PEDAGOGIA DO ESPORTE NO BRASIL: ANÁLISE A PARTIR DAS PUBLICAÇÕES EM PERIÓDICOS BRASILEIROS ENTRE 2015 E 2020

SPORT PEDAGOGY IN BRAZIL: ANALYSIS BASED ON PUBLICATIONS IN BRAZILIAN SCIENTIFIC JOURNALS BETWEEN 2015 AND 2020

PEDAGOGÍA DEPORTIVA EN BRASIL: ANÁLISIS BASADO EN PUBLICACIONES EN REVISTAS CIENTÍFICAS BRASILEÑAS ENTRE 2015 Y 2020

Resumo

Objetivamos analisar publicações referentes à Pedagogia do Esporte (PE) ao longo do tempo. Coletamos dados em periódicos brasileiros, considerando o período de “julho/2015-dezembro/2020”, incluindo artigos com o termo “Pedagogia do Esporte” nas palavras-chave, título e/ou resumos. Selecionamos e analisamos qualitativamente e quantitativamente 44 artigos. Identificamos que 83,8% das publicações concentram-se na região sul e sudeste do Brasil, que há prevalência de pesquisas teóricas, de estudos voltados à metodologia de ensino, aspectos técnico-táticos e esportes institucionalizados. Assim, consideramos necessário descentralizar e ampliar o escopo das pesquisas em PE e incluir palavras-chave e termos que remetam a ela e a temáticas estudadas nos artigos, facilitando sua identificação e acesso.

Palavras-chave
Pedagogia do Esporte; Educação Física; Ciências do Esporte; Estado da Arte

Abstract

We aimed to analyze publications relating to Sports Pedagogy (SP) over time. We collected data in Brazilian journals, considering the period “July/2015-December/2020”, including articles with the term “Sports Pedagogy” in the keywords, title and/or abstracts. We selected and qualitatively and quantitatively analyzed 44 papers. We identified that 83.8% of publications are concentrated in the south and southeast region of Brazil, that there is a prevalence of theoretical research, studies focused on teaching methodology, technical-tactical aspects and institutionalized sports. Therefore, we consider it necessary to decentralize and expand the scope of research in SP and include keywords and terms that refer to it and the themes studied in the articles, facilitating their identification and access.

Keywords
Sports Pedagogy; Physical education; Sports Sciences; State of Art

Resumen

El objetivo fue analizar las publicaciones relacionadas con la Pedagogía del Deporte (PD) a lo largo del tiempo. Se recolectaron datos en revistas brasileñas, considerando el período “julio/2015-diciembre/2020”, incluyendo artículos con el término “Pedagogía del Deporte” en las palabras clave, título y/o resúmenes. Se seleccionaron y analizaron cualitativa y cuantitativamente 44 artículos. Identificamos que el 83,8% de las publicaciones se concentran en la región sur y sureste de Brasil, que predominan investigaciones teóricas, estudios centrados en metodología de la enseñanza, aspectos técnico-tácticos y deportes institucionalizados. Por ello, consideramos necesario descentralizar y ampliar el alcance de la investigación en PD e incluir palabras clave y términos que hagan referencia a ella y a los temas estudiados en los artículos, facilitando su identificación y acceso.

Palabras clave
Pedagogía del Deporte; Educación Física; Ciencias del Deporte; Estado del Arte

1 INTRODUÇÃO

Nutridas por subsídios de diferentes campos do conhecimento, as novas tendências em "Pedagogia do Esporte" (PE) têm produzido e acumulado conhecimento acerca do processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento dos esportes em contextos plurais, contribuindo para formação ampla e crítica dos indivíduos a partir de diferentes referenciais (técnico-tático, socioeducativo e histórico-cultural) (Reverdito; Scaglia; Paes, 2013; Machado; Galatti; Paes, 2015; Galatti et al., 2014; Brasil, 2019; Brasil; Rodrigues; Paes, 2022; Brasil; Paes, 2022). Portanto, na contemporaneidade, a PE se distancia de perspectivas tradicionais de ensino-aprendizagem tecnicistas e utilitaristas, com ênfase exacerbada no desempenho esportivo. Nesse sentido, considera o ser humano enquanto objeto central do processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento das práticas corporais (em especial, as esportivas) e pauta-se nas ciências biológicas e humanas para compreender o Esporte e sua influência na formação humana e em diferentes campos sociais.

O conhecimento produzido acerca da PE entre os anos de 2000-2009 foi objeto de estudo de Rufino e Darido (2011), que analisaram oito periódicos com classificação entre B1 e B4 (estrato "QUALIS /CAPES" de 2008). Evidenciaram que 52 artigos tematizavam a PE e que houve ao menos duas publicações relacionadas a ela por ano e o máximo de 16 em um único ano (2008). Já os temas mais e menos abordados foram "jogos esportivos coletivos" (27% do total) e "esporte de alto rendimento" (1% do total). Concluíram que no período analisado a produção científica em PE era escassa, sinalizando a necessidade de produção de novos conhecimentos acerca do tema, principalmente relacionados a: esportes individuais; contexto escolar; alto rendimento; grupos especiais (Rufino; Darido, 2011).

Já Costa et al. (2019), analisam as publicações referentes a PE em periódicos brasileiros com classificação entre A1 ou B5 (ano de referência do estrato QUALIS/CAPES não informado) publicados entre 2010-junho/2015. Identificaram 37 periódicos e 40 artigos, nos quais os temas mais e menos abordados foram "metodologia de ensino" (80% do total), "livro didático", "especialização tardia", "esporte e saúde" e "esporte e política" (correspondendo a 2,5% do total cada) (Costa et al., 2019). Apontaram que 60 autoras(es) publicaram acerca do tema e que “jogos esportivos coletivos” foram objeto de estudo de 28 pesquisas, destaque para o “Handebol”, abordado em 12 artigos. Apontaram que há campos relacionados à PE que carecem de estudos e que esta é uma disciplina em estágio de desenvolvimento que pode ter a busca de informações facilitada pela utilização do termo "Pedagogia do Esporte" nos títulos e/ou palavras-chave em publicações.

