Acessibilidade / Reportar erro

HELEN CALDWELL, CECIL HEMLEY E OS JULGAMENTOS DE DOM CASMURRO1 1 A pesquisa que permitiu localizar os documentos que fundamentam este artigo foi realizada na New York Public Library, em Nova York, EUA, com apoio da Tinker Foundation, e no Center for Portuguese Studies da University of California, Santa Bárbara, com apoio da Fapesp. Agradeço a Robin Hemley pela autorização para publicar as cartas de seu pai, Cecil Hemley.

Resumo

Entre setembro e dezembro de 1952, Helen Caldwell, que acabara de concluir a primeira tradução para o inglês de Dom Casmurro, e o editor Cecil Hemley, que preparava a publicação do livro pela Noonday Press, mantiveram intensa correspondência. Em meio à revisão de detalhes da tradução, expressaram também suas discordâncias em relação à interpretação até então dominante sobre o romance, lançando as bases para uma leitura alternativa da história de Bento Santiago e Capitu. Na correspondência entre Nova York e Los Angeles, formulava-se o dilema que se tornaria o maior lugar-comum produzido a partir da leitura de um texto literário no Brasil: "Afinal, Capitu traiu ou não traiu?" Tomando como base a correspondência entre Helen Caldwell e seu editor, e examinando especialmente quatro cartas traduzidas e incluídas em anexo, este artigo mostra como se forjou a interpretação que mudaria a leitura do livro e do autor mais canônicos da literatura brasileira.

Palavras-chave:
Machado de Assis; tradução; edição; recepção; Helen Caldwell; Cecil Hemley

Universidade de São Paulo - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 sl 38, 05508-900 São Paulo, SP Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: machadodeassis.emlinha@usp.br