode ser observado na literatura da área é o de que os autores não têm procurado descrever os gêneros ou entender o modo como eles se constituem no jornal. Tanto nos trabalhos que compõem o volume organizado por Melo (1992MELO, José Marques de (Org.). Gêneros jornalísticos na Folha de S. Paulo. São Paulo: FTD, 1992.) quanto no de Chaparro (1998CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar: percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro. Santarém/PT: Jortejo, 1998.), são feitos levantamentos das ocorrências dos gêneros no jornal com a medição dos cm² que cada gênero ocupa. Estes autores, contudo, partem da concepção de que os gêneros são fixos (e não dinâmicos), não relatando dificuldades na identificação destes gêneros no jornal. Como aponta Kindermann (2002), não é fácil determinar no jornal quais textos correspondem aos gêneros notícia e reportagem, pois eles variam bastante de um caderno para outro. Possivelmente, em uma perspectiva que problematize a ocorrência do gênero no jornal, o mesmo deva acontecer com os demais gêneros. Além disso, há textos que não se inscrevem claramente dentre de qualquer gênero.

Estas tipologias, no entanto, se revelam um excelente material para um inventário dos gêneros que compõem o jornal. Os rótulos citados nestas classificações (observando-se os critérios determinados na primeira seção deste artigo) serão considerados na última seção (quanto se tentará eleger um conjunto inicial dos gêneros do jornal).

4 OS GÊNEROS CITADOS NOS MANUAIS DE ESTILO E NOS DICIONÁRIOS DE COMUNICAÇÃO

Nesta seção estão sendo consideradas as obras de referência3 3 As obras de referencia (termo da Ciencia da Informacao) sao aquelas que se destinam a uma consulta rapida, sendo organizadas, em geral, mediante verbetes ou listas de itens. Sao exemplos destas obras, os dicionarios, os almanaques, as enciclopedias, etc. que circulam no meio jornalístico (os manuais de estilo e os dicionários de comunicação). Estas obras são fundamentais para se levantar a concepção de gênero e os gêneros que circulam no meio, pois elas trazem sínteses da experiência de linguagem do grupo. No caso dos manuais de estilo (compêndios de regras e dicas que os jornais estabelecem como parâmetro para o seu funcionamento e a sua padronização) é possível se visualizar, mais ou menos de perto, a prática do meio. Quanto aos dicionários de comunicação, compõem uma síntese tanto das discussões acadêmicas quanto das práticas efetivadas no meio. Tanto os gêneros encontrados nos dicionários quanto nos manuais de estilo estão dispostos no quadro 5.

Foram analisados 2 dicionários de comunicação, o de Katz e Doria (1975KATZ, Chaim Samuel; DORIA, Francisco Antônio. Dicionário básico de comunicação. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.) e o de Rabaça e Barbosa (1995). O primeiro deles é de natureza essencialmente teórica. Contempla inúmeros campos do conhecimento relacionados à comunicação, não trazendo, contudo, qualquer verbete relacionado às práticas profissionais. Não traz, portanto, conteúdos relacionados nem à linguagem que circula no meio jornalístico (registro lingüístico, gírias, termos técnicos) nem às práticas de linguagem (gêneros). Não revela utilidade para os propósitos do presente trabalho.

Quanto ao dicionário de Rabaça e Barbosa, embora não traga um verbete específico sobre gênero, discorre sobre inúmeras práticas de linguagem dos vários meios sociais relacionados à comunicação. Os verbetes deste dicionário se remetem a 23 campos temáticos que incluem áreas disciplinares (lingüística, teoria da comunicação), campos de atividades sociais (cinema, marketing, relações públicas), campos técnicos (recursos audiovisuais, editoração, artes gráficas). Os aspectos teóricos, sociais e técnicos, contudo, se mesclam nos verbetes, podendo-se perceber, em termos gerais, uma orientação mais prática que teórica. Pode-se visualizar, nestes verbetes, pelo menos 4 grandes centros de interesses, que se consubstanciam como:

  • a) termos técnicos relacionados à estrutura e ao funcionamento dos aparelhos pertinentes às áreas arroladas (angulagem, lente, antena, refletor);

  • b) termos técnicos relacionados ao ambiente e às práticas profissionais das áreas arroladas (animação, afiliada, ao vivo, apelo, alcear, brochura, brinde, caixa alta, download);

  • c) termos relacionados às gírias, aos registros lingüísticos e aos gêneros textuais, próprios das várias áreas arroladas (foca, barriga, caco, bolacha, boneca, cafofo, canja, chicote, notícia, dissertação); e,

  • d) termos relacionados às teorias de comunicação e de linguagem, que privilegiam a explicação dos objetos teoricamente constituídos (afasia, ambigüidade, ruído, código, signo, emissor).

