Open-access OS OPERÁRIOS, OS NEGROS, OS CRONISTAS E O FUTEBOL NA IMPRENSA DE SÃO PAULO (1930-1934)

WORKERS, BLACK PEOPLE, SPORTS JOURNALISTS AND FOOTBALL IN SÃO PAULO PRESS (1930-1934)

LOS TRABAJADORES, LOS NEGROS, LOS CRONISTAS Y EL FÚTBOL EN LA PRENSA DE SÃO PAULO (1930-1934)

Resumo:

Este estudo teve como objetivo analisar as disputas entre trabalhadores, negros e cronistas esportivos em relação à prática do futebol operário em um contexto de profissionalização do esporte na cidade de São Paulo no início da década de 1930. Para isso, foi realizada uma pesquisa documental que teve como fontes jornais paulistanos. Concluímos que havia por parte dos cronistas esportivos uma série de críticas à prática do futebol operário e que a ascensão de alguns negros em clubes de elite era utilizada como argumento de integração racial.

Palavras-chave: História; Futebol; Jornalismo; Trabalhadores pobres

Abstract:

This study aimed to analyze the disputes between workers, black people, and sports journalists regarding the practice of working-class football within a context of professionalization in the city of São Paulo in the early 1930s. The sources were local newspapers. We concluded that there were several criticisms from the journalists about the practice of working-class football and that the ascent of some black players into elite clubs was used as an argument for racial integration.

Keywords: History; Soccer; Journalism; Working Poor

Resumen:

Este estudio tuvo como objetivo analizar las disputas entre trabajadores, negros y cronistas deportivos en lo que se refiere a la práctica del fútbol de los trabajadores en un contexto de profesionalización del deporte en la ciudad de São Paulo a principios de la década de 1930. Para ello, se realizó una investigación documental que tuvo como fuentes periódicos de São Paulo. Llegamos a la conclusión de que había, por parte de los cronistas deportivos, una serie de críticas a la práctica del fútbol de la clase obrera y que la incorporación de algunos negros en clubes de élite se utilizó como argumento de integración racial.

Palabras clave: Historia; Fútbol; Periodismo; Trabajadores pobres

1 INTRODUÇÃO

Apesar do grande reconhecimento social do futebol no Brasil, seu estudo acadêmico por parte das ciências sociais e da história é relativamente recente no país (FONTES; HOLLANDA, 2014). Entretanto, esse campo de estudos tem aumentado sua produção nos últimos anos, pois historiadores, cientistas sociais, jornalistas e professores de educação física têm se dedicado a esta empreitada. Uma de suas linhas de estudo reside na análise sobre as relações entre o jornalismo e o esporte. Estudos, como o de Capraro (2011a), por exemplo, demonstram como o jornalismo esportivo foi atrelado à trajetória de Mário Rodrigues Filho no Rio de Janeiro, silenciando sobre outros precursores do jornalismo esportivo em outras regiões do país. Desse modo, torna-se relevante a constituição de uma historiografia regional do esporte, no sentido de evidenciar o que nos parece essencial para entender não apenas o futebol, mas principalmente algumas particularidades dos contextos cultural e social de diferentes cidades e estados brasileiros.

A partir desta perspectiva, este estudo procurou também afastar-se de uma narrativa sobre o futebol que ressaltasse apenas suas práticas elitizadas ou uma história marcada pelos usos de footballers e sportmen em círculos sociais restritos. Pereira (2000) argumenta sobre a necessidade se de fazer uma história do futebol que vá além da lógica e da visão daqueles que tentaram utilizá-lo como meio de levar aos trabalhadores os seus próprios projetos, atentando-nos para a necessidade de se olhar para a forma como os trabalhadores experienciavam esse esporte, a fim de se conseguir um melhor entendimento do jogo, de sua prática e de sua utilização pelas classes populares no início do século XX.

Embora a agenda de pesquisa de Pereira (2000) seja bastante instigante, ela esbarra na escassez de fontes que permitam acessar a “experiência” (THOMPSON, 1981) dos trabalhadores no futebol. Por isso, nesta pesquisa optamos por observar indiretamente sua prática por meio de críticas realizadas por cronistas esportivos em relação ao futebol operário.

Esta se tornou a alternativa viável para construirmos o problema e, por conseguinte, os limites de uma pesquisa sobre o futebol dos operários. Interessou-nos, particularmente, a cidade de São Paulo pela estruturação de sua imprensa e pelo anúncio de um processo de profissionalização do futebol na década de 1930, em um debate que perdurou nos jornais entre os anos de 1930 e 1934.

Este período, que se tornou o recorte temporal desta pesquisa, representou no futebol da cidade os tempos conflituosos entre o amadorismo e a profissionalização do esporte. O profissionalismo poderia ser visto como uma abertura do futebol oficial para os trabalhadores, mas também como uma forma de grupos sociais específicos das elites manterem o controle sobre a prática, como nos velhos tempos do futebol amador (JACKSON, 2014). O estudo de Drumond (2015), por exemplo, ressalta que a profissionalização do futebol no Rio de Janeiro na década de 1930 foi pautada pela disputa entre duas elites de gestores, o que nos permite observar a complexidade necessária para uma análise que não se restrinja a uma luta classista binária e dicotômica entre elites e trabalhadores sobre o controle das práticas de futebol, mesmo porque observa-se tensões internas entre as elites e os trabalhadores.

Foi preciso também levar em conta que esse processo de profissionalização não se deu de forma homogênea no país, tendo especificidades nas diversas localidades, como exemplos, as abordadas no estudo de Dias (2018) e também no livro organizado por Gomes e Pinheiro (2015). Para Melo (2015), embora bastante abordado na literatura especializada, o tema da profissionalização do futebol no país está longe de ser esgotado. Sendo assim, seria mais viável falar em “processos de profissionalização” ao invés de “processo” no singular (GOMES; PINHEIRO, 2015).

