O objeto de análise deste artigo é o debate no seio de um grupo de intelectuais cabo-verdianos em torno da situação lingüística em Cabo Verde. Suscitado pelo problema da criação da imagem de um Estado único e indivisível em um contexto marcado pela pluralidade linguística, esse debate revela como a questão da língua pode constituir um obstáculo à adequação dos países periféricos ao modelo de organização social, política, econômica e cultural representado pelo Estado-nação. As propostas de padronização e oficialização da língua crioula são abordadas a fim de revelar os interesses de grupo que orientam tal perspectiva e as possíveis conseqüências desta política lingüística que, apesar de seu impacto na sociedade cabo-verdiana, permanecem silenciadas nos discursos analisados.
Cabo Verde; Estado-Nação; Língua; Poder; Crioulo; Cabo-Verdiano