A partir das publicações supracitadas (Rufino; Darido, 2011; Costa et al., 2019), identificamos lacunas referentes a dados do período de julho de 2015 em diante e acerca de quais referenciais da PE permeiam ou balizam pesquisas voltadas a ela. Logo, a partir da análise das publicações voltadas a PE entre julho/2015 à dezembro/2020, o presente artigo buscou ampliar a compreensão acerca da produção científica relacionada à PE, identificar possíveis lacunas e temáticas que carecem de investimento científico para melhor compreensão do fenômeno esportivo e de seu processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento.

2 MÉTODO

Trata-se de um estudo do tipo, “Estado da Arte” (Ferreira, 2002; Romanowski; Ens, 2006), pautado no método "Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses" (PRISMA), visto sua relevância para condução de buscas sistemáticas e triagem de artigos a partir de um questionamento inicial (Page et al., 2021) e de sua confiabilidade para realização de pesquisas científicas e facilidade de reprodutibilidade do estudo. Dito isso, os questionamentos que balizaram a presente pesquisa foram: "Quantas publicações científicas voltadas à PE ocorreram de 01/07/2015 a 31/12/2020?”; “Quais tipos de pesquisa realizadas?”; “Quais temas e práticas corporais abordadas?” “Quais referenciais da PE presentes nos estudos?”; "Quem são as autoras(es) e qual o ano de publicação?"; "Qual a classificação dos periódicos?".

Critérios para seleção dos periódicos:

• Revistas acadêmicas abordadas por Costa et al. (2019) e Rufino e Darido (2011);

• Periódicos de acesso gratuito e online;

• Possuir classificação no estrato "QUALIS /CAPES" referente ao "Quadriênio 2017-2020" entre "A1" e "C” no campo de avaliação "Educação Física".

Critérios para exclusão de periódicos:

• Periódicos não correspondentes aos critérios de inclusão;

• Periódicos não identificados na “Plataforma Sucupira” -” QUALIS/Capes”, busca na internet ou que seus sites estivessem inacessíveis entre os dias 01 e 30 de julho de 2022.

Critérios para inclusão de artigos:

• Publicações realizadas entre julho/2015 e dezembro/2020;

• Apresentar o termo "Pedagogia do Esporte" no título, resumo ou palavras-chave.

Critérios para exclusão de artigos:

• Não corresponder aos critérios de inclusão;

• Publicações do tipo: “Cartas”, “Nota Editorial”, “Entrevistas”, “Anais”; "Capítulos de livros", "Livros" e “Resumos”.

As buscas por periódicos ocorreram por meio da ferramenta de busca gratuita do "Google" e a verificação de sua classificação no "QUALIS/CAPES" via "Plataforma Sucupira", na qual sua identificação se deu por meio do título e ISSN. Já a identificação dos artigos ocorrera por meio de buscas sistematizadas pelo termo "Pedagogia do Esporte" nos periódicos alvos, delimitadas ao período de 01 de julho de 2015 a 31 de dezembro de 2020. As buscas ocorreram entre os dias 01 e 30 de julho de 2022.

Para fins de análise, consideramos 17 categorias temáticas apresentadas por Brasil e Paes (2022):

– “Metodologias de Ensino”, artigos que abordam as metodologias e propostas de ensino e aprendizagem das práticas esportivas;

– “Iniciação Esportiva”, publicações relacionadas aos primeiros contatos do ser humano (de qualquer idade) com as práticas esportivas, incluindo a “iniciação esportiva tardia”;

– “Livro Didático”, trabalhos nos quais o material didático é abordado enquanto instrumento para o processo de ensino-aprendizagem;

– “Esporte Escolar”, trabalhos que abordem o processo de ensino, vivência e aprendizagem dos esportes no contexto escolar. Ou seja, referentes ao Esporte “da” e “na” escola;

– “Especialização Precoce”, publicações referentes a compreensão dos efeitos da especialização esportiva na infância;

– “Treinamento e Rendimento Esportivo”, artigos relacionados às questões técnicas, táticas, fisiológicas, maturacionais e métodos para o treinamento esportivo em diferentes fases da vida (adolescência, fase adulta e velhice) e contextos (categorias de base - atletas com idade inferior a 18 anos de idade, esporte amador e profissional);

– “Esporte e Política”, pesquisas relacionadas a políticas públicas no âmbito esportivo;

– “Esporte e Cultura”, estudos que abordam o Esporte enquanto manifestação cultural;

– “Projeto Social”, artigos que abordam o Esporte em contextos de ensino, vivência e aprendizagem voltados principalmente aos aspectos sociais das práticas esportivas. Por exemplo, nos quais o rendimento esportivo não é o objetivo principal da intervenção pedagógica, mas: a sociabilização, a aquisição e manutenção de valores e modos de comportamentos positivos em detrimento dos negativos, desenvolver o pensamento crítico etc.;

– “Esporte e Lazer”, publicações que abordam a manifestação físico-esportivas do Lazer: práticas esportivas vivenciadas no “tempo disponível”; práticas esportivas nos espaços de Lazer; formação para e pelo Lazer por meio do Esporte.

– “Esporte Universitário”, pesquisas voltadas ao Esporte no contexto universitário (atletas universitários, projetos de extensão [universitária, etc.);

– “Ensino-aprendizagem não formal”, artigos que tratam do processo de ensino, vivência e aprendizagem esportiva em contextos não formais de ensino;

– “Esporte e Saúde”, publicações que tratam da influência das práticas esportivas na manutenção da saúde e qualidade de vida;

– “Esporte Adaptado”, pesquisas voltadas as práticas esportivas para pessoas com deficiência;

– “Esporte e Marketing”, estudos que abordam o Esporte sob perspectiva do campo da comunicação corporativa ou institucional;

– “Esporte e Gênero”, trabalhos que abordam as questões de gênero no contexto esportivo.