Por isso, por uma questão de limites, este estudo teve como objetivo analisar as disputas entre trabalhadores, negros e cronistas esportivos em relação à prática do futebol operário em um contexto de profissionalização do esporte na cidade de São Paulo no início da década de 1930. Mais especificamente, interrogamos as fontes sobre a existência ou não de conflitos presentes nas crônicas esportivas em relação à prática do futebol de operários e sua respectiva profissionalização. A partir desta história problema, pretendemos analisar o futebol como campo de evidência das disputas entre diversos agentes sociais que compunham a sociedade paulistana nos primeiros anos da década de 1930.

Em termos metodológicos, os documentos analisados foram selecionados a partir de um corpo documental que teve como fonte a mídia impressa publicada na cidade de São Paulo entre os anos de 1930 e 1934. A opção pela utilização desse tipo de fonte, pautada nos jornais, justifica-se pela visibilidade dos esportes nestes veículos e pela importância de sua circularidade nas cidades, afinal a imprensa é um “[...] receptáculo das informações fragmentárias do dia a dia urbano, o que faz do jornal um suporte inestimável para uma reconstituição pormenorizada dos grandes acontecimentos sociais, dentre eles os relativos ao próprio Esporte.” (HOLLANDA; MELO, 2012, p. 15). Além disso, Martins (2001), em seu estudo sobre a imprensa paulistana nos anos de 1890-1922, afirma que “de fato o esporte foi assunto preferencial do periodismo paulistano no início do século, abordado em artigos de fundo, seções especializadas, chamadas de capa, ilustrações de toda ordem e muita caricatura” (MARTINS, 2001, p. 343).

Para representar a imprensa paulistana, optamos por três jornais de maior circulação na cidade com acervo conservado e disponível eletronicamente, quais sejam, Folha da Manhã, Correio Paulistano e Correio de São Paulo. Dentro do recorte temporal, foram selecionados os artigos relevantes para a construção de uma narrativa sobre o problema de pesquisa. Os periódicos foram consultados a partir da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e do Acervo Folha.

Na análise do material empírico, adotamos a estratégia de categorização, evidenciando, principalmente, os clubes de futebol ligados aos trabalhadores. Observamos nos periódicos analisados que o futebol fazia parte da vida da população paulistana. Nas seções de esporte desses periódicos, sempre havia espaço para ele. No entanto, pudemos constatar que os diferentes periódicos davam importância maior ou menor para os diferentes tipos de futebol praticados na cidade naquele momento. Os jornais se debruçavam mais sobre os campeonatos das ligas amadoras, como a Liga Amadora de Futebol - LAF e a Associação Paulista de Esportes Atléticos - APEA (até 1933) e posteriormente sobre o campeonato profissional, dirigido pela APEA. Apesar do foco nessas competições, havia um espaço mais restrito para as ligas de trabalhadores, como a ACEA - Associação Comercial de Esportes Atléticos, a LECI - Liga Esportiva do Comércio e da Industria e a LBEA - Liga Bancária de Esportes Atléticos e até mesmo para os campeonatos da várzea. A partir da análise, duas categorias tornaram-se centrais: as disputas em torno da organização de ligas operárias; e a integração de negros em clubes de elite da cidade.

2 O FUTEBOL DOS OPERÁRIOS NA IMPRENSA PAULISTANA

Vários autores colocam os clubes operários como centrais para o desenvolvimento do futebol na cidade de São Paulo. Entre eles, podemos citar Jackson (2014), Sevcenko (1992), Antunes (1992), Lopes (2004) e Fontes (2014).

Sevcenko (1992), por exemplo, evidencia que a cidade de São Paulo sofria muitas transformações a partir da década de 1920, por conta da industrialização e da crescente imigração. Nessa cidade, os divertimentos, tais quais os esportes, as danças, as bebedeiras, as competições e excursões, surgem ocupando o vazio dos finais de semana anteriormente utilizados para o descanso. Os clubs que primeiro difundem o esporte são os da elite, mas já na década de 1920, eles estavam presentes nas várzeas, bairros, periferias e “se tornam um desdobramento natural das próprias uniões operárias” (SEVCENKO, 1992, p. 34).

A proliferação desses clubes esportivos ligados às uniões operárias e às empresas privadas contribuiu para a fundação, em 1928, da Liga Esportiva do Comércio e da Indústria - LECI, que tinha por objetivo realizar os campeonatos esportivos entre os clubes a ela filiados. Porém, essa nova liga não foi muito bem aceita pelos integrantes da APEA. Em 1930, há um debate sobre a utilidade da existência da LECI, que parecia, para parte dos integrantes da APEA, uma instituição totalmente dispensável. Aqui, cabe dar voz a um primeiro cronista chamado Aulio, que escreve para a Folha da Manhã, um artigo intitulado “A LECI é prejudicial à APEA”:

Fizemos vêz, em dias do mez passado, que nada adianta ao esporte paulista a existencia da lyrica Liga do Commercio e Industria, que pelo contrario só difficuldades trazia aos clubes apeanos.

Fundada, há 2 annos, a titulo de reclame, por meia dúzia de cheferes de alguns estabelecimentos comerciais, com o único intuito de agradar aos patrões, afim de melhorarem as suas posições (louvavel intento), até hoje, que nos conste, nada fez de proveitoso que pudesse chamar a attenção do mundo esportivo de S. Paulo.[...].

