Resumo
Este artigo investiga por que os adeptos de certas religiões são, por vezes, tomados por uma sensação mística de que padres, pastores e líderes espíritas estão pregando direta e particularmente para seus “corações e mentes” durante missas, cultos e palestras. Sustenta-se que o uso da Interação Fictiva (IF), especificamente em Discurso Direto Fictivo (DDFic), tem papel crucial na tentativa de provocar essa sensação. Entende-se a IF como o fenômeno do uso do Frame de Conversa para estruturar pensamento, gramática e discurso (Pascual, 2014). De metodologia qualitativo-interpretativa e agregando aspectos cognitivos e interacionais, o trabalho resulta no achado de que a Interação Fictiva, como estratégia argumentativa, viabiliza deiticamente acesso a um espaço conceptual genérico, pronto para ser preenchido e instanciado pela audiência. Demonstra-se, ainda, como o DDFic oportuniza projeções dos fiéis em si mesmos e a consequente sensação de que o orador adivinha o que eles pensam/sentem.
Palavras-chave:
Cognição; Interação; Fictividade; Discurso Direto Fictivo; Argumentação