O subúrbio
Marcos Magno da Gama
Escritor
Minha primeira viagem de subúrbio (Luz até Moji das Cruzes). A primeira vez que vi e vivi por poucas horas uma subordinação de submeter-se a uma viagem de chutes, empurrões, pessoas caídas e amassadas como se fosse empilhamento de coisas quaisquer. Qualquer coisa, um simples empurrão e lá vai pro chão um dos empilhados, perdendo nos trilhos a sua única trilha. E o trem vai sem perder tempo, porque não faz conta de um desempilhado. Em volta, curiosos apenas.
Numa estação, mais entradas e nenhuma saída. Entram cada vez mais, portas não se fecham, e eu acho que nem tem porta, porque vidros das janelas não têm, no espaço desta gente amontoada.
Fim de um dia de trabalho e a exaustão com mais este trabalhão para chegar em casa. Parece que nem são casas, são um amontoado de tábuas que se vê na passagem deste trem. E às seis horas o que ainda dava vida para este amontoado já está indo embora.
O Sol.
As pessoas vivendo do precário no trabalho, nas casas, em tudo. Coisa estranha é este estar num mal-estar desta vida.
Os sonhos parecem ter de ouvir a conversa de duas moças que, via-se pelas mãos, trabalhavam em trabalho pesado. Uma ia comprar roupas novas para uma festa. A festividade pode ser um dia apenas, mas é festiva... E lá vamos nós no mexe-mexe do subúrbio.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
01 Fev 2011 -
Data do Fascículo
Dez 1985