Si não, vejamos: Com essa filliação, obteve as maiores vantagens sem ter a menor obrigação. É principio universal, que não ha um direito que não acarrete um dever; entretanto, a Liga do reclame conseguiu, (honra lhe seja feita), modificar esse preceito millenario. O dever della é só... não pagar séde; não pagar luz, não pagar telephone; não pagar limpeza; não pagar os seus jogadores inscripções, emfim, não “paga nada” e além desses beneficios todos, a Leci ainda gosa do “dever” de votar nas assembléas da Apea, igualando-se aos clubes que são a alma mater da Associação. Digam-nos se isto tudo não é o cumulo do parasitismo e se não devemos extirpar pela raiz esta excrescencia que nasceu na pelle apeana. (AULIO, 1930, p.12)

Após ler o artigo de Aulio, podemos enxergar com mais clareza o embate entre os clubes amadores integrantes da APEA e os clubes filiados à LECI. Para o autor do texto, a LECI não passa de uma liga parasitária, que não cumpre com seu papel no esporte paulista - o de revelar jogadores para a seleção do estado. Mais do que isso, Aulio afirma que a LECI tem apenas direitos na APEA, não tendo deveres a cumprir. Essa oposição entre clubes amadores, frequentados pelas elites, e os clubes operários revela o descontentamento de parte dos cronistas de grandes jornais como a Folha da Manhã com as práticas esportivas dos trabalhadores. Havia naquela imprensa um discurso moral que criava uma legitimidade do esporte como símbolo de civilização quando era praticado em clubes nos quais seus associados eram provenientes das elites paulistanas, mas, ao contrário, quando o esporte era praticado por jovens pobres, ele poderia estar relacionado aos vícios ou à diversão, sem nenhuma finalidade esportiva, educacional ou médica (GAMBETA, 2015). No caso dos trabalhadores, o cronista Aulio critica a organização das ligas operárias, pois alguns jogadores trabalhadores estavam inseridos concomitantemente nos teams dos clubes de elite da APEA. Desse modo, alguns deles, por conta de sua competência esportiva, eram solicitados pelos clubes de elite, gerando novos conflitos com as equipes operárias.

Outro artigo da Folha da Manhã, ainda inserido no debate sobre a utilidade da existência da LECI, intitulado “Abusos da LECI e inercia dos Apeanos” (MARIUS, 1930a, p. 9), vai além da questão dos prejuízos financeiros que a LECI causava à APEA e do não cumprimento da função daquela entidade. O cronista Marius se mostra indignado com o fato dos clubes da LECI utilizarem os jogadores já consagrados pelo futebol paulista, como os craques “Del Debbio e Luiz do Corinthians, Tatu da Portugueza. Alvaro, Ronsel, Armando, Renato, Cludi, do Ypiranga. Carrone, Serafim, Oses do Palestra. Pedrinho Figueiredo, Corsato, do América...” (MARIUS, 1930a, p. 9) nos seus jogos, não sendo eles liberados das preliminares desses clubes para jogarem pela seleção paulista. No entanto, o momento em que Marius parece estar mais contrariado é nesta passagem:

Assim, Del Debbio, que “allegou” impossibilidade em seguir para o Paraná - naturalmente porque, jogando no General Motors a preliminar de domingo e sendo aquelle jogador funccionario da companhia americana, os seus “patrões” entenderam ser mais necessaria a sua presença no quadro do clube... do que no seleccionado paulista... E em pleno campo da Antarctica vimos esta monstruosidade: Debbio, campeão brasileiro, glorias do nosso futebol, a servir de propagandista de uma marca de automoveis, pois a camisa que envergava, bom como os seus collegas de quadro, dava impressão de um verdadeiro painel de reclames, contendo nas costas, em cores bem distinctas, a marca de automoveis a que aludimos...[...] (MARIUS, 1930a, p. 9)

O que parecia inaceitável para Marius, mais do que os prejuízos financeiros que a LECI poderia dar à APEA, seria a dedicação desses já consagrados esportistas aos times de fábrica. Em um momento em que o futebol brasileiro se dizia amador, o fato desses jogadores atuarem nos times de seus locais de trabalho e ao mesmo tempo nos times oficias da APEA poderia ser visto por eles como normal, já que precisavam trabalhar para sobreviver e as empresas nas quais trabalhavam possuíam times de futebol. Não é possível saber como essa questão era tratada pelos jogadores, pois estes não tinham voz nos jornais, porém é possível perceber como esses clubes de empresas eram vistos pelos seus opositores ligados aos clubes amadores e de elite. O cronista Marius, em artigo intitulado “Clubes esportivos ou agencias de colocações” afirma que:

[...]os chefetes - porque não podemos acreditar que estas cousas entrem nas cogitações dos diretores graduados das empresas - tratam de “lançar” jogadores já feitos, nos clubes officiais, facilitando-lhes o ingresso no serviço das casas, com o proposito unico de tornal-os seus jogadores. E isso, provavelmente, com prejuizo de pessoas mais habilitadas para o serviço, mas que não apresentam, como recommendação, o atestado de “bons jogadores”. Com isso prejudicam também, consequentemente, os interesses commerciaes dos estabelecimentos. [...] (MARIUS, 1930b, p. 9)

Em outro artigo da Folha da Manhã, na secção Meu Correio, o cronista J. dos Diabos (1930, p. 8) escreveu uma carta à Raphael Lambertini, presidente da LECI, em que tratou das questões relacionadas à existência da Liga e do não cumprimento de suas funções em seus dois anos de existência. A certa altura, J. dos Diabos assegurava que:

Todo mundo em S. Paulo está farto de saber que inúmeros estabelecimentos commerciaes e industriaes mantêm nos seus quadros de funccionarios e operarios, individuos que entendem tanto dos seus misteres quanto eu entendo de... latim. Como funccionarios ou operarios, esses individuos só figuram nas folhas de pagamento porque na realidade - dura realidade! - o seu unico “trabalho” é chutar nos jogos lecianos, com a obrigação de um treino semanal que lhes proporcione uma tarde de cançaso, em recompensa de uma semana inteira de vadiagem...[...] (DIABOS, 1930, p. 8)

