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INVESTIGANDO A UNIVERSALIDADE DE METÁFORAS PRIMÁRIAS: A PERSPECTIVA DO BUDISMO

Resumo

Nesse trabalho, examino a “Roda da Vida”, uma representação diagramática de conceitos filosóficos budistas significativos, a partir da perspectiva da metáfora conceitual (LAKOFF; JOHNSON, 1980, 1999). Conceitos abstratos que definem nossas realidades diárias (e.g. estados, causalidade, temporalidade) são definidos por alguns pesquisadores como metaforicamente construídos, e, portanto, reduzíveis a um conjunto universal de metáforas primárias (GRADY, 1997; LAKOFF; JOHNSON, 1999), enquanto outros os vêem como conhecimentos estruturados não metafóricos e culturalmente compartilhados (D’ANDRADE, 1990, QUINN, 1991). Reconhecendo a necessidade de uma testagem rigorosa da asserção universalista, preferencialmente através do uso de dados o mais distante possíveis da tradição filosófica ‘ocidental’, decidi analisar os conceitos budistas de estados de coisa, perpetuação do renascimento, e estrutura de eventos, devido a sua reducibilidade a metáforas primárias. Demonstro que, enquanto alguns conceitos budistas são redutíveis às mesmas metáforas primárias que seus correspondentes ‘ocidentais’, por outro lado, outros conceitos, particularmente a noção de causalidade, talvez sejam constituídos por conhecimentos culturalmente específicos. Concluo questionando o próprio conceito de metáfora primária, examinando até que ponto metáforas primárias supostamente universais já carregam em si preconceitos culturalmente determinados, e argumento que o ônus da defesa está com a escola Lakoffiana, que precisa justificar a suposta universalidade de experiências e julgamentos subjetivos que geram as metáforas primárias.

Palavras-chave:
Budismo; metáforas primárias; metáforas conceituais; modelos culturais

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