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Um "nós" intercessor: quando a etnografia também é magia

A "we" intercessor: when ethnography is also magic

Un "nosotros" intercesor: cuando la etnografía también es magia

Resumo

O material que aqui apresento constituiu parte de minha pesquisa junto à Comunidade Kilombola Morada da Paz, situada em Triunfo/RS, formada majoritariamente por mulheres negras. As pessoas que lá residem são consideradas filhas de uma preta velha, Mãe Preta, e de um exu, Seu Sete, que guiam e orientam os caminhos da comunidade e de suas integrantes. Tudo o que ocorre no mundo faz parte do que chamam espiritualidade e participa do que chamam guerra cósmica. Minha presença no local e a escrita da tese não foram percebidas como externas a isso. Dessa forma, tanto o trabalho de campo quanto a escrita foram acompanhados minuciosamente pelas cinco mais velhas e fundadoras da comunidade, conhecidas como as Yas (as mães) e o Baba (o pai). Na medida em que entendem que “a palavra é magia”, o processo de escrita da tese produzia efeitos na comunidade que, por sua vez, interferia diretamente nele. Nesse processo, produziu-se um intercessor ao clássico recurso textual ‘nós e outros’ da Antropologia. Criou-se um outro “nós e outros” no texto, a convite das Yas, tendo em vista a “guerra cósmica” em curso. Coube a mim traduzir, para a Antropologia, os efeitos experimentais dessa criação.

Palavras-chave:
Etnografia; Cosmopolítica; Mulheres negras; Quilombo

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