Antunes (1992) trata dos clubes operários de São Paulo em inícios do século XX e nos ajuda a formular algumas questões com relação à posição dos cronistas mencionados sobre a existência da LECI. Porém, primeiramente gostaríamos de resgatar uma das questões feitas pela própria autora sobre a existência desses clubes de fábrica: “o que moveria os industriais a não apenas aprovarem as associações esportivas criadas por seus operários, mas também a contribuírem para sua manutenção e exercerem certo controle sobre elas?” (ANTUNES, 1992, p. 38). O debate sobre a questão é grande entre autores como Lopes (2004) e Fontes (2014) que defendem que os industriais usariam o futebol como forma de domesticação dos corpos dos operários para o trabalho, além de infundir-lhes um sentimento de grupo. Para Antunes (1992), os industriais brasileiros percebem logo que o clube é um excelente veículo publicitário, e que esse potencial do esporte explicaria melhor o incentivo das empresas do que a tese de domesticação dos corpos. Ao que parece, as empresas haviam de fato percebido o potencial de propaganda dos clubes, porém, não haviam sido apenas os industriais que perceberam tal potencial. Os cartolas também o haviam percebido e pareciam bastante incomodados com a utilização de tão nobre esporte para o enriquecimento dos industrias paulistas, tal como nos revela Marius em seu artigo, “Abusos da LECI e inercia dos Apeanos” (MARIUS, 1930, p.9). Alguns militantes libertários, como os anarquistas, também enxergavam essa utilização do esporte e o tratavam como “uma das principais evidências do caráter alienante desses centros esportivos.” (PEREIRA, 2000, p. 262). As acusações de J. dos Diabos e Marius, de que as casas comerciais eram na verdade agências de colocação, são também tratadas por Antunes (1992). Segundo a autora, o futebol ampliou as possiblidades profissionais dos trabalhadores e o apoio dos patrões aos clubes de futebol favoreceu “a consolidação de um profissionalismo com características próprias” (ANTUNES, 1992, p. 50). Nesse sentido, passou-se a valorizar o “capital esportivo” do trabalhador, muitas vezes se preferindo o bom futebolista ao bom operário. Quando pensamos no time de futebol como forma de propaganda da empresa, é necessário que se tenham bons jogadores nesses clubes para que o time alcance seu objetivo principal.

Ao olharmos para essas discussões acerca da necessidade da existência da LECI, podemos perceber a exaltação da ética do amadorismo, tão reivindicada no início dos anos 1930. Parece claro que o que se busca com a discussão pelo fim da LECI é a manutenção de um amadorismo puro no qual os esportistas, preocupados apenas com o deleite resultante do jogo de bola, não precisavam trabalhar para sobreviver. Ao fim e ao cabo, “os preceitos e práticas do amadorismo voltam-se para a exclusão dos outsiders” (LOPES, 2004, p. 135) e o fato de existir uma liga como a LECI, que incluía no jogo, ainda que de forma marginal - já que muitos dos seus jogadores nunca chegaram à Divisão Principal do torneio da APEA - grupos tradicionalmente excluídos da sociedade paulistana, parecia incomodar parte dos cronistas ávidos na defesa dos interesses dos clubes amadores e no julgamento moral das práticas esportivas populares.

As formas de exclusão desses clubes operários eram bastante elaboradas. No ano de 1932, um ano antes da profissionalização do futebol paulistano, a APEA propõe uma reforma em seus estatutos, que é publicada na Folha da Manhã. Na publicação, o leitor é informado de que muitos artigos têm proposta de alteração e que uma emenda foi introduzida na classificação dos clubes. Em seus termos:

Paragrapho unico - Não poderão tambem ser admittidos à Divisão Principal os clubes que tiverem relações de dependencia, quer directamente quer indirectamente, com estabelecimentos industriaes, commerciaes ou bancarios ou que por qualquer modo servirem para propaganda desses estabelecimentos ou de seus productos ou deles tenham dependido por ligação recente. (A REFORMA..., 1932, p. 12)

A análise da proposta de alteração dos estatutos em sua integralidade nos faz perceber que havia uma intenção de congelar na Divisão Principal os clubes “oficiais” fundadores da APEA, tradicionais clubes amadores da cidade de São Paulo. Além disso, o excerto deste estatuto não deixa dúvidas sobre a intenção de se barrar da Divisão Principal os clubes operários, que fariam propaganda de suas empresas.

Os artigos analisados até o momento nos permitem olhar para o futebol como um campo de disputa entre clubes amadores identificados com as elites, que compunham os clubes amadores de elite da APEA, e os clubes de fábricas, empresas, bancos e de várzea. Observa-se também disputas entre grupos pertencentes às mesmas classes sociais. Antunes (1992) apresenta este argumento, tratando das disputas entre associados e trabalhadores das fábricas, motivados pela preferência em se contratar operários “bons de bola”. Estes conflitos gerariam acirradas disputas entre os operários para se tornarem operários-jogadores e aumentarem seu ganho. Uma notícia do Correio de São Paulo, de 1934, nos parece ilustrativa das disputas que o futebol praticado pelos trabalhadores poderia fazer emergir ou pelo menos colocar em evidência. Intitulada “Está em perspectiva uma scisão no esporte bancário”, a notícia tratava da acusação feita pelos esportistas de que a LBEA - Liga Bancária de Esportes Atléticos - teria fugido de seus fins ao penalizar o C. E. Induscomio, com a justificativa de que os trabalhadores e diretores deste banco não aderiram “ao recente movimento grevista dos bancários.” (ESTÁ EM PERSPECTIVA..., 1934, p. 4). Segundo a nota do jornal, três prestigiosos mentores do esporte bancário assinaram uma circular que dizia: “envolvendo-se a L.B.E.A. nessa questão que tanta celeuma provocou entre os funccionarios dos nossos bancos, esses elementos afastaram evidentemente a nossa Liga de suas verdadeiras finalidades”. (ESTÁ EM PERSPECTIVA..., 1934, p. 4). A circular chamava os interessados para uma reunião na qual os dissidentes pretendiam fundar uma nova entidade com fins exclusivamente esportivos.