– “Artigos de Revisão”, pesquisas de revisão de literatura cuja temática não se enquadre em nenhuma das categorias anteriores.

(Brasil; Paes, 2022, p. 249-251)

A categorização ocorreu por meio da identificação do tema central dos artigos e considerou principalmente as "palavras-chave" e "títulos", seguida da leitura dos textos. Mesmo modo utilizado para a identificação do referencial da PE predominante. Logo, tanto a classificação dos artigos nas categorias supracitadas, quanto à identificação dos referenciais, para além dos critérios (título e palavras-chave), em alguns casos se deu de modo subjetivo, a partir de nossa interpretação da leitura dos textos.

Já as análises quantitativas (trato estatístico, gráficos e tabelas), foram realizadas utilizando o software, "Microsoft Excel", "versão 2010". Dito isso, na figura 1 ilustramos o processo de identificação, seleção, elegibilidade e inclusão de periódicos e artigos:

Figura1
Processo de triagem dos artigos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para além da triagem de artigos identificada na Figura 1, na tabela 1 apresentamos a quantidade de periódicos alvo e desconsiderados nesta pesquisa. Note que de 191 publicações identificadas em 29 revistas, 44 corresponderam aos nossos critérios de inclusão, enquanto Rufino e Darido (2011) identificaram 52 e Costa et al. (2019), 40. Se ignorarmos o fato de que Rufino e Darido (2009) consideraram 8 periódicos e Costa et al. (2019) 37, pode se dizer que identificamos aproximadamente 15.4% de artigos a menos (8) que Rufino e Darido (2009) e 10% superior (4) aos de Costa et al. (2019).

Tabela 1
Triagem de periódicos e publicações.

Descrição	Quantidade
Total de Periódicos Alvo	37
Periódicos Considerados	29
Periódicos Desconsiderados	08
Artigos Identificados	191
Artigos Correspondentes à busca	46
Artigos Considerados após triagem final/leitura	44

• Fonte: Os autores

Na tabela 2, apresentamos os 8 periódicos desconsiderados:

Tabela 2
Motivo para exclusão de periódicos da pesquisa.

Periódicos desconsiderados	Título	Classificação	Motivo
1983-3237	Corpo e Movimento Educação Física	B4	Site não encontrado
----	“Revista Brasileira de Psicologia do Esporte”	B4	Periódico não identificado
0104-8031	Revista Mineira de Educação Física	--	Site indisponível. Não Identificado no Qualis (2017-2020)
1519-1443	Revista Eletrônica do Movimento Humano (Kinein)	--	Site indisponível. Não Identificado no Qualis - 2017-2020
1980-6892	Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte	--	Não Identificado no Qualis (2017-2020)
1809-1296	Esporte e Sociedade	--	Não Classificado na Área da Educação Física no Qualis (2017-2020)
1679-8678	Movimento e Percepção	--	Não Identificado no Qualis - 2017-2020
2179-4677	Atividade Física, Lazer e Qualidade de Vida: R. Educação Física	--	Não Identificado no Qualis - 2017-2020

• Fonte: Os autores

Já na Tabela 3, é possível visualizar a quantidade total de artigos identificados em cada periódico, com os referentes a PE identificados entre parênteses (n).

Tabela 3
Artigos identificados na pesquisa.

ISSN	Título do Periódico	Classificação	Período						Total por periódico
			2ºsem/ 2015	2016	2017	2018	2019	2020
1982-8918	Movimento	B1	1(0)	3(1)	4(0)	2(0)	2(1)	3(2)	15(4)
1980-6574	Motriz: Revista de Educação Física	B1	0	0	12(0)	0	0	0	12(0)
2182-2972	Motricidade	B1	0	1(0)	0	1(0)	0	0	2(0)
2179-3255	Revista Brasileira de Ciências do Esporte	B1	0	1(0)	0	0	0	0	1(0)
2177-4005	Cinergis	B2	0	0	1(0)	0	0	0	1(0)
0103-1716	Revista Brasileira de Ciência do Movimento	B2	0	3(0)	4(2)	4(0)	3(2)	0	14 (4)
1983-6643	Educação Física em Revista1	B3	0	1(1)	0	1 (0)	02	0	2 (1)
1981-9730	Universitas: Ciências da Saúde	B2	0	0	0	0	0	0	0
1983-3083	Revista da Educação Física	B2	1(0)	9(2)	1(2)3	0	0	1(0)	12(4)
1981-4690	Revista Brasileira de Educação Física e Esporte	B2	0	1(1)	2(1)	0	0	0	3(2)
1982-8985	Recorde: Revista de História do Esporte	B2	0	0	0	0	0	0	0
2237-3373	Revista Intercontinental de Gestão Esportiva	B2	0	0	0	0	0	11(0)	11(0)
1980-6183	Pensar a Prática	B2	2(0)	7(1)	10(3)	8(0)	5(0)	4(1)	36(5)
2317-1634	Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde	B2	0	0	0	0	0	0	0(0)
1516-2168	Licere - Revista do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer	B2	0	0	0	1(1)	1(0)	0	2(1)
0103-4111	Motrivivência	B2	1(0)	2(1)	3(0)	1(0)	1(0)	6(2)	14(3)
1981-4313	Coleção Pesquisa em Educação Física	B2	0	0	0	2(2)	0	0	2(2)
1983-9030	Conexões	B2	3(1)	3(0)	3(2)	6(1)	1(1)	2(1)	18(6)
2238-2259	Acta Brasileira do Movimento Humano	B2	0	0	0	0	0	0	0
2238-0000	Revista da Alesde	B2	0	1(0)	1(0)	0	0	0	2(0)
2318-5104	Revista Brasileira de Futebol	B2	0	0	0	0	1(1)	0	1(1)
0102-8308	Kinesis	B3	0	1(1)	1(0)	1(1)	1(1)	1(0)	5(3)
1809-9556	Arquivos Em Movimento	B3	0	0	2(1)	1(0)	0	0	3(1)
2175-6651	Pulsar	B3	0	0	0	0	0	0	0
1983-7194	Caderno de Educação Física e Esporte	B3	0	2(0)	1(0)	2(1)	2(0)	7(3)	14(4)
1984-4956	Revista Brasileira de Futsal e Futebol	B3	2(5)	8(1)4	1(0)	5(0)	3(0)	1(0)	20(6)
2317-3467	Revista Biomotriz	B3	0	0	0	0	0	0	0
1984-4298	Movimenta	B3	0	0	0	0	0	0	0
“Portal de periódicos”5	Ulbra (B4)	B4	0	0	0	0	0	1(0)	1(0)
Total por ano			10 (6)	43 (9)	46 (11)	35 (6)	20 (6)	37 (9)	191 (47)

