A análise de uma conversa particular que se deu em Fiji sugere que sabemos o que é verdade basicamente por aquilo que se evidencia aos nossos olhos e aos de outras pessoas. Mesmo assim, nesse caso fijiano, a verdade não é necessariamente a priori, não é sempre dada na natureza das coisas. Em certos casos - a feitiçaria, por exemplo - o que é verdade permanece por ser descoberto. Isso também se aplica à questão de saber se as palavras e os atos de uma pesoa são ou não mana, isto é, materialmente eficazes. A idéia fijiana é que o discurso, ou mais genericamente a palavra (vosa), quando falada ou escrita, pode ser mana, eficaz, e assim aquilo que é verdade (dina) pode ser um resultado, e não algo já dado. Segundo o argumento aqui desenvolvido, por ser o mundo circundante capaz de garantir todos os significados que os seres humanos podem produzir, nossos diversos entendimentos (como antropólogos e como pessoas) são tão passíveis de análise histórica quanto os de outrem. Segue-se que o poder explanatório de nossas etnografias deve residir na operação de tornar analíticas as categorias dos informantes. Finalmente, o artigo usa material fijiano para afirmar que as idéias acerca daquilo para que serve a linguagem (sua força moral) são cruciais para se entender o que é dito, e indica a utilidade analítica do desnudamento, em cada caso específico, da ontogênese da força moral da linguagem.
Ontogênese; Conhecimento; Verdade; Mana; Feitiçaria