Uma greve na categoria dos bancários não aderida pelos dirigentes do Induscomio teria sido a razão do afastamento do time representante deste banco do campeonato da LBEA, e este afastamento parece ter gerado alvoroço, uma vez que alguns dos integrantes da liga acreditavam que ela deveria ser destinada exclusivamente ao esporte, não sendo possível que se envolvesse em assuntos políticos. O que fica claro é a divisão de classe que se não foi gerada pela prática do futebol - ela provavelmente aconteceu quando da não adesão do Induscomio à greve - ajudou a colocar em evidência o conflito.

Percebemos que o futebol fazia parte da experiência dos cidadãos paulistanos dos anos 1930. “Experiência” é definida por E. P. Thompson como categoria que “compreende a resposta mental e emocional, seja de um indivíduo ou de um grupo social, a muitos acontecimentos inter-relacionados ou a muitas repetições do mesmo acontecimento” (THOMPSON, 1981, p. 15), influenciando a forma como esses indivíduos ou grupos sociais, pertencente a uma classe, enxergam o mundo e vivenciam os acontecimentos de suas vidas. A experiência não surge, contudo, de forma espontânea, mas porque homens e mulheres são racionais e refletem sobre o que acontece a eles e ao seu mundo (THOMPSON, 1981). O autor inglês, a partir de uma história social da cultura, reforça a necessidade de se olhar para as experiências dos indivíduos ou grupos que serão estudados a fim de compreender melhor a forma como se davam suas relações sociais, suas escolhas e principalmente, sua visão de mundo. Apropriado por todas as esferas sociais da cidade, o futebol passa a ser um campo de disputa entre as classes populares e as elites, que o experienciavam de formas distintas. Enquanto que o primeiro grupo o enxergava como um excelente e acessível meio de diversão, apresentando-se como um catalisador das tensões entre moradores de bairros pobres da cidade, “garantindo a seus participantes um meio de ascensão social ou possibilitando o apoio para atividades que gostavam”, transformando-se em “um modo de legitimar suas práticas recreativas de um modo mais amplo” (PEREIRA, 2000, p, 255), os grupos mais abastados afirmavam ser o futebol um esporte disciplinador e higienizador. Isso não significa dizer que havia homogeneidade no pensamento dessas elites com relação ao esporte. Se de um lado temos a defesa dos preceitos amadoristas, de outro, tem-se a contratação de jogadores que não faziam parte da “sociedade” paulistana, que não eram sportmen, por alguns clubes, já que seu “capital esportivo” começava a ganhar cada vez mais força, o que dá mostras das disputas internas das elites também em transformação. O futebol passa, desse modo, a compor a experiência compartilhada dos trabalhadores do período que, por meio dos clubes operários, encontravam um meio de delimitação claro para suas rixas e tensões, fazendo com que os sócios desses clubes pudessem atribuir ao jogo um “significado diferente do definido pelos literatos e sportmen” (PEREIRA, 2000, p, 243).

Presente nas fábricas e nas várzeas, o futebol se torna recorrente na vida dos trabalhadores paulistanos. É nesse sentido que esse esporte pode ser visto como parte importante da experiência desses trabalhadores. Se, como afirma Thompson (1981), a experiência surge porque homens e mulheres refletem sobre os acontecimentos vividos, é perfeitamente cabível e possível se pensar no futebol, tão presente na vida dessas pessoas, como espelho das disputas vividas, como um relevante integrante de sua experiência. Um exemplo sobre estas disputas residiu em São Paulo nas questões raciais.

3 O FUTEBOL DOS NEGROS NA IMPRENSA PAULISTANA

Parece-nos impossível tratar da questão de raça no futebol brasileiro sem mencionar o trabalho de Mario Rodrigues Filho (2003), O Negro no Futebol Brasileiro. Escrito nos anos 1940, período em que ainda se buscava uma identidade brasileira, o livro evidentemente está inserido em um debate sobre a formação da “brasilidade”, pautada pela miscigenação e inspirada em Gilberto Freyre. Na obra de Mario Filho, há também a tese de que brancos e negros conseguiriam viver em harmonia e que a inserção dos negros no futebol era o argumento necessário para a valorização da mestiçagem e de uma brasilidade. Sobre este aspecto, as contribuições de Soares (2001), Soares e Lovisolo (2011) e Capraro (2011a; 2011b) são relevantes para a crítica desta obra como fonte histórica e para pensarmos as questões de identidade nacional no futebol brasileiro.