• Fonte: Os autores
• Observação: Aqui identificamos a quantidade total de artigos encontrados antes do processo de triagem final (leitura), que culminou na eliminação de artigos por não corresponderem aos critérios de inclusão.

Na tabela 3, informamos os títulos das revistas na integra e seus respectivos ISSN, de modo a facilitar sua identificação e a reprodutibilidade da metodologia desta pesquisa. Algo relevante, visto que Costa et al. (2019), ao não fazê-lo dificultaram a identificação dos periódicos que estudaram, não deixando claro se ao citarem a "Revista Ulbra", identificada aqui como um portal de periódicos, se referiam ao portal de modo geral (como aqui fizemos) ou a uma revista específica dele. Bem como, se ao citarem o periódico, "Psicologia do Esporte", se referiam ao título da revista abreviado ou na integra, uma vez que não identificamos um periódico com tal título, aqui consideramos a “Revista Brasileira de Psicologia do Esporte”, dada a similaridade do título.

Costa et al. (2019) também não citam em qual estrato “QUALIS/CAPES” basearam sua classificação de periódicos. Ao comparar a utilizada por Rufino e Darido (2011), Brasil e Paes (2022) e por nós, identificamos que as classificações das 37 revistas consideradas por Costa et al. (2019) não coincidem com os de nenhuma das pesquisas citadas. Logo, fizemos um levantamento na “Plataforma Sucupira” referente a classificação “QUALIS/CAPES”-“2010-2012”, a partir da qual verificamos que a classificação de duas revistas divergiram das apresentadas por estes autores, “Atividade Física, Lazer e Qualidade de Vida: R. Educação Física” e “Revista da Alesde”, que, conforme ilustrado na Tabela 4 (nas próximas páginas), não foram identificadas na busca, o que pode indicar que não foi essa a classificação considerada por Costa et al. (2019) ou que o sistema apresentou inconsistência/erro durante nossa busca.

Observe na tabela 4 que desconsideramos a classificação apresentada por Rufino e Darido (2011), uma vez que não a encontramos para que pudéssemos comparar todos os periódicos. Dito isso, abaixo apresentamos dados da Tabela 4 graficamente:

Figura 2
Classificação dos periódicos nos estratos QUALIS/CAPES “2010-2012”, “2013-2016” e “2017-2020”.

Tabela 4
Classificação de Periódicos nos estratos QUALIS/CAPES “2010-2012”, “2013-2016” e “2017-2020”.

ISNB	Periódico	Classificação 2017-2020	Classificação 2013-2016	Classificação 2010-2012
1982-8918	Movimento	B1	A2	A2
1980-6574	Motriz: Revista de Educação Física	B1	B1	A2
2182-2972	Motricidade	B1	B1	B1
2179-3255	Revista Brasileira de Ciências do Esporte	B1	B1	B1
2177-4005	Cinergis	B2	B5	B4
0103-1716	Revista Brasileira de Ciência do Movimento	B2	B2	B2
1983-6643	Educação Física em Revista	B3	B4	B4
1981-9730	Universitas: Ciências da Saúde	B2	B4	B5
1983-3083	Revista da Educação Física	B2	B1	B1
1981-4690	Revista Brasileira de Educação Física e Esporte	B2	B1	B1
1982-8985	Recorde: Revista de História do Esporte	B2	B4	B4
2237-3373	Revista Intercontinental de Gestão Esportiva	B2	B4	B4
1980-6183	Pensar a Prática	B2	B2	B2
2317-1634	Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde	B2	B2	B2
1516-2168	Licere - Revista do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer	B2	B2	B2
0103-4111	Motrivivência	B2	B2	B4
1981-4313	Coleção Pesquisa em Educação Física	B2	B4	B4
1983-9030	Conexões	B2	B4	B4
2238-2259	Acta Brasileira do Movimento Humano	B2	B5	B4
2238-0000	Revista da Alesde	B2	B5	N/I
2318-5104	Caderno de Educação Física e Esporte	B3	B4	B4
0102-8308	Kinesis	B3	B4	B4
1809-9556	Arquivos Em Movimento	B3	B4	B4
2175-6651	Pulsar	B3	B4	B4
1983-7194	Revista Brasileira de Futebol	B2	B4	B4
1984-4956	Revista Brasileira de Futsal e Futebol	B3	B4	B4
2317-3467	Revista Biomotriz	B3	B5	B4
1984-4298	Movimenta	B3	B4	B4
Portal de periódicos	Ulbra (B4)	B4	B4	B4
1983-3237	Corpo e Movimento Educação Física	B4	B5	B4
1981-9145	Revista Brasileira de Psicologia do Esporte	B4	B4	B4
0104-8031	Revista Mineira de Educação Física	N/I	B4	B4
1980-6892	Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte	N/I	B3	B4
1809-1296	Esporte e Sociedade	B1	B4	B4
1679-8678	Movimento e Percepção	N/I	B4	B4
2179-4677	Atividade Física, Lazer e Qualidade de Vida: R. Educação Física	N/I	B5	N/I
1519-1443	Revista Eletrônica do Movimento Humano (Kinein)	N/I	N/I	B4

• Fonte: Os autores
• Observação: N/I refere-se a periódicos “não identificados” na busca realizada na “Plataforma Sucupira” referente ao “QUALIS/CAPES”. O que nos permite supor que não possuíam classificação ou que o sistema apresentava erro na busca.