Embora os autores raramente empreguem a palavra gênero, pode-se levantar, de acordo com o conceito aqui empregado, 188 candidatos a gêneros nas diversas áreas de comunicação arroladas no dicionário. Deste conjunto, 64 são termos relacionados especificamente às práticas de linguagem que giram em torno do jornal e estão arrolados no quadro 5 (com exceção dos que estão grifados, que só aparecem nos manuais de estilo). Este quadro foi construído a partir do critério de centralidade da função do gênero no jornal, e os gêneros foram dispostos em categorias conforme o esboço da organização do jornal apresentado em Bonini (2001______. Em busca de um modelo integrado para os gêneros do jornal. 2001. In: VASCONCELOS, Sílvia I. C. C. de. (Org.) Discursos midiáticos e ensino: diálogos (im)pertinentes. (Título provisório; livro em preparação)). Desse modo temos as seguintes divisões:

  • a) gêneros da atividade jornalística - são aqueles que estão presentes no ambiente de produção do jornal;

  • b) gêneros do jornal - são aqueles que ocorrem no jornal;

  • c) gêneros centrais no jornal - são aqueles que estão diretamente relacionados à organização e aos principais objetivos sociais/ comunicacionais do jornal (relatar, prever e analisar acontecimentos);

  • d) gêneros centrais presos - são aqueles que estruturam o jornal;

  • e) gêneros centrais livres - são aqueles que fazem o jornal funcionar;

  • f) gêneros centrais livres autônomos - embora também possam se mesclar, são os que mais comumente acontecem como unidades textuais independentes ou predominantes em um bloco de textos;

  • g) gêneros centrais livres conjugados - ocorrem, em geral, como apêndice dos gêneros autônomos, principalmente da reportagem; e,

  • h) gêneros periféricos - estão relacionados a propósitos sociais/ comunicacionais que incidem sobre o jornal, como os de promover produtos e pessoas, divertir, educar, cumprir normas legais, contratar pessoal, etc.

Estas divisões não são entendidas como categorias que explicam o gênero diretamente, mas o processo social e de linguagem em que ele está envolvido. Tenta-se, desse modo, descrever o gênero pelo modo como ele funciona no jornal..

A noção de gênero como objeto de linguagem não aparece explicitamente no dicionário de Rabaça e Barbosa. Em geral os aspectos de linguagem relacionados aos rótulos (nos quais estou vendo possibilidades de gêneros) são tratados como parte da prática nos meios citados ou não são tratados. Um caso exemplar é o do verbete reportagem, onde aparece a seguinte definição: “Conjunto de providências necessárias à confecção da notícia jornalística: cobertura, apuração, seleção dos dados, interpretação e tratamento, dentro de determinadas técnicas e requisitos de articulação do texto jornalístico informativo” (Rabaça e Barbosa, 2001, p. 638). Este exemplo, como já apontei acima na discussão da literatura acadêmica, mostra, novamente, que os gêneros (principalmente a notícia, a reportagem e a nota) são entidades vagas no meio jornalístico e, por isso, de difícil caracterização teórica e prática.

Os manuais de estilo analisados foram os dos jornais: O Estado de S. Paulo, O Globo, Zero Hora, e Folha de S. Paulo. Em nenhum deles aparece um verbete específico sobre gênero ou gêneros jornalísticos. O manual da Folha de S. Paulo, contudo, dedica bastante espaço à explicação e/ou regulação das práticas de linguagem, aplicando o conceito de gênero de forma pertinente, como se pode observar no verbete resenha: “Gênero jornalístico que consiste em resumo crítico de livro. Deve ser informativo, dando ao leitor uma idéia do conteúdo da obra e de quem é seu autor, mas também exige que se emita opinião sobre a qualidade. Sempre assinada” (p. 107). Este manual também traz em seu índice remissivo o termo gênero jornalístico, arrolando os seguintes gêneros: análise, feature, artigo, crônica, crítica, matéria, resenha. Dois destes termos, contudo, “feature” e “matéria” não correspondem claramente a gêneros, mostrando mais uma vez que não é fácil apontar os gêneros do jornal, mesmo em uma pequena lista. Vejamos o que cada um destes manuais traz quanto aos propósitos do presente artigo.

O manual do jornal Zero Hora, em seus 3 capítulos (ética, redação, estilo), não contribui para o que se busca responder neste artigo. Trata, no primeiro capítulo, das relações entre jornal/jornalista e sociedade e, nos outros dois, de questões pontuais de língua e linguagem, sem se remeter às práticas discursivas.

Quadro 5
Gêneros relacionados ao jornal arrolados nos manuais de estilo (Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, O Globo) e no dicionário de comunicação de Rabaça e Barbosa.4 4 Os itens em negrito so foram encontrados no dicionario e os grifados, somente nos manuais de estilo.

