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Sistemas de classificação racial em disputa: comissões de heteroidentificação em três universidades públicas brasileiras1 1 Gostaria de expressar minha gratidão aos dois pareceristas anônimos que me levaram a afinar os argumentos do texto, ao tempo em que propiciaram a tomada de conhecimento de uma literatura internacional sobre o tema do colorismo, conceito que tem ganhado visibilidade pública cada vez maior nos EUA, onde foi forjado, bem como entre nós. Embora não compartilhe de todas as observações críticas que foram feitas nos pareceres, deixo aqui pública minha dívida com as mesmas, na medida em que me fizeram repensar algumas das minhas conclusões. Ao mesmo tempo, agradeço também a colegas com os quais venho discutindo essa temática ao longo dos últimos anos, em especial a Laura Moutinho e Antonádia Borges, pelas contribuições que elas deram aos argumentos aqui avançados. Tudo isso, contudo, não me exime das possíveis fragilidades da metodologia empregada ou das análises realizadas, que são de minha inteira responsabilidade.

Systems of racial classification in dispute: Heteroidentification committees in three brazilian public universities

Sistemas de clasificiación racial en disputa: Comisiones de heteroidentificación en tres universidades públicas brasileñas

Resumo

Nesta pesquisa procuro analisar como a introdução de comissões de heteroidentificação (CHI) nas universidades federais tem sido acompanhada de discussões sobre quem tem ou não direito às ações afirmativas, em narrativas raciais que redimensionam os sistemas de classificação por raça/cor em disputa no país. Interessa-nos neste artigo analisar o sistema inicialmente utilizado pelo Estado quando da implantação das ações de reparação para a população negra e as mudanças por que tem passado. Nessas narrativas, que ameaçam a categoria negro, duas figuras são recorrentes: o “branco fraudador” das cotas e o “pardo claro” não reconhecido como negro pelas CHI. Este artigo busca mostrar como os vários debates indicam o efeito das mudanças demográficas e simbólicas que a política de ações afirmativas tem suscitado, tanto no interior das universidades como para além delas.

Palavras-chave:
Universidade; Racismo; Sistema de classificação de raça/cor; Ações afirmativas; Comissões de heteroidentificação

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