Não temos o objetivo de apresentar e discutir o modo como ocorreram as classificações de cada estrato "QUALIS/CAPES" supracitados, mas cabe mencionar que ao longo do tempo sofreram alterações que impactaram diretamente a classificação das revistas⁶. Dito isso, nota-se na Tabela 4 e Figura 2, que ao passar dos anos a classificação de diversos periódicos se alterou, reflexo dos critérios avaliativos de cada estrato "QUALIS/CAPES". Observa-se ainda que no estrato "2017-2020" não identificamos nenhum periódico com classificação “A”, que a quantidade de B1 se manteve e de B2 e B3 aumentaram significativamente, somados, representando 78.4% do total, enquanto B4, B5 e "não identificados" (N/I)⁷ tiveram uma redução drástica se comparado a estratos anteriores, representando aproximadamente 21.6% do total, 73% no estrato “2010-2012” e 67.5% no de “2013-2016”. Ignorando os critérios avaliativos de cada estrato, podemos inferir que as pesquisas desenvolvidas no campo da PE têm apresentado melhor qualidade, expressa pela melhora de classificação dos periódicos voltados a Educação Física (EF), Ciências do Esporte (CE) e campos correlatos e publicações nestes.

3.1 ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES CONSIDERADAS

As descrições das publicações analisadas encontram-se na Tabela 5 (nas próximas páginas) e apresentam: periódico; título; ano de publicação; referenciais da PE; esporte ou prática corporal; autores(as) e seus respectivos vínculos institucionais/cidade-estado.

Tabela 5
Descrição dos artigos considerados na pesquisa.