São, em geral, dicas, por exemplo, de como grafar os graus de temperatura, as siglas, ou de como fazer uma boa introdução de texto. Pode, contudo, ser útil para pesquisas que busquem entender certos mecanismos do jornal, como a cartola e as legendas, bem como para a interpretação do funcionamento de alguns raros gêneros que são citados, como a entrevista pingue-e-pongue.

O manual de O Estado de S. Paulo não é muito diferente do primeiro. Está orientado para as questões de norma padrão do português, mas se configura mais como um catálogo de erros (ou problemas possíveis) do que como um aparato de normatização. Não comenta os gêneros e, quando o faz, geralmente não trata dos aspectos de textualização. Não traz, também, itens relativos ao jargão jornalístico (talvez pela preocupação com a audiência externa ao jornal, principalmente alunos e professores de língua que também utilizam o manual). É o que mais se fixa nas questões de norma lingüística.

O manual de O Globo traz uma seção denominada tipos de texto, mas a maioria dos tipos citados não corresponde a gêneros. Não descreve o jargão jornalístico. Como o manual do Estado de S. Paulo, também não mostra preocupação com a normatização, sendo, neste caso, também uma espécie de catálogo de erros. O conteúdo mais saliente é o de norma lingüística.

Diferente dos demais, o manual da Folha de S. Paulo é claramente normatizador quanto ao modo como o trabalho deve ocorrer no jornal. Talvez por este fato de ser concebido exatamente como um guia do jornal é que este manual descreva, em maior riqueza de detalhes, as práticas jornalísticas. Trabalha com três núcleos de conteúdo: a norma lingüística, os aspectos de textualização dos gêneros jornalísticos, e os aspectos técnicos do trabalho no jornal. Ao descrever os aspectos técnicos, revela o jargão jornalístico. Trabalha com a noção de gênero, como já se disse acima, geralmente aplicando-a, de fato, a gêneros existentes.

Nas análises destes manuais, os verbetes que estavam relacionados à linguagem no campo do jornal foram categorizados como: 1) orientações gerais do jornalismo (opinativo, informativo, interpretativo, etc.); 2) gêneros do jornal (notícia, crítica, chamada, perfil, etc.); 3) categorias do texto jornalístico (chapéu, manchete, texto legenda, etc.); e 4) jargão jornalístico. Estas distinções foram feitas para se poder ter mais clareza quanto os itens que poderiam figurar como gêneros. Em muitos casos esta seleção não foi muito fácil, especialmente em relação aos termos balão de ensaio, flash, gaveta, press clipping, press kit, press release, rumor, sub-retranca e suíte. Tais termos têm relações imediatas com os gêneros, mas não parecem, na perspectiva em que os analisei, ser exatamente gêneros, mas mecanismos relacionados ao funcionamento dos gêneros. É o caso, por exemplo, da suíte que designa o relato dos desdobramentos de um fato e que, neste sentido, pode ser um mecanismo da notícia ou da reportagem, mas não um outro gênero. É preciso que sejam estudados futuramente, talvez até como uma forma de ampliar o poder explicativo das teorias de gênero ora vigentes. Em todo caso, cheguei, com esta análise, a uma lista dos termos que mais claramente podem designar gêneros em efetiva circulação no jornal. Esta lista está exposta no quadro 5 (com exceção dos termos que estão em negrito).

5 FECHANDO O CENÁRIO

Ao acrescentar os rótulos colhidos na literatura acadêmica ao quadro 5, obtive um inventário inicial dos gêneros que circulam no ambiente do jornal (quadro 6). Os rótulos presentes neste quadro, em alguns casos, são hipóteses de gêneros, pois não fica claro como eles são investidos textualmente e se de fato existem na comunicação cotidiana dos jornalistas. Em todo caso, é um inventário que se mostra como possibilidades de pesquisas e de atividades de ensino.

Quadro 6
Gêneros relacionados ao jornal arrolados nos manuais de estilo, nos dicionários de comunicação e na literatura acadêmica da área de comunicação.5 5 Os itens em negrito so foram encontrados no dicionario, os grifados, somente nos manuais de estilo e os com duplo grifo, somente na literatura academica.

Existem, entre os rótulos arrolados no quadro 6, alguns que são particularmente de difícil explicação. O caso da nota e do obituário. São gêneros distintos ou o mesmo gênero com especificidades? Outro caso é o da distinção entre artigo, análise, comentário e editorial. De certo modo, são todos tipos de artigos, embora com especificidades que, talvez, lhes possam garantir o status de gênero. Alguns autores como Chaparro (1998CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar: percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro. Santarém/PT: Jortejo, 1998.), contudo, não colocam o comentário como um gênero específico, e Coelho (1992COELHO, Marco Flávio Simões. Comentário. In: MELO, José Marques de (Org.). Gêneros jornalísticos na Folha de S. Paulo. São Paulo: FTD, 1992., p. 75) diz que: “a noção de ‘comentário’ não é precisa dentro das empresas jornalísticas”. Além disso, quando tentamos dizer se um texto está investido do comentário ou da análise, não alcançamos critérios suficientes (e isso se complica ainda mais em cadernos como o de economia).