Contudo, o que nos interessa nesta pesquisa é o contexto paulistano da década de 1930, e neste limite as relações entre esporte e raça eram pautadas pelos termos de uma parte da elite intelectual eugenista engajada na disseminação do esporte. Como exemplo, a atuação de Arthur Neiva em publicações em defesa do esporte no final da década de 1920, nelas o médico ressaltava o esporte como uma ferramenta de eugenia preventiva que colaboraria no fortalecimento da raça brasileira, desde que sua prática educacional fosse disseminada entre os populares mediante uma orientação higiênica (DALBEN; GOIS JUNIOR, 2018). Desse modo, o futebol entre os trabalhadores e os negros não era problemático, desde que fossem orientados e fiscalizados pelo Estado por meio de seus agentes, médicos e professores. Um exemplo desta representação dos intelectuais sobre a prática esportiva dos populares está presente no livro O homem negro no esporte bandeirante, de Salathiel Campos, articulista do Correio Paulistano. Publicado por este mesmo jornal entre os meses de outubro e novembro de 1934, o livro tem o mesmo tom de O Negro no Futebol Brasileiro, apesar de ser anterior em mais de uma década. O autor começa seu texto afirmando que há muito tempo tem a intenção de produzir um trabalho que será útil ao futuro historiador, “relatando ocorrências de que tenhamos sido testemunha, esplanando pontos obscuros e apresentando commentarios próprios a factos quasi ignorados ou esquecidos.” (CAMPOS, 1934a, p. 7). O escrito não pretendia, portanto, ser um estudo histórico ou sociológico, e sim uma grande crônica com as impressões de Campos sobre a presença do negro no esporte de São Paulo, baseado na “observação desenvolvida através destes doze anos [desde 1920] de atividade, em que o negro entrou a cooperar nas altas espheras das lides esportivas de nossa terra.” (CAMPOS, 1934a, p. 7)

Antes de entrar na questão racial propriamente dita, o autor trata da popularização do futebol. Anteriormente (ele trabalha muito pouco com datas, mas podemos inferir ao ler o texto que ele trata aqui da década de 1910 e início da de 1920) havia uma seleção rigorosa dos indivíduos que poderiam participar dos clubes paulistanos. Com o passar dos anos, no entanto, para Campos (1934a), essa perspectiva tinha se modificado. Os clubes teriam ficado, de acordo com o autor, menos exigentes na seleção de seus sócios e essa queda de exigência teria sido o grande episódio triste e destruidor do futebol paulistano (CAMPOS, 1934a). Além disso, para ele, o profissionalismo teria sido decorrência desse processo e ajudado na incorporação de indivíduos não adequados aos clubes.

O profissionalismo veiu estabelecer um triste desequilibrio em nossos meios futebolisticos. Individuos de educação nulla, de moral duvidosa, que se adestraram pelas varzeas no manejo da pelota, tornaram-se desejaveis. Muitos delles, descobertos por emissarios solertes, foram disputados a peso de ouro. E esses elementos, scientes de representarem um capital-dinheiro que vale mais do que o capital-aptidão, sabem que difficilmente podem ser postos à margem. (CAMPOS, 1934b, p. 7)

Os jogadores da várzea, negros e brancos pobres que moravam nos bairros periféricos da cidade de São Paulo incomodavam parte da elite intelectual que destacava sua “educação nulla e moral duvidosa”. Diante do preconceito, nas várzeas frequentemente estigmatizadas como espaços de desordem e violência, o futebol tornava-se a prática esportiva mais popular (FONTES, 2014). Esses clubes de várzea contribuíam para a identidade dos trabalhadores, mas não apenas para as deles, uma vez que muitos desses clubes eram destinados aos descendentes de africanos, portugueses, italianos, húngaros e aos migrantes de outras regiões do Brasil. Para Campos (1934a, 1934b), o que teria acabado com o futebol paulista seria primeiramente a sua prática por parte destas pessoas e, posteriormente, a presença dos populares nos clubes de elite.

Há, no entanto, uma mudança de tom no livro de Campos, quando ele passa a tratar dos negros que adentravam os campos oficiais como exemplos de que já não havia mais preconceito racial no futebol paulistano (CAMPOS, 1934c). Ele se utiliza do sucesso de alguns negros que foram aceitos nos clubes de elite de São Paulo para afirmar que o racismo estava superado nessas instituições, o que sugeria o sucesso de alguns negros em meios tradicionalmente brancos seria o testemunho do fim do racismo.

Campos afirmava que o fim do campeonato de 1918 era o momento no qual o preconceito de raça teria acabado no futebol paulistano. Sua afirmação é baseada no ingresso de jogadores negros nos clubes da 2º Divisão (CAMPOS, 1934c). Nesse momento:

Os principais clubes de futebol aos poucos iam reformando seus estatutos e entre as clausulas abolidas figuravam sempre a que prohibia a entrada de homens de côr. Mas, a despeito disso, nenhum ousava trazer um negro para as suas fileiras. Timidez apenas... (CAMPOS, 1934c, p. 12)

Timidez não nos parece a palavra adequada para designar o motivo dos principais clubes paulistanos não ousarem trazer negros para seus quadros. Parece-nos mais plausível que estes clubes, apesar do sucesso que os jogadores negros faziam nos times da 2ª Divisão, estivessem ainda receosos sobre a presença dos negros em suas sedes sociais. À época do regime amadorista - que vigorou na cidade até 1933 - tornavam-se sócios dos clubes os praticantes dos esportes cultivados por eles. Dessa maneira, o esportista, como sócio do clube, teria acesso à sua sede social, às suas festas, enfim, a todo o aparato de integração social de que dispunham estas associações esportivas. Pereira (2000) ressalta que, ainda que rapidamente, o profissionalismo apareceu como uma solução para essas tensões raciais, pois “ao diferenciar claramente jogadores de sócios, ele permitiria que fossem respeitados os critérios técnicos de escolha das equipes sem que se dissipassem o preconceito e as discriminações raciais.” (PEREIRA, 2000, p. 325). Essa se mostrava uma forma de manutenção das hierarquias sociais existentes desde a época da escravidão, como demonstraram Abrahão e Soares (2009), uma vez que a imagem idealizada do negro, de que teria maiores habilidades artísticas e corporais, ancorava uma visão otimista de mestiçagem, representada pelas vitórias do futebol ‘mestiço’. (SOARES, 1998)