Periódico	Título	Autoria	Vínculo Institucional do 1º(a) autor(a)/Cidade, Estado, País	Ano de Publicação	Esporte ou Pratica Corporal	Referencial	Categoria Temática	Tipo de Pesquisa
Movimento	Campos de atuação em ginástica: estado da arte nos periódicos brasileiros	Michele Viviene Carbinatto et. al	Universidade de São Paulo/São Paulo, SP, Brasil	2016	Ginástica	HC	Revisão	Teórica
Movimento	Produção do conhecimento em lutas no currículo da Educação Física Escolar	Marcio Antonio Raiol Santos; Pedro Paulo Souza Brandão	Universidade Federal do Pará/Belém, PA, Brasil	2019	Lutas	TT; HC; SE	Esporte Escolar	Teórica
Movimento	Pedagogia do Esporte e o Referencial Socioeducativo: diálogos entre a teoria e a prática	Artur Goulart Berger; Guy Ginciene; Thiago José Leonardi	Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Porto Alegre, RS, Brasil	2020	Futebol e Futsal	SE	Projeto Social	Empírica
Movimento	Pedagogia do Esporte e Educação Física: a convergência na busca da autonomia em relação aos significados culturais do esporte	Filipe Ferreira Ghidetti	Universidade Federal do Espírito Santo/Vitória, ES, Brasil	2020	N/E	HC; SE	Metodologia de Ensino	Teórica
RBCM	Análise da produção científica sobre atletismo no Brasil: uma revisão sistemática	Frainer et. al	Instituto Federal Catarinense/Blumenau, SC, Brasil	2017	Atletismo	HC	Revisão	Teórica
RBCM	O programa segundo tempo na região Centro-Oeste: continuidade e estrutura burocrática do esporte nos municípios	Paulo Mateus de Moras et. al	Universidade do Estado de Mato Grosso/Cáceres, MT, Brasil	2017	N/E – Programa Segundo Tempo	HC; SE	Esporte e Política	Empírica
RBCM	Primeiras aproximações para uma proposta de ensino dos jogos de rede/parede: reflexões sobre o Tênis de Campo e o Voleibol	Guy Ginciene; Fernanda Moreto Impolcetto	Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Porto Alegre, RS, Brasil	2019	Tênis de Campo e Voleibol	TT	Metodologia de Ensino	Teórica
RBCM	Ensino do Kung-Fu sob a ótica de alunos inseridos num contexto da Pedagogia do Esporte	Caio Ramos Toledo, Ricardo Luis Fernandes Guerra, Rogério Cruz Oliveira	Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista/Santos, SP, Brasil	2019	Kung-Fu	TT	Esporte Universitário	Empírica
EFR	Processos de ensino da técnica na iniciação dos esportes coletivos: uma revisão da literatura	George Saliba Manske, Vinícius Campos, Jorge Eduardo Sais	Universidade do Vale do Itajaí/Itajaí, SC, Brasil	2016	N/E	TT	Metodologia de Ensino	Teórica
REF	Desafios para a Pedagogia do Esporte diante da influência do marketing no esporte contemporâneo	Leandro de Melo Beneli; Marcelo Weishaupt Proni; HC; SE Paulo Cesar Montagner	Universidade Estadual de Campinas/Campinas, SP, Brasil	2016	N/E	HC; SE	Esporte e Marketing	Teórica
REF	Os discursos dos treinadores de Handebol sobre as variáveis individuais e coletivas determinantes para o jogo ofensivo e as possíveis relações com o contexto pedagógico	Rafael Pombo Menezes; Heloisa Helena Baldy dos Reis	Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto, SP, Brasil	2017	Handebol	TT	Treinamento e Rendimento Esportivo	Empírica
REF	Comportamentos ofensivos diante de diferentes cenários defensivos no Handebol a partir da opinião de treinadores experientes	Rafael Pombo Menezes; Heloisa Helena Baldy dos Reis	Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto, SP, Brasil	2017	Handebol	TT	Treinamento e Rendimento Esportivo	Empírica
REF	Estratégias de transição ofensiva e defensiva no handebol na perspectiva de treinadores experientes	Rafael Pombo Menezes; Márcio Pereira Morato; Renato Francisco Rodrigues Marques	Universidade de São Paulo/Ribeirão Preto, SP, Brasil	2016	Handebol	TT	Treinamento e Rendimento Esportivo	Empírica
RBEFE	A produção acadêmica sobre ginástica: estado da arte dos artigos científicos	Regina Simões et. al	Universidade Federal do Triângulo Mineiro/Uberaba, MG, Brasil	2016	Ginástica	HC; SE; TT	Revisão	Teórica
RBEFE	Pedagogia do esporte e motivação: discussão à luz da opinião de ginastas	Michele Viviene Carbinatto et. al	Universidade de São Paulo/São Paulo, SP, Brasil	2017	Ginástica Artística	SE; HC	Iniciação Esportiva	Empírica
Pensar a Prática	Proposta pedagógica para o ensino da natação a partir do modelo pendular	Alessandro Demel Lotti; Rogerio Cruz Oliveira	Universidade Federal de São Paulo/Santos, SP, Brasil	2016	Natação	TT	Metodologia de Ensino	Teórica
Pensar a Prática	Pedagogia do Esporte e Tênis de Mesa: novas perspectivas para o ensino-treino do efeito na iniciação esportiva tardia	Taisa Belli et al.	Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas/Limeira, SP, Brasil	2017	Tênis de Mesa	TT	Metodologia de Ensino	Teórica
Pensar a Prática	Pedagogia do Esporte: sinalização para a avaliação formativa da aprendizagem	Thiago José Leonardi et. al	Faculdade Adventista de Hortolândia/Hortolândia, SP, Brasil	2017	N/E	TT	Metodologia de Ensino	Teórica
Pensar a Prática	O ensino dos jogos esportivos coletivos: avanços metodológicos dos aspectos estratégico-tático-técnicos	Larissa Rafaela Galatti et. al	Universidade Estadual de Campinas/Campinas, SP, Brasil	2017	N/E	TT	Metodologia de Ensino	Teórica
Pensar a Prática	Incorporar meninas nas aulas de esporte: pensando possíveis articulações entre os estudos de gênero e a pedagogia do esporte	Mariana Zuaneti Martins; Bruna Saurin Silva	Universidade Federal do Espírito Santo/Vitória, ES, Brasil	2020	N/E	HC; SE	Esporte e Gênero	Teórica
LICERE	O Basquete de Rua nos espaços de Lazer da Região Metropolitana de Campinas	Douglas Vinicius Carvalho Brasil et. al	Universidade Estadual de Campinas/Campinas, SP, Brasil	2018	Basquete de Rua	HC; TT	Esporte e Lazer	Empírica
Motrivivência	Pedagogia do Esporte: tornando o jogo possível no Judô infantil	Reinaldo Naia Cavazani et al.	Universidade Estadual de Campinas/Campinas, SP, Brasil	2016	Judô	TT; HC; SE	Metodologia de Ensino	Teórica
Motrivivência	Princípios pedagógicos do modelo teaching games for understanding: uma visão praxiológica sobre o ensino para compreensão do esporte	Felipe Menezes Fagundes; João Francisco Magno Ribas	Universidade Federal de Santa Maria/Santa Maria, RS, Brasil	2020	N/E	TT	Metodologia de Ensino	Teórica
Motrivivência	Resenha da obra Entre Devaneios e Ilusões: educação especial e memórias inclusivas	Patrick Ramon Stafin Coquerel et. al	Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ Natal, RN, Brasil	2020	Judô	TT; HC; SE	Esporte Adaptado	Teórica
CPEF	As concepções da Pedagogia do Esporte como abordagem na Educação Física Escolar do ensino fundamental i e ii em escolas públicas da cidade de Divinópolis/MG	Emanuela de Figueiredo Duarte et al.	Universidade do Estado de Minas Gerais/Divinópolis, MG, Brasil	2018	N/E	HC	Metodologia de Ensino	Empírica
CPEF	As propostas alternativas de ensino das modalidades esportivas coletivas: considerações sobre a prática	Thiago André Rigon; Mariana Harumi Cruz Tsukamoto; Rafael Batista Novaes	Escola de Artes Ciências e Humanidades/São Paulo, SP, Brasil	2018	N/E	TT	Metodologia de Ensino	Empírica
Conexões	A Pedagogia do Ensino das Modalidades Esportivas Coletivas e Individuais: um ensaio teórico	Rodrigo Luiz Vancini et al.	Universidade Federal do Espírito Santo/Vitória, ES, Brasil	2015	Ginástica	TT; SE	Metodologia de Ensino	Teórica
Conexões	Possibilidades pedagógicas para o ensino do Tênis na escola	Guy Ginciene; Fernanda Moreto Impolcetto; Suraya Cristina Darido	Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Porto Alegre, RS, Brasil	2017	Tênis	TT	Metodologia de Ensino	Teórica
Conexões	Perspectivas para o ensino do sistema defensivo 3:3 no handebol diante de desigualdades numéricas	Rafael Pombo Menezes et al.	Universidade de São Paulo/São Paulo, SP, Brasil	2017	Handebol	TT	Treinamento e Rendimento Esportivo	Teórica
Conexões	Pedagogia do esporte: publicações em periódicos científicos brasileiros de 2010 a 2015	Roberto Rocha Costa et al.	Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas/Limeira, SP, Brasil	2019	N/E	HC	Revisão	Teórica
Conexões	Jogos e/na iniciação esportiva: princípios e reflexões na ótica da Praxiologia Motriz	Deyvid Tenner de Souza Rizzo; Rogerio Zaim de Melo; Marcelo José Taques	Universidade Federal do Mato Grosso do Sul./MS, Brasil	2020	N/E	HC	Metodologia de Ensino	Teórica
Conexões	Lutas na escola: sistematização do conteúdo por meio da rede dos jogos de lutas	Marcos Paulo Vaz de Campos Pereira et. al	Universidade do Estado de Santa Catarina/Florianópolis, SC, Brasil	2017	Lutas	HC; SE; TT	Metodologia de Ensino	Teórica
CEFE	Planejamento e organização da competição esportiva pedagógica para crianças e adolescentes: um exemplo no basquetebol	Felipe Canan	Universidade Estadual de Maringá/ Maringá, PR, Brasil	2018	Basquetebol	TT	Esporte Escolar	Empírica
CEFE	Possíveis estratégias de avaliação da aprendizagem sobre o esporte em um projeto de Badminton na escola	João Marcelo de Queiroz Miranda et al.	Universidade Cidade de São Paulo/São Paulo, SP, Brasil	2020	Badminton	TT; HC; SE	Esporte Escolar	Empírica
CEFE	Leitura de jogo e tomada de decisão: elementos táticos do jogo nos esportes coletivos	Raquel Valente de Oliveira; Bruno Minuzzi Lanes	Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ Porto Alegre, RS, Brasil	2020	N/E	TT	Metodologia de Ensino	Teórica
CEFE	Inclusão do Tênis na formação de professores de educação física: experiências de ensino e de reconstrução em um curso de licenciatura	Wesly Otoni Ferreira et al.	Universidade Federal do Espírito Santo/ Vitória, ES, Brasil	2020	Tênis	TT; HC	Metodologia de Ensino	Empírica
Kinesis	As competições infanto-juvenis à luz da Pedagogia do Esporte	Hannah Aires et al.	Universidade Federal do Rio Grande Sul/ Porto Alegre, RS, Brasil	2016	N/E	SE; TT	Metodologia de Ensino	Teórica
Kinesis	A faixa etária para o ensino no Boxe: consenso e conflito	José Maria da Silva Cassiano; Felipe da Silva Triani	Faculdade Gama e Souza/ Bonsucesso, RJ, Brasil	2018	Boxe	HC	Iniciação Esportiva	Teórica
Kinesis	O esporte e a competição na educação física escolar: perspectivas educacionais a partir dos conceitos da pedagogia do esporte	Flaviane FariaI, André Felipe CaregnatoII, Fernando Renato Cavichiolli	Centro Universitário UNIDOMBOSCO/ Curitiba, PR, Brasil.	2019	N/E	SE; HC; TT	Esporte Escolar	Teórica
RBF	O papel do clube de futebol para o processo de formação do treinador: o caso do Paulínia futebol clube.	Alcides José Scaglia; Lucas Leonardo; Cristian Javier Ramirez Lizana	Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Aplicadas/Limeira, SP, Brasil	2019	Futebol	HC; SE; TT	Metodologia de Ensino	Empírica
RBFF	Estrutura das sessões de treinamento técnico-tático de equipes de futsal sub-13 e sub-15 ao longo da temporada esportiva	Michel Angillo Saad et. al	Universidade Federal de Santa Catarina/Florianópolis, SC, Brasil.	2015	Futsal	TT	Treinamento e Rendimento Esportivo	Empírica
RBFF	Análise da evolução do desempenho na execução dos fundamentos técnicos individuais defensivos por jogadores de linha do futsal menores de idade antes e após aulas específicas e intensivas	Marco Aurélio Paganella	Universidade de Santo Amaro/ Santo Amaro, SP, Brasil; Centro Universitário Ítalo Brasileiro/ Santo Amaro, SP, Brasil	2015	Futsal	TT	Iniciação Esportiva	Empírica
RBFF	Percepção positiva sobre o 1º festival de mini-futsal do univag	Fabricio Cesar de Paula Ravagnani et al	Instituto Federal do Mato Grosso (Bela Vista)/ Bela Vista, Cuiabá, MT, Brasil	2015	Futsal	TT; SE	Iniciação Esportiva	Empírica
RBFF	O desenvolvimento da motricidade global em crianças de 6 e 7 anos a partir dos jogos pré-desportivos coletivos	Franciele Del Agostini	Universidade Estácio de Sá/ São Paulo, SP, Brasil	2015	N/E (Jogos pré-desportivos)	TT	Iniciação Esportiva	Empírica