É importante também se considerar aqui os rótulos listados na literatura da área, mas que não entraram no inventário exposto no quadro 6, porque, embora não estejam sendo considerados como gêneros neste momento, eles podem ser objetos de pesquisas (e de interessantes reflexões). Do modo como estão sento interpretados na presente pesquisa, são eles:

  • a) coluna - é um espaço no jornal onde circulam vários gêneros;

  • b ) h i s t ó r i a d e i n t e r e s s e h u m a n o , h i s t ó r i a c o l o r i d a e reportagem em profundidade - são aspectos relativos à reportagem, mas não tipos ou subtipos da reportagem;

  • c) opinião ilustrada e opinião do leitor - correspondem ao artigo. Embora estes termos enfatizem a presença de enunciadores outros que não o jornalista (o especialista e o leitor comum), não parece, a princípio, que isto provoque a existência de outros gêneros, ou pelo menos não são traços marcados no meio jornalístico;

  • d) título - não perfaz uma unidade textual, podendo ser visto mais como um aparato do texto (alguns textos têm título, outros não). Muitos desses aparatos, contudo, têm algum status de gênero;

  • e) ombudsman - outro tipo de artigo (ou não?) em que só muda o tipo de enunciador;

  • f) propaganda comercial, institucional, legal, governamental, comunitária, corporativa, social, funerária, política, religiosa, ineditorial - são denominações gerais de atividades de linguagem que ocorrem mediante vários gêneros específicos como o “santinho político”. O termo geral “propaganda” está sendo considerado no inventário, mas, ainda assim, fica a dúvida quando a sua existência, de fato, com um gênero;

  • g) novela - só ocorre no jornal (mas já é rara) na forma de folhetim;

  • h) jogo - corresponde a uma categoria ampla. No jornal são publicados alguns como a dama e o xadrez;

  • i) HQ - corresponde a uma categoria ampla. No jornal são publicadas as tiras;

  • j) Encarte - é provável que ocorram vários tipos de encartes no jornal. Pode ser gênero ou suporte (embora esta divisão também não seja muito simples);

  • k) agendamento, orientação útil e campanha - não fica claro como estes rótulos se manifestam como texto/enunciado.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do que foi discutido até o momento podemos tirar duas conclusões. A primeira delas é a de que a literatura da área de comunicação, em sua maioria, trabalha com um conceito de gênero já ultrapassado em outros campos do debate acadêmico. A metodologia aristotélica (com tipologias abstratas) oferece poucas respostas quanto à compreensão de objetos de linguagem em meios sociais específicos.

A segunda conclusão é a de que esta literatura oferece uma rica quantidade de rótulos relativos aos gêneros e às atividades com gêneros, embora se tenha que desenvolver critérios de seleção para escolher com quais se quer trabalhar. O critério central utilizado na presente pesquisa é o de direcionar o olhar teórico para a relação entre o sujeito socialmente constituído (no caso o jornalista) e sua linguagem (os gêneros).

O inventário produzido, nesta etapa, não obstante a sua natural incompletude, se revela um quadro prenhe de indagações científicas e um orientador para as pesquisas sobre gênero no campo do jornal.

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  • 1
    O termo "hipergenero" e apresentado em Bonini (2001) e discutido em maior profundidade em (2003b). Entendo por hipergenero os suportes de generos que sao, ao mesmo tempo, generos que se compoem a partir de outros generos, como e o caso dos jornais, das revistas, de varios tipos de home-pages.
  • 2
    O fato de esses manuais nao discutirem a nocao de genero deve-se, talvez, ao fato de serem escritos em um momento anterior ao incremento do debate sobre este tema.
  • 3
    As obras de referencia (termo da Ciencia da Informacao) sao aquelas que se destinam a uma consulta rapida, sendo organizadas, em geral, mediante verbetes ou listas de itens. Sao exemplos destas obras, os dicionarios, os almanaques, as enciclopedias, etc.
  • 4
    Os itens em negrito so foram encontrados no dicionario e os grifados, somente nos manuais de estilo.
  • 5
    Os itens em negrito so foram encontrados no dicionario, os grifados, somente nos manuais de estilo e os com duplo grifo, somente na literatura academica.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Set 2024
  • Data do Fascículo
    Jul-Dec 2003

Histórico

  • Recebido
    05 Jun 2003
  • Aceito
    17 Jul 2003
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