A entrada de negros nos times dos clubes de elite parecia inevitável, uma vez que para continuarem competitivos, eles necessitavam de bons jogadores em seus quadros e os negros se apresentavam como esses bons jogadores. Era recomendável, no entanto, que os clubes trouxessem poucos jogadores negros por vez, pois como alude Campos:

A arregimentação em massa nem sempre produz o effeito desejado, não só porque a assimilação ao meio se torna difficil, como estabelece um desequilibrio interno até que o conjunto, moral, social e technicamente, comsiga formar o seu padrão natural. (CAMPOS, 1934d, p. 7)

O excerto é mais um indício do caminho percorrido por Salathiel Campos, pois o autor propunha que negros eram bem aceitos, porém era preciso ter cautela ao contratá-los paulatinamente. O que se mostrava, uma vez mais, era a teoria de que o negro seria bem aceito desde que se colocasse em um espaço restrito. Sua intenção era a de mostrar a libertação do negro uma vez que adentrasse aos clubes de elite, porém uma análise um pouco mais detida sobre seus escritos nos mostram como a busca por uma sociedade em que o negro estivesse integrado - porém limitadamente - estava presente.

Aceitos no futebol, mas ainda marginalizados, os negros que obtiveram sucesso nesse esporte passam a ser exemplo para os meninos negros que viam nos gramados uma forma de emancipação econômica e social. Contudo foram poucos os negros que realmente se destacaram e obtiveram sucesso e emancipação através dele, na busca de um futuro melhor. O futebol aparecia, nos anos de 1930, como terreno fértil para a consolidação das teorias que faziam do Brasil uma democracia racial (PEREIRA, 2000). Aparecia como uma “‘zona livre’ que serviria para integrar e dar visibilidade aos negros, ao mesmo tempo em que mantinha as hierarquias numa sociedade constrangida pelos valores da igualdade conferida pela abolição da escravidão.” (ABRAHÃO; SOARES, 2009, p. 17), e foi, sem dúvida nenhuma, largamente utilizado pelas elites e pelas autoridades a fim de consolidar essa forma de se ver o país.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebemos, durante a pesquisa e a análise dos documentos aqui expostos, que o futebol se colocava na São Paulo dos anos 1930 como um ambiente no qual as disputas existentes na cidade eram colocadas em evidência. Elas não parecem ser criadas pela prática do futebol na cidade, no entanto, o esporte era um ambiente favorável para enxergá-las e analisá-las com maior clareza.

A presença de determinadas questões relativas ao esporte nos jornais nos permitiu observar como os contemporâneos vivenciavam o futebol, bem como sua importância na vida destes indivíduos. Tratando mais detidamente do futebol oficial, os cronistas nos permitem enxergar embates e disputas contrárias ao futebol dos operários e sua organização. O jogo de várzea, tão popular na cidade, tinha pouco espaço nos jornais, que preferiam tratar dos campeonatos oficiais, muito provavelmente como uma forma de marginalizar ainda mais a prática do futebol pelas camadas populares da cidade.

O futebol praticado por trabalhadores de São Paulo nos permite refletir sobre um momento em que a cidade crescia cada vez mais em população e em industrialização. Sendo utilizado por esses trabalhadores como espaço de mobilização, “os clubes de fábrica nos dão conta de um momento específico da experiência operária” (ANTUNES, 1992, p. 185). Porém não eram apenas os trabalhadores que tiravam proveito desse espaço, pois os donos de fábricas e estabelecimentos comerciais se utilizavam do jogo como forma de propaganda.

Além do futebol dos operários, o estudo demonstrou como a questão racial não era colocada abertamente nos periódicos analisados, porém a análise do livro de Salathiel Campos, publicado integralmente pelo Correio Paulistano, evidenciou os limites da integração racial no futebol paulistano. Além do que se falava nos periódicos da época, o silenciamento com relação a estas questões também é um dado da realidade que permite compreendermos que o racismo não havia sido superado na cidade, tão pouco no esporte, na cultura e na sociedade.