• Fonte: Os autores
• Abreviações, títulos completos e ISSN dos periódicos:
• - Movimento, ISSN: 1982-8918;
• - RBCM (Revista Brasileira de Ciência do Movimento), ISSN: 0103-1716;
• - EFR (Educação Física em Revista), ISSN: 1983-6643;
• - REF (Revista da Educação Física), ISSN: 1983-3083;
• - RBEFE (Revista Brasileira de Educação Física e Esporte), ISSN: 1981-4690;
• - Pensar a Prática, ISSN: 1980-6183;
• - LICERE (Licere - Revista do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer), ISSN: 1516-2168;
• - Motrivivência, ISSN: 0103-4111;
• - CPEF (Coleção Pesquisa em Educação Física), ISSN: 1981-4313;
• - Conexões, ISSN: 1983-9030;
• - CEFE (Caderno de Educação Física e Esporte), ISSN: 2318-5104;
• - Kinesis, ISSN: 0102-8308;
• - RBF (Revista Brasileira de Futebol), ISSN: 1983-7194;
• - RBFF (Revista Brasileira de Futsal e Futebol), ISSN: 1984-4956
• Observação 1: Alguns periódicos tiveram seu título abreviado na tabela, porém descritos na integra e com ISSN acima, de modo a facilitar sua identificação.
• Observação 2: N/E refere-se a “não especificados”.
• Observação 3: “HC” é a abreviação de “Histórico-cultural”, “SE” de “Socioeducativo” e “TT” de “Técnico-tático”.
• Observação 4: Consideramos a filiação dos autores e autoras mencionadas citadas nos artigos consultados. Não a atual vinculação institucional destes(as), uma vez que nos interessa identificar suas respectivas filiações no período de publicação dos artigos, de modo a conceber onde e quando as pesquisas que os originaram foram desenvolvidas.

