Resumo
O principal objetivo deste artigo é revisitar as etnografias do trabalho operário, assim como os estudos de caso ampliados que, ao longo dos anos 1970 e 1980, registraram a transformação do grupo operário metalúrgico de São Bernardo em um dos mais importantes atores políticos do processo de redemocratização do país, precipitando o fim da ditadura militar e inaugurando o que alguns autores chamaram de “era das invenções democráticas”. Para tanto, inicialmente pretende-se enfocar as raízes sociais do processo de inquietação operária no tocante à relação entre o recrudescimento do despotismo fabril e os limites à negociação impostos pela regulação autoritária como catalisador do ciclo grevista que se estendeu entre 1978 e 1981. Finalmente, busca-se identificar no contexto histórico da onda grevista de fins dos anos 1970 a formação da relação social hegemônica que combinou o consentimento passivo das bases sociais com o consentimento ativo das lideranças sindicais na criação da regulação lulista dos conflitos sociais que vigorou no país entre os anos de 2003 e 2016.
Palavras-chave:
Sindicalismo; São Bernardo; Lula; Greves; Peões