No segundo semestre de 1980, 112 (ou aproximadamente 16%) dos habitantes do recém estabelecido bairro de São José, cidade de Manaus, contraíram leishmaniose, durante o desmatamento que realizavam em seus lotes localizados na floresta tipo "terra firme". Com a ajuda da SUCAM, os AA. realizaram um estudo piloto para investigar a viabilidade de redução das populações de Lutzomyia umbratilis, o vetor silvático de Leishmania braziliensis guyanensis, borrifando inseticidas na base das árvores grandes da floresta que são os lugares preferidos de repouso diurno destes insetos. A maioria do contato homem-vetor ocorre nestes lugares de repouso diurno (o vetor sendo mais ativo à noite nas copas das árvores) e, assim sendo, foi animador constatar uma nítida redução das populações de L. umbratilis nas bases das árvores por um período de 21 dias após uma única aplicação de emulsão de D.D.T. numa área de 200m quadrados. Quantidade apreciável de D.D.T. permaneceu na base das árvores por pelo menos oito meses, o que proporcionou a não ocupação das mesmas por L. umbratilis durante pelo menos onze meses. Os resultados mostram que a emulsão de D.D.T. teve efeito repelente e letal(L. umbratilis foi altamente suscetível ao D.D.T. em "kits" da O.M.S.). Em contraste com as populações das bases das árvores, as populações noturnas de L. umbratilis (capturadas em armadilhas de luz tipo CDC, ou atacando ao homem não foram significantemente reduzidas pelo tratamento com D.D.T., o que sugere a possível existência de apreciável imigração noturna em áreas experimentais e/ou que lugares de repouso alternativo tenham sido procurados pelos flebótomos. São apresentadas sugestões para ampliar o estudo piloto e a necessidade de colaboração com uma equipe clínica é enfatizada. A leishmania b. guyanensis é o agente etiológico de uma forma de leishmaniose tegumentar humana ("pian bos") hiperendêmica numa vasta extensão geográfica que se estende da Guiana Francesa à Amzônia Central, ao Norte do Rio...