Células peritoneais de camundongos cultivadas in vitro foram infectadas com inóculos idênticos de amastigotas (AM) e de promastigotas, respectivamente, virulentas (VP), avirulentas (AVP) e fixadas (FP) de uma mesma cepa de Leishmania m. mexicana. As monocamadas coradas com May-Grunwald-Giemsa foram examinadas em diferentes intervalos de tempo. Ao nível de 3ª hora pós-infecção o número de macrófagos contendo parasitas variou entre 60,5% (VP) e 84% (AM) nas monocamadas expostas aos parasitas viáveis, comparados com 6,5% para aquelas expostas aos parasitas fixados. Entretanto, nesse tempo de interação, houve alterações degenerativas parasitárias e o número de macrófagos contendo parasitas intatos variou significantemente entre as células infectadas com AM (84%) e aquelas infectadas com VP (42%) ou AVP (40%). O número médio de parasitas intatos/macrófago também diferiu significantemente entre as células infectadas com AM e aquelas infectadas com promastigotas viáveis ou fixadas. A análise quantitativa de parasitas intatos e degenerados indicou uma multiplicação e destruição parasitaria nas monocamadas infectadas com VP e sobrevivência e multiplicação parasitarias naquelas infectadas com AM. Em contraste, nao houve evidencia de multiplicacao de parasitas nas células infectadas com AVP. Esses resultados sugerem que os eventos cruciais que determinam a evolução da infecção ocorrem durante as primeiras 24 horas da interação parasito-hospedeiro. Esses eventos são aparentemente influenciados não somente pela cepa do parasita ou do hospedeiro, mas também por variações ambientais induzidas em uma dada cepa parasitária.