REFERÊNCIAS

  • ABRAHÃO, Bruno Otávio de Lacerda; SOARES, Antonio Jorge Gonçalves. O elogio ao negro no espaço do futebol: entre a integração pós-escravidão e a manutenção das hierarquias sociais. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, v.30, n.2, p.9-23, jan. 2009.
  • ANTUNES, Fatima Martin Rodrigues Ferreira. Futebol de fábrica em São Paulo. 1992. 190 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992.
  • AULIO. A LECI é prejudicial à APEA. Folha da Manhã, São Paulo, p. 12, 15 jul. 1930.
  • CAMPOS, Salathiel. O homem negro no esporte Bandeirante. Correio Paulistano, São Paulo, p. 7, 03 out. 1934a. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_08&PagFis=0&Pesq;= Acesso em: 07 jun. 2020.
    » http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_08&PagFis=0&Pesq;=
  • CAMPOS, Salathiel. O homem negro no esporte Bandeirante III. Correio Paulistano, São Paulo, p. 7, 05 out. 1934b. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_08&PagFis=0&Pesq;= Acesso em: 07 jun. 2020.
    » http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_08&PagFis=0&Pesq;=
  • CAMPOS, Salathiel. O homem negro no esporte Bandeirante V. Correio Paulistano , São Paulo, p. 12, 07 out. 1934c. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_08&PagFis=0&Pesq;= Acesso em: 07 jun. 2020.
    » http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_08&PagFis=0&Pesq;=
  • CAMPOS, Salathiel. O homem negro no esporte Bandeirante VI. Correio Paulistano , São Paulo, p. 7, 09 out. 1934d. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_08&PagFis=0&Pesq;= Acesso em: 07 jun. 2020.
    » http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=090972_08&PagFis=0&Pesq;=
  • CAPRARO, André Mendes. Mario Filho e a 'Invenção' do Jornalismo Esportivo Profissional. Movimento, v. 17, n. 2, p. 213-224, abr./ jun. 2011a.
  • CAPRARO, André Mendes. O Futebol na Obra de um Ensaísta: Gilberto Freyre e o ideal da integração racial. Revista da Educação Física - UEM, v. 22, n. 1, p. 139-149, jan./mar. 2011b.
  • DALBEN, André; GOIS JUNIOR, Edivaldo. Embates esportivos: o debate entre médicos, educadores e cronistas sobre o esporte e a educação da juventude (Rio de Janeiro e São Paulo, 1915-1929). Movimento , v. 24, n. 1, p. 161-172, jan./mar. 2018.
  • DIABOS, J dos. Ilmo. Sr. Raphael Lambertini, m.d. presidente da LECI. Folha da Manhã, São Paulo, p. 8, 30 jul. 1930.
  • DIAS, Cleber. Esportes nos confins da civilização: Goiás e Mato Grosso, 1866-1936. Rio de Janeiro: 7letras, 2018.
  • DRUMOND, Mauricio. O “dissídio esportivo” e o processo de profissionalização do futebol no Rio de Janeiro (1933-1937). In: GOMES, Eduardo de Souza; PINHEIRO, Caio Lucas Morais (org.). Olhares para a profissionalização do futebol: análises plurais. Rio de Janeiro: Multifoco, 2015. p. 73-91.
  • ESTÁ EM PERSPECTIVA uma scisão no esporte bancário. Correio de São Paulo, São Paulo, p. 4, 27 abr. 1934. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=720216&PagFis=0&Pesq= Acesso em: 07 jun. 2020.
    » http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=720216&PagFis=0&Pesq=
  • FONTES, Paulo. Futebol de Várzea and the Working Class: Amateur Football in São Paulo, 1940s - 1960s. In: FONTES, Paulo; HOLLANDA, Bernardo B. The country of football: politics, popular culture and the beautiful game in Brazil. London: Hurst, 2014. p. 87-101.
  • FONTES, Paulo; HOLLANDA, Bernardo Buarque de. The country of football: politics, popular culture and the beautiful game in Brazil. London: Hurst , 2014.
  • GAMBETA, Wilson. A bola rolou: o Velódromo Paulista e os espetáculos de futebol (1895-1916). São Paulo: SESI-SP Editora, 2015.
  • GOMES, Eduardo de Souza; PINHEIRO, Caio Lucas Morais (org.). Olhares para a profissionalização do futebol: análises plurais. Rio de Janeiro: Multifoco , 2015.
  • HOLLANDA, Bernardo Borges Buarque de; MELO, Victor de Andrade de (org.). O esporte na imprensa e a imprensa esportiva no Brasil. Rio de Janeiro: 7letras, 2012.
  • JACKSON, Gregory. Malandros, ‘Honourable Workers’ and the Professionalisation of Brazilian Football, 1930-1950. In: FONTES, Paulo; HOLLANDA, Bernardo Buarque de. (org.). The Country of Football: politics, popular culture & the beautiful game in Brazil. London: Hurst . 2014. p.41-66.
  • LOPES, José Sergio Leite. Classe, etnicidade e cor na formação do futebol brasileiro. In: BATALHA, Cláudio; SILVA, Fernando Teixeira da; FORTES, Alexandre. (org.). Culturas de classe. Campinas: Editora Unicamp, 2004. p.121-166.
  • MARIUS. Abusos da LECI e a inercia dos Apeanos. Folha da Manhã, São Paulo, p. 9, 22 jul. 1930a.
  • MARIUS. Clubes esportivos ou agencias de colocações... Folha da Manhã, São Paulo, p. 9, 25 jun. 1930b.
  • MARTINS, Ana Luiza. Revistas em Revista: Imprensa e Práticas Culturais em Tempos de República, São Paulo (1890-1922). São Paulo: EDUSP; FAPESP, 2001.
  • MELO, Victor Andrade de. Amador ou profissional? Um debate primordial no campo esportivo. In: GOMES, Eduardo de Souza; PINHEIRO, Caio Lucas Morais (org.). Olhares para a profissionalização do futebol: análises plurais. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2015. p. 19-44.
  • PEREIRA, Leonardo Affonso de Miranda. Footballmania: uma história social do futebol no Rio de Janeiro - 1902-1938. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
  • A REFORMA dos estatutos da APEA. Folha da Manhã, São Paulo, p. 12, 03 mar. 1932.
  • RODRIGUES FILHO, M. O Negro no Futebol Brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Mauad; Faperj, 2003.
  • SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
  • SOARES, Antonio Jorge G. Futebol, raça e nacionalidade - releitura da história oficial. 1998. Tese (Doutorado em Educação Física) - Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 1998.
  • SOARES, Antonio Jorge G. História e a invenção de tradições no futebol brasileiro. In: HELAL, Ronaldo; SOARES, Antonio Jorge G.; LOVISOLO, Hugo. A invenção do país do futebol: mídia, raça e idolatria. Rio de Janeiro: Mauad, 2001. p. 13-50.
  • SOARES, Antonio Jorge G.; LOVISOLO, Hugo. Futebol: a construção histórica do estilo nacional. In: HELAL, Ronaldo; LOVISOLO, Hugo; SOARES, Antonio Jorge G. Futebol, jornalismo e ciências sociais: interações. Rio de Janeiro: EDUERJ; FAPERJ, 2011. p. 33-52.
  • THOMPSON, Edward Palmer. A miséria da teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
  • Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) Finance Code 001

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    13 Jan 2020
  • Aceito
    11 Maio 2020
location_on
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750 Jardim Botânico, CEP: 90690-200, RS - Porto Alegre, (51) 3308 5814 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: movimento@ufrgs.br
rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
Acessibilidade / Reportar erro