Resumo
Este artigo aborda um tipo de união matrimonial geralmente invisibilizado e provocador para o imaginário nacional brasileiro: o casamento interétnico entre uma mulher branca e um homem indígena. Baseia-se na análise de um caso ocorrido em meados dos anos 1960 no rio Amônia, na região acreana do Alto Juruá. Após refletir sobre a história dos Ashaninka nessa região de fronteira do Brasil com o Peru e mostrar a necessidade de repensar alguns lugares-comuns sobre a vinda desse povo indígena para o Alto Juruá brasileiro, o texto apresenta a trajetória de dois grupos familiares que se instalaram no rio Amônia na década de 1940. Mostra a singularidade desse matrimônio interétnico, discute seus significados, para os brancos da região e para os Ashaninka, e apresenta seus efeitos políticos. Sustenta a tese de que esse casamento é fundamental para entender o protagonismo e a visibilidade política dessa comunidade indígena no campo do indigenismo nas últimas duas décadas.
Palavras-chave: Ashaninka; Alto Juruá; História; Casamento; Política