Resumo
A Região Hidrográfica do Rio Paraná possui grande relevância socioeconômica para o Brasil. Devido ao histórico de secas na região, o objetivo do presente estudo foi avaliar a variabilidade espacial e temporal das chuvas, bem como analisar as características das secas com base no Índice de Porcentagem Normal (IPN) de modo a contribuir com a gestão da água no Alto Rio Paraná (ARP). A área de estudo compreendeu 14 unidades hídricas de planejamento, distribuídas nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Os dados climáticos foram obtidos junto a Rede Hidrometeorológica Nacional. Efetuou-se a análise geoestatística dos dados de precipitação, a partir das séries anuais de 408 estações, e posteriormente o cálculo do IPN para classificação da severidade das secas. Todos os períodos analisados (1990-2020) indicaram dependência espacial (moderada-alta), possibilitando a elaboração dos mapas de secas. Os períodos e áreas secas e chuvosas não indicaram influência direta do El Niño-Oscilação Sul (ENOS). Mato Grosso do Sul e São Paulo foram os maiores contribuintes nas secas. Os dados indicaram que 2010-2020 foi o decênio mais seco do período, com maior contribuição em 2019/2020, onde as secas superaram 60% da área, evento nunca identificado nas últimas 3 décadas. As curvas IPN referente a “seca inicial” e “suave” permitiram verificar anos de crise hídrica quando seus percentuais somados atingiram pelo menos 50% da bacia do ARP. A metodologia utilizada mostrou versatilidade permitindo seu uso em qualquer escala hidrográfica, apresentando-se como alternativa em regiões com escassez de dados.
Palavras-chave: Chuvas; Gestão hídrica; IPN; Krigagem