Neste trabalho analisamos o discurso de gramáticas contemporâneas do português brasileiro assinadas por linguistas, tendo em vista identificar efeitos de sentido produzidos acerca da língua objeto de descrição e sua relação com o discurso da gramática tradicional e da linguística. Utilizamos um corpus de seis gramáticas publicadas a partir dos anos 2000, tomando-as enquanto política de língua - espaços simbólicos de constituição e des/legitimação de sentidos. O trabalho se inscreve no âmbito dos estudos sobre a gramatização brasileira e da Análise de Discurso, focalizando prefácios e apresentações das gramáticas selecionadas, nos quais identificamos a constituição de efeitos polêmicos relativos às divisões português do Brasil/português de Portugal, língua falada/língua escrita e língua culta/língua popular. Também constatamos que a posição dos linguistas-gramáticos se constitui como um lugar de tensão discursiva tanto em relação à posição do linguista quanto do gramático tradicional.
Gramatização brasileira; Gramáticas de linguistas; Política de língua(s); s