Open-access AVANÇOS E DESAFIOS DA OBRA DE SCHNEUWLY & DOLZ (2004) HOJE: APRESENTAÇÃO DE DOSSIÊ TEMÁTICO

ADVANCES AND CHALLENGES OF SCHNEUWLY & DOLZ’S (2004) WORK TODAY: THEMATIC DOSSIER INTRODUCTION

AVANCES Y DESAFÍOS DE LA OBRA DE SCHNEUWLY & DOLZ (2004) HOY: PRESENTACIÓN DE DOSSIER TEMÁTICO

Resumo

Em 2024, comemoram-se vinte anos da publicação de Gêneros Orais e Escritos na Escola, de Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz, com tradução e organização de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. O impacto dessa obra no Brasil foi significativo, especialmente no ensino de língua portuguesa, produção textual, oralidade, multimodalidade e formação docente. A proposta de sequências didáticas influenciou tanto a construção de currículos quanto práticas pedagógicas, além de inspirar uma ampla produção acadêmica. Este dossiê temático, que propõe reflexões sobre o legado da obra, reúne pesquisas sobre os avanços e desafios no ensino de gêneros textuais no Brasil, destacando suas inovações metodológicas e sua importância para a educação brasileira.

Palavras-chave: Gêneros textuais; formação docente; sequências didáticas

Abstract

In 2024, we will celebrate the twentieth anniversary of the publication of Gêneros Orais e Escritos na Escola [Oral and Written Genres in School] by Bernard Schneuwly and Joaquim Dolz, translated and organized by Roxane Rojo and Glaís Sales Cordeiro. This work has significantly impacted Brazil, notably in Portuguese language teaching, textual production, orality, multimodality, and teacher education. The proposal for didactic sequences has influenced curriculum development and pedagogical practices and has inspired a broad academic output. This thematic dossier invites reflections on the legacy of the work and brings together research on the advancements and challenges in teaching textual genres in Brazil, highlighting its methodological innovations and its importance for Brazilian education.

Keywords: Textual Genres; Teacher Education; Didactic Sequences

Resumen

En 2024, se celebran veinte años de la publicación de Gêneros Orais e Escritos na Escola [Géneros Orales y Escritos en la Escuela] de Bernard Schneuwly y Joaquim Dolz, con traducción y organización de Roxane Rojo y Glaís Sales Cordeiro. El impacto de esta obra en Brasil ha sido significativo, especialmente en las áreas de enseñanza de la lengua portuguesa, producción textual, oralidad, multimodalidad y formación docente. La propuesta de secuencias didácticas influyó tanto en la construcción de currículos como en las prácticas pedagógicas, además de inspirar una amplia producción académica. Este dossier temático, que propone reflexiones sobre el legado de la obra, reúne investigaciones sobre los avances y desafíos en la enseñanza de los géneros textuales en Brasil, destacando sus innovaciones metodológicas y su importancia para la educación brasileña.

Palabras clave: Géneros textuales; Formación docente; Secuencias didácticas

1 INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Em 2024 completam-se vinte anos da publicação no Brasil, pela editora Mercado de Letras, da obra Gêneros Orais e Escritos na Escola, de autoria de Bernard Schneuwly, Joaquim Dolz e colaboradores, e tradução e organização de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Gêneros Orais e Escritos na Escola teve um impacto quase imediato desde sua publicação no Brasil no início do presente milênio, tanto no desenho das bases curriculares e na metodologia do ensino da língua portuguesa como na abordagem de diversas áreas de pesquisa acadêmica: linguística do texto, gêneros de texto, ensino da produção textual, da leitura, da oralidade e da multimodalidade, didática dos multiletramentos, engenharia didática, educação literária e formação docente. Tendo o procedimento de sequências didáticas como uma referência na didática das línguas no Brasil nos indagamos: Qual foi o impacto real dos conceitos e procedimentos nas práticas de ensino do professorado? Como contribuiu no desenvolvimento da leitura e da escrita? Que suportes e ferramentas foram aportados para instrumentalizar o trabalho do professorado? Os vinte anos de existência simbolizam a maioridade cronológica da obra: a maturidade intelectual das propostas de ensino, de pesquisa e de formação. Assim sendo, podemos realizar o balanço e a evolução das áreas de trabalho mencionadas e as ações que se desenvolveram. E, sobretudo, conhecer, no momento atual, as inovações no âmbito nacional voltadas ao contexto escolar, acadêmico e de formação do professorado. Por que o livro de autoria de Schneuwly e Dolz (2004) continua sendo uma referência nos estudos brasileiros? Que seguimento têm hoje os trabalhos ancorados na didática genebrina das línguas?

