Resumo
O artigo versa sobre a prática tecnicamente chamada de “amamentação cruzada”, isto é, quando uma mulher amamenta um bebê que não foi ela quem gerou. A reflexão toma como ponto de partida a experiência de seis mulheres da favela da Rocinha (RJ), que amamentaram ou tiveram seus filhos aleitados por outras. A “amamentação cruzada” é contraindicada pelo Ministério da Saúde desde a década de 1990, devido à possibilidade de transmissão de doenças pelo leite materno, principalmente do vírus HIV. A pesquisa aponta que a normativa, contudo, não chegou a promover a interrupção da prática na favela, onde é comum o compartilhamento dos cuidados das crianças. Nesse cenário, a “amamentação cruzada” pode se configurar como uma, dentre outras atividades, que integram os cuidados. Em diálogo com o referencial teórico decolonial, o artigo propõe, ainda, uma comparação com a experiência das chamadas “amas de leite”, altamente disseminada no Brasil no período escravocrata.
Palavras-chave:
Amamentação; Pensamento decolonial; Mulheres negras; Favela; Maternidade