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Banquete de gente: comensalidade e canibalismo na Amazônia

Partindo da noção de predação familiarizante, este artigo visa discutir a relação entre canibalismo e comensalidade na Amazônia, tomando-os como formas diferenciadas, mas articuladas, de consumo. Começa-se por uma análise da relação entre guerra e caça em ontologias que atribuem aos animais a condição de pessoa. Discute-se o encadeamento dos ciclos de predação de humanos e animais por meio das concepções de doença e de resguardo. Argumenta-se que a comensalidade é um vetor de identificação que opera sobre um objeto, a comida, que deve ser produzido enquanto tal para que os parentes não se identifiquem ao animal consumido. Analisam-se os mecanismos de dessubjetivação da presa e argumenta-se que eles se erguem sobre a partibilidade das pessoas, a qual não deve ser reduzida a um dualismo simples e global entre corpo e alma. Sugere-se uma outra leitura para esse fato e se a aplica, por fim, à antropofagia guerreira e funerária.

Amazônia; Animismo; Caça; Canibalismo; Parentesco


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