Convém primeiramente introduzir e situar o momento e as circunstâncias da elaboração e da publicação do livro para compreender o impacto ulterior das propostas teóricas e metodológicas. Desde os anos oitenta do século passado a equipe genebrina, então dirigida por Jean-Paul Bronckart, estava comprometida com a elaboração de um campo disciplinar novo, dedicado à compreensão e à difusão dos saberes linguísticos e das práticas da língua na sociedade, e, mais particularmente, na escola (ver as publicações reunidas por Bronckart, 2000). Em Genebra, por influência piagetiana, falava-se anteriormente em “pedagogia das línguas” e se considerava uma disciplina com duas referências complementares à psicologia genética de Piaget e às ciências da linguagem. Nos anos 1990, Bronckart reorientou suas pesquisas à linguagem no trabalho. Ao mesmo tempo, Schneuwly e Dolz centraram suas investigações na didática do francês, com pesquisas sobre o sistema de ensino e aprendizagem na escola, que eram focadas na experimentação de novos dispositivos didáticos em sala de aula, em particular as sequências didáticas.

O ponto de partida foi um mandato conferido para renovar o ensino do francês na escola, pela Conferência Intercantonal de Instrução Pública da Suíça Francófona e do Ticino (CIIP). Tratava-se de uma iniciativa importante para desenvolver conceito e respectivos meios e procedimentos de ensino para a produção oral e escrita em francês nos cantões de fala francesa da Suíça, com meios financeiros consideráveis para o desenvolvimento de sequências didáticas nos quatro ciclos do ensino obrigatório. Essa iniciativa implicou uma colaboração entre pesquisadores e professores em direção a uma avaliação dos dispositivos didáticos propostos para o ensino de diferentes gêneros de texto. Os resultados desse trabalho foram publicados em quatro volumes de sequências didáticas para o oral e para a escrita (S’exprimer en français: séquences didactiques pour l’oral et pour l’écrit, em francês), de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2001), trabalho de pesquisa de engenheira didática que inspirou os artigos reunidos na obra de 2004 publicada no Brasil.

Em segundo lugar, temos de recordar e destacar a responsabilidade das autoras e tradutoras de Gêneros Orais e Escritos na Escola, que permitiram uma adaptação das pesquisas ao contexto brasileiro. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro conheciam perfeitamente o contexto sócio-histórico brasileiro e as necessidades educativas do país, e souberam escolher e ordenar as pesquisas selecionadas numa obra coerente, que é ainda hoje considerada uma excelente entrada para conhecer os conceitos mobilizados e as propostas genebrinas. Durante o período de desenvolvimento dos trabalhos mencionados, Roxane Rojo e Glaís Sales Codeiro viajaram à Suíça e, posteriormente, reuniram os artigos científicos dos pesquisadores genebrinos publicados entre 1980 e 2001 nessa coletânea, dando prioridade às lentes teórico-metodológicas para a realização do trabalho dos professores na sala de aula. Nesse esforço, em que se destaca o rigor da tradução do francês ao português, as organizadoras enfatizaram o conceito de gênero de texto como unidade para o ensino da expressão, o procedimento de ensino, a sequência didática, o papel dos instrumentos de trabalho do professor, a organização da progressão curricular e a metodologia de pesquisa da engenharia didática.

O interesse da obra também se manifestou na elaboração das novas bases curriculares, na elaboração de livros didáticos, nos diferentes programas da Olimpíada de Língua Portuguesa: Escrevendo o Futuro1, a partir de 2008, e no elevado número de pesquisas sobre letramento na perspectiva da linguística aplicada e das ciências da educação.

