Com base em três casos etnográficos, a autora explora as discrepâncias, no contexto francês, entre paternidade e maternidade em seus aspectos legais e ideológicos, entre maternagem e paternagem em suas dimensões morais e afetivas, e entre diferentes aspectos dos cuidados relativos a crianças e pais idosos dependentes, abordando a questão de um ponto de vista triplo: da responsabilidade legal (quem deve pagar), das transações econômicas (quem dá e quem recebe assistência paga e não-paga) e dos sentimentos morais (sentido de vínculo natural, senso de dever, amor eletivo e sentimentos construídos no dia-a-dia). São empregados os conceitos de lares de cuidado e de linhas de sucessão para mostrar de que modo as dimensões econômicas e afetivas do parentesco estão interligadas. Por fim, a autora procura compreender por que as políticas sociais francesas criaram recentemente uma categoria de assalariado para filhas que cuidam dos pais idosos, sem que haja nenhuma categoria correspondente para mães que cuidam dos filhos.
Parentesco; Economia dos cuidados; Sentimentos; Políticas sociais