Resumo
Este artigo argumenta que, a fim de lidar com formas emergentes de governança e de política ambiental, as alegações desespacializadas e não situadas das iniciativas de dados abertos (open data) precisam ser interrogadas. Com base em uma etnografia com um projeto científico internacional na Amazônia brasileira, o artigo explora a coleta cotidiana de dados ambientais em campo como uma forma de criação do espaço, por meio de processos simultâneos de reterritorialização e desterritorialização. O artigo traz à luz o trabalho contínuo e as complexas estratificações e dobragens destas formações territoriais, bem como suas capacidades de fomentar mundos sociais e afetivos ambivalentemente diferenciados. Embora estes mundos emerjam de tecnologias de territorialização, eles não são totalmente definidos por elas. A seguir, o artigo aborda um caso contrastante de infraestruturas de dados e portais aparentemente virtuais em iniciativas de dados abertos, questionando que formas de territorialização eles poderão constituir. Ao final, apresenta a sugestão provisória de que a “abertura” não é uma forma espacial que o mundo supostamente assume, mas o próprio aparato de extensão, a maquinaria social e política de desterritorialização e reterritorialização.
Palavras-chave: Dados ambientais; Smart Earth; Território; Espaço