2 A FINALIDADE E A RELEVÂNCIA DA OBRA PARA A LINGUÍSTICA APLICADA BRASILEIRA

Na apresentação do livro, em 2004, Rojo e Cordeiro justificaram a organização do trabalho para “concretizar para os professores e formadores de professores um encaminhamento ou procedimento possível para o ensino de gêneros selecionados pelo projeto da escola” (2004, p. 12). A primeira parte do livro, intitulada Os gêneros do discurso e a escola, foi concebida para discutir as dúvidas mais básicas dos professores: “Por que trabalhar com gêneros e não com tipos de textos? Em que esses trabalhos e esses conceitos são diferentes?”; “O que é gênero de texto? Como entender a noção?”; “Que gêneros selecionar para o ensino e como organizá-los ao longo do currículo? Como pensar progressões curriculares?”; “Deve-se trabalhar somente com os gêneros de circulação escolar? Somente com os de circulação extraescolar? Com ambos? Quais são os mais relevantes em cada caso?”.

A segunda parte do livro, intitulada Planejar o ensino de um gênero, procura fornecer instrumentos fundamentais para os professores pensarem e planejarem o ensino de gêneros específicos e, especialmente, a noção de sequência didática, além de um documento do procedimento geral utilizado no planejamento e na preparação dos materiais de ensino, a modelização didática.

A terceira parte do livro, intitulada Propostas de ensino de gêneros, é dedicada ao modo de organizar o ensino de gêneros específicos; aí se encontram procedimentos para a elaboração de sequências ou planejamentos para sua aplicação.

É possível identificar este diálogo imprescindível: as pesquisas acadêmicas realizadas nas universidades geram conhecimentos e resultados fundamentais para a formação inicial e continuada de professores. Essas referências subsidiam também as políticas públicas educacionais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Base Nacional Comum Curricular, o Programa Nacional do Livro Didático e outras normas federais, estaduais e distritais. As políticas públicas, por sua vez, influenciam a estruturação dos livros didáticos, ao determinar, por meio de editais de seleção, a organização e os conteúdos a abordar. Ao mesmo tempo, programas como a Olimpíada de Língua Portuguesa também inspiram e são inspirados pelas políticas educacionais e enriquecem a formação de professores. Assim, há uma relação simbiótica: os livros didáticos não apenas enriquecem a formação inicial e continuada dos professores, servindo como referência organizacional e pedagógica, mas também são enriquecidos pelas práticas de formação e pelas políticas públicas que regulamentam o sistema educacional. Esse ciclo virtuoso demonstra como a interação entre pesquisa, política educacional e prática pedagógica pode promover avanços significativos na qualidade da educação no Brasil.

Alguém joga uma pedra no lago, a água se agita, se eleva e se espalha formando uma onda, um movimento sinuoso; outras pessoas jogam outras pedras, até que as ondas vão se encontrar. E é exatamente isso que pode ser constatado com os diversos impactos das propostas da obra. Schneuwly e Dolz jogaram uma pedra em Genebra, e essa grande pérola preciosa gerou ondas que agitaram os mares brasileiros.

3 POSSÍVEIS ENCAMINHAMENTOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após vinte anos de publicação de Gêneros Orais e Escritos na Escola, pretendeu-se reunir pesquisas e pesquisadoras e pesquisadores que também foram impactados pela publicação das propostas de Dolz e Schneuwly (2004). Além disso, esperou-se (re)conhecer novos projetos de (res)significação do fazer docente, diante dos desafios do ambiente de ensino-aprendizagem de língua(s) e da necessidade de incorporação do ensino de leitura e escrita em espaços de comunicação e de significados multimodais, além da adequação do ensino às necessidades atuais. São questões que, em nosso entender, são importantes para abordar o ensino e a aprendizagem da expressão oral e escrita na escola ainda hoje.

Assim, este dossiê congrega trabalhos realizados no contexto escolar, universitário e de formação de professores e professoras que refletem sobre os avanços/impactos do livro na educação brasileira. Trata-se de delinear desafios que possam ser superados nos próximos anos. O objetivo do dossiê foi congregar artigos, relatos de experiências, estratégias teórico-metodológicas que tiveram por influência as ideias de Schneuwly, Dolz e colaboradores.

