Resumo
Neste artigo analisamos os equívocos entre especialistas em vida silvestre e pescadores artesanais. Esses debates aconteceram no âmbito de uma oficina de identificação de práticas pesqueiras sustentáveis. Ali foram discutidas ações de conservação a respeito de um golfinho que tinha sido acidentalmente capturado em redes de pesca. Os conservacionistas marinhos têm um duplo padrão para pensar sobre si mesmos e as comunidades locais: eles se apresentam como porta-vozes autorizados das espécies ameaçadas, enquanto consideram que os pescadores não valorizam suficientemente as espécies, que são oportunistas, ou que são guiados exclusivamente por interesses econômicos. Embora o conhecimento dos especialistas seja legitimado graças à participação dos pescadores artesanais, os diagnósticos feitos pelos pescadores são desencorajados. Assim, estas reflexões procuram promover uma prática conservacionista aberta à diferença, na qual a práxis e os termos em que as comunidades locais definem seus conflitos não sejam diminuídos.
Palavras-chave:
Biologia da conservação; Antropologia ambiental; Interdisciplina; Espécies ameaçadas; Cosmopolíticas; Pesca; Pontoporia blainvillei