Dito isso, o presente dossiê temático compõe-se de três partes que, em conjunto, exploram o impacto e a relevância de “Gêneros Orais e Escritos na Escola” no cenário educacional brasileiro, refletindo sobre a formação docente e as práticas pedagógicas em torno dos gêneros textuais.

Parte I: Gêneros orais e escritos no contexto escolar

A primeira parte reúne cinco artigos que abordam questões relativas aos gêneros orais e escritos na escola. Em Gêneros orais e escritos na escola: trajetórias e diálogos entretecidos (Carnin; Guimarães, 2024), Anderson Carnin e Ana Maria de Mattos Guimarães convidam os leitores a revisitar a recepção e o impacto da obra clássica de Schneuwly e Dolz, analisando como o conceito de gêneros de texto e sua didatização, ao longo de duas décadas, influenciaram o desenvolvimento acadêmico e profissional de pesquisadores da Linguística Aplicada, especialmente no sul do Brasil. O estudo destaca como a teoria foi retextualizada para responder aos desafios locais, apontando avanços significativos na formação docente e nas práticas pedagógicas.

No artigo Gêneros textuais e formação docente: contribuições dos grupos ALTER-AGE e ALTER-FIP (Lousada; Abreu-Tardelli, 2024), Eliane Gouvea Lousada e Lilia Santos Abreu-Tardelli discutem o papel dos gêneros textuais na formação de professores, destacando os desafios que os docentes enfrentam ao planejar e implementar o ensino desses gêneros. Os estudos desses grupos de pesquisa ilustram a importância da dimensão interpessoal no trabalho docente, propondo estratégias inovadoras e dispositivos didáticos que podem ajudar os educadores a superarem obstáculos e a promoverem um ensino mais eficaz de gêneros multimodais.

Luzia Bueno, Tania Magalhães, Letícia Storto e Débora Costa-Maciel, em Análises de gêneros orais: tecendo articulações a partir de Marcuschi eDolz e Schneuwly (Bueno et al., 2024), articulam os estudos de Marcuschi e os princípios didáticos de Dolz e Schneuwly. Com uma análise detalhada de quatro gêneros orais, as autoras propõem um quadro analítico que visa não apenas a apoiar o ensino da oralidade nas escolas, mas também a fornecer subsídios para a elaboração de materiais didáticos e práticas pedagógicas eficazes.

O artigo Gêneros orais e escritos e potencialidade argumentativa: possibilidades de intervenção didática em contexto escolar, de Rosalice Pinto e Carla Teixeira (Pinto; Teixeira, 2024), explora o potencial argumentativo de gêneros textuais orais e escritos, destacando a relevância da argumentação na formação de cidadãos críticos e participativos. Por meio de uma metodologia inovadora voltada para alunos do 8º e 11º anos em Portugal, as autoras propõem uma intervenção didática que visa a desenvolver competências argumentativas de forma interativa e atrativa.

Por fim, Potencial das capacidades de significação na transposição didática em material da Olimpíada de Língua Portuguesa, de Vera Lúcia Lopes Cristovão e Eliana Merlin Deganutti de Barros (Cristovão; Barros, 2024), investiga o processo de transposição didática do gênero artigo de opinião no contexto da Olimpíada de Língua Portuguesa. As autoras analisam como as atividades favorecem o desenvolvimento de capacidades de significação, tornando os alunos leitores e produtores mais críticos desse gênero, e ressaltam a importância da sequência didática na construção de um pensamento crítico e reflexivo.

Parte II: O impacto da obra na formação e na pesquisa

A segunda parte do dossiê destaca o impacto de Gêneros Orais e Escritos na Escola na formação docente e na pesquisa em gêneros textuais, apresentando três contribuições que refletem sobre as práticas e teorias relacionadas ao ensino da oralidade e da escrita no contexto educacional.

No artigo A formação docente para o ensino de gêneros de texto orais na aula de português (Gomes; Leurquin; Tavares, 2024), Rosivaldo Gomes, Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin e Paula Francineti de Araujo Tavares discutem as contribuições teóricas de Joaquim Dolz para o ensino de gêneros orais. Através do conceito de engenharia didática e da mobilização de sequências didáticas, os autores analisam documentos oficiais e pesquisas recentes, revelando que a exploração da oralidade em sala de aula ainda é limitada, e que as sequências didáticas carecem de um foco mais aprofundado na avaliação e na regulação. O artigo enfatiza a necessidade de uma formação docente robusta e fundamentada na teoria para a promoção eficaz dos gêneros orais.

Gustavo Lima e Juliana Zani, em Da fábula escrita à fábula teatralizada: processos de retextualização em um minicurso para professores (Lima; Zani, 2024), exploram a transformação de uma fábula escrita em uma fábula teatralizada. A pesquisa revela como elementos não-linguísticos, como gestos e recursos visuais, enriquecem a produção teatral, destacando a importância de integrar diferentes formas de expressão no ensino e a necessidade de ajustes específicos na transição entre modalidades.

Por fim, em O que a historicidade dos textos pode acrescentar ao ensino dos gêneros orais e escritos (Gomes; Zavan, 2024), Valéria Severina Gomes e Aurea Zavam investigam a historicidade dos textos e sua relevância na formação de práticas pedagógicas. Os autores defendem que a interface entre as tradições discursivas e o Interacionismo Sociodiscursivo proporciona uma abordagem rica, integrando aspectos históricos ao ensino de gêneros e permitindo uma compreensão mais ampla das práticas de linguagem e de suas evoluções ao longo do tempo.

Parte III - Legados

A parte final do dossiê é marcada pela reflexão sobre o legado de Gêneros Orais e Escritos na Escola. Em primeiro lugar, apresenta-se a entrevista 20 anos da publicação de ‘Gêneros Orais e Escritos na Escola’ no Brasil, realizada por Kleber Aparecido da Silva e Paula Cobucci (Dolz; Silva; Cobucci, 2024). Nesta conversa, Dolz reflete sobre sua trajetória e suas contribuições para a educação brasileira, destacando a importância da parceria entre a Escola de Genebra e o Brasil. A entrevista explora as implicações da obra na prática docente, nas metodologias de ensino de línguas e na pesquisa acadêmica, celebrando duas décadas de impacto que o trabalho de Dolz teve no cenário educacional brasileiro.

Em segundo lugar, Glaís Sales Cordeiro nos brinda com Duas décadas após Gêneros Orais e Escritos na Escola: rumos, perspectivas e desafios (Cordeiro, 2024). Neste posfácio, a autora reflete sobre o impacto da obra na educação, especialmente após a implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A pesquisa explora como a noção de gênero foi incorporada como objeto de ensino, respondendo às questões iniciais por meio da tradução de textos do Grupo de Genebra. Para ela, vinte anos depois, o presente dossiê discute como as contribuições do livro dialogam com o contexto atual da Base Nacional Comum Curricular, destacando movimentos de ressignificação que visam formar cidadãos críticos, ressaltando a importância da integração entre teoria e prática na formação docente

Enfim, tomado em conjunto, este dossiê não apenas revisita conceitos clássicos, mas também propõe novas abordagens e reflexões sobre os desafios e as possibilidades que o ensino de gêneros orais e escritos enfrenta no contexto escolar contemporâneo. A combinação das partes revela um panorama abrangente que destaca a importância da formação docente e das práticas pedagógicas integradas, reafirmando o papel dos gêneros textuais na construção de uma educação mais crítica e significativa.

Esperamos que o leitor desta edição de Linguagem em (Dis)curso encontre neste conjunto de artigos um balanço da abundante recorrência dos estudos brasileiros desenvolvidos desde 2004, uma visão do progresso realizado na pesquisa nas diferentes áreas mencionadas, protótipos de dispositivos didáticos adaptados às sequências e aos itinerários didáticos na realidade da situação das escolas brasileiras e novas metodologias de ensino e de pesquisa para consolidar a perspectiva aberta em 2004. Esperamos, sobretudo, que o leitor encontre um leque de estratégias criativas para os grandes desafios da educação no Brasil.

VINTE ANOS2 O sangue ferve A tinta de escrever segue Agora tem história Ximo Dolz 20 ANOS DE TSUNAMI SUÍÇO Pedra jogada no Lago de Genebra Ondas se formam, se encontram, se agitam Impactos profundos Paula Cobucci EFEITO BORBOLETA NOS BRASIS Borboletas bateram suas asas em Genebra E uma transformação social aconteceu nos Brasis! Kleber Aparecido da Silva

REFERÊNCIAS

  • BRONCKART, J.-P. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo. Campinas: Mercado de Letras, 2000.
  • BRONCKART, J.-P. Pourquoi et comment devenir didacticien ? Villeneuve-D’Ascq : Presses Universitaires du Septentrion, 2016.
  • BUENO, Luzia; MAGALHÃES, Tania; STORTO, Letícia; COSTA-MACIEL, Débora. Análises de gêneros orais: tecendo articulações a partir de Marcuschi, Dolz e Schneuwly. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-18, 2024. e-1982-4017-24-41.
  • CARNIN, A.; GUIMARÃES, A. M. de M. “Gêneros orais e escritos na escola”: trajetórias e diálogos entretecidos. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-20, 2024. e-1982-4017-24-39.
  • CORDEIRO, Glaís Sales. Duas décadas após gêneros orais e escritos na escola: rumos, perspectivas e desafios. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-11, 2024. e-1982-4017-24-48.
  • CRISTOVÃO, Vera Lúcia Lopes; BARROS, Eliana Merlin Deganutti de. Potencial das capacidades de significação na transposição didática em material da Olimpíada de Língua Portuguesa. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-21, 2024. e-1982-4017-24-43.
  • DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. S’exprimer en français: séquences didactiques pour l’oral et pour l’écrit. V. 1, 2, 3 et 4. Bruxelles: De Boeck, 2001.
  • DOLZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. São Paulo: Mercado de Letras, 2004. p. 95-128.
  • DOLZ, Joaquim; SILVA, Kleber Aparecido da; COBUCCI, Paula. 20 anos da publicação de “Gêneros orais e escritos na escola” no Brasil: entrevistando Joaquim Dolz. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-17, 2024. e-1982-4017-24-47.
  • GOMES Rosivaldo; LEURQUIN, Eulália Vera Lúcia Fraga; TAVARES, Paula Francineti de Araujo. A formação docente para o ensino de gêneros de texto orais na aula de português. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-15, 2024. e-1982-4017-24-44.
  • GOMES, Valéria Severina; ZAVAM, Aurea. O que a historicidade dos textos pode acrescentar ao ensino dos gêneros orais e escritos. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-17, 2024. e-1982-4017-24-46.
  • LIMA, Gustavo; ZANI, Juliana Bacan. Da fábula escrita à fábula teatralizada: processos de retextualização em um minicurso para professores. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-16, 2024. e-1982-4017-24-45.
  • LOUSADA, Eliane Gouvea; ABREU-TARDELLI, Lilia Santos. Gêneros textuais e formação docente: contribuições dos grupos ALTER-AGE e ALTER-FIP. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-14, 2024. e-1982-4017-24-40.
  • PINTO, Rosalice; TEIXEIRA, Carla. Gêneros orais e escritos e potencialidade argumentiva: possibilidades de intervenção didática em contexto escolar. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, SC, v. 24, p. 1-XX, 2024. e-1982-4017-24-42.
  • SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. São Paulo: Mercado de Letras, 2004.
  • 1
    Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/. Acesso em: 3 ago. 2024.
  • 2
    Estes textos são poetrix, gênero de texto que faz parte da pesquisa de Joaquim Dolz e Paula Cobucci. Trata-se de um gênero genuinamente brasileiro, criado pelo baiano Goulart Gomes, em 1999. O poetrix é um poema com uma estrofe com três versos (terceto) e, no máximo, trinta sílabas métricas e título. Suas características são bastante flexíveis: ele permite a produção a respeito de qualquer tema, e não existe rigor quanto à métrica ou rimas. Além disso, é um gênero minimalista, pois busca transmitir a mensagem com o menor número possível de palavras.

Editado por

  • Editores de Seção:
    Fábio José Rauen, Maria Marta Furlanetto

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Dez 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    14 Jul 2024
  • Aceito
    16 Out 2024
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