Para fins de análise, consideramos apenas o primeiro(a) autor(as) de cada artigo apresentado na tabela 5. Identificamos 39 primeiros(as) autores(as)⁸, destaque para Rafael Pombo Menezes, na ocasião das publicações vinculado à "Universidade de São Paulo"(USP/Ribeirão Preto), pela publicação de 4 artigos, Guy Ginciene vinculado à “Universidade Federal do Rio Grande do Sul” e Michele Viviene Carbinatto, vinculada à “USP”, ambos pela publicação de 2 artigos cada. A tabela 5, permite inferir ainda que os(as) primeiros(as) autores(as) dos artigos vinculavam-se a 31 instituições⁹, das quais 7 eram privadas e as demais públicas. Bem como, que destes(as) 39 autores(as), aproximadamente 54,8% estavam vinculados(as) a instituições da região sudeste do Brasil, 29% (sul), 9,7% da centro-oeste, 3,2% (norte) e 3,2% (nordeste), conforme distribuição ilustrada na Figura 3:

Figura 3
Quantidade de publicações nas regiões e estados do Brasil

A figura 3, somada a tabela 5, permite inferir que pesquisas em PE no período analisado concentraram-se principalmente na região sudeste e sul do Brasil, principalmente no estado de São Paulo (aproximadamente 45,4% do total) no qual as instituições de 16 autores(as) estavam situadas, destacando-se neste estado a “Universidade Estadual de Campinas” (UNICAMP) (campus de Campinas) com quatro publicações, a Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp e a USP (campus de Ribeirão Preto) com três artigos cada. Outro estado que se destacou nessa região, foi o "Espírito Santo”, por meio da “Universidade Federal do Espírito Santo”, com quatro artigos. Já na região sul, a “Universidade Federal do Rio Grande do Sul”, também apresentou quatro publicações, enquanto na região norte e nordeste destacaram-se a “Universidade Federal do Pará” e a “Universidade Federal do Rio Grande do Norte” com um artigo cada e, no centro-oeste, o “Instituto Federal do Mato Grosso” (de Bela Vista), a “Universidade do Estado de Mato Grosso” e “Universidade Federal do Mato Grosso do Sul” com uma publicação cada.

Na tabela 5, nota-se ainda que de acordo com nossos critérios de inclusão, o ano de 2017 (11), 2020 (9) e 2016 (9) apresentaram maior incidência de publicações, enquanto que em 2018 (6) e 2019 (6) esta ocorrência foi menor. A fim de comparação com os resultados de Rufino e Darido (2011) e Costa et al. (2019), elaboramos a figura abaixo:

Figura 4
Publicações em Pedagogia do Esporte de 2000 a 2020.

Somados, os estudos referenciados na figura 4 contemplam um período de 21 anos e apresentam 139 publicações, das quais 49 (aproximadamente 35,2%) concentram-se no período de 2015 a 2020. Observe que não afirmamos que este seja o total, visto que, dado o objeto de estudo da PE (processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento dos esportes e práticas corporais) e os limites atribuídos pelos critérios de inclusão e exclusão de Rufino e Darido (2011), Costa et al. (2019) e por nós, é provável que a quantidade seja superior, já que temas pertinentes a PE, como, por exemplo, aspectos técnico-táticos no esporte de rendimento, podem ter sido publicados sem que seus autores(as) utilizassem o termo “Pedagogia do Esporte” no título, palavras-chave, resumos e até mesmo no corpo dos textos. Dito isso, observa-se ainda que o ano com maior número de publicação foi 2008 (16), enquanto 2000, 2002 e 2005 os com menor quantidade (2 cada). No entanto, há de se mencionar que Rufino e Darido (2011) se limitaram a analisar 8 periódicos com classificação no estrato “QUALIS-CAPES” 2008 entre B1 e B4, ou seja, representando aproximadamente 27% do total de revistas analisadas por nós e 21% do total considerado por Costa et al. (2019), além de terem englobado um período de 10 anos (2000-2009) em sua pesquisa, o que nos permite levantar a hipótese de que se o escopo de periódicos pesquisado por Rufino e Darido (2011) fosse similar ao da presente pesquisa ou do estudo de Costa et al. (2019), seus resultados seriam superiores. De modo similar, o fato de termos considerado o mesmo período de tempo que Costa et al. (2019) (cinco anos e seis meses) na presente pesquisa e aproximadamente 78,4% dos periódicos analisados por eles(as) e ainda assim termos identificado 7 publicações a mais, permite inferir que nos últimos anos o número de publicações acerca da PE tem aumentado e reforça nossa perspectiva de que possivelmente nossos resultados estejam subestimados, visto que possivelmente se tivéssemos considerado a mesma quantidade de periódicos que Costa et al. (2019), a quantidade de artigos identificados seria superior. Porém, salientamos que apesar de possível estabelecer tais comparações e hipóteses, as mesmas não devem ser compreendidas enquanto verdades absolutas, uma vez que ainda que similares, tais pesquisas possuem singularidades.

A Figura 4 também permite inferir que no período de seis anos (2015-2020), houve uma média de 8,2 publicações por ano, enquanto a pesquisa de Rufino e Darido (2011) aponta uma média de 5,2 artigos por ano entre 2000-2009 e, Costa et al. (2019), limitada neste momento ao período de cinco anos (2010-2014) para análise, uma média de 7,6 publicações anuais. Logo, pode se dizer entre 2010 e 2020 as pesquisas e publicações em PE têm aumentado o que, como indicado na figura 5, tende a continuar entre 2021-2025.

Figura 5
Tendência das publicações em PE por ano, até 2025.

Outro aspecto que corrobora com a perspectiva de aumento do número de publicações voltadas a PE no futuro e a de que nossos achados e de outros autores(as) podem estar subestimados, é o fato de que entre 2016 e 2023 foram realizadas três edições do “Congresso Internacional de Pedagogia do Esporte” (CONIPE) e sete edições do “Fórum Internacional de Pedagogia do Esporte” (FINPE) nos quais foram apresentados mais de 500 trabalhos, incluindo relatos de experiência e resultados de pesquisas científicas, os quais podem ter sido publicados com e sem a utilização do termo “Pedagogia do Esporte”, estar em fase de análise ou no prelo de periódicos ou virem a ser publicados no futuro.

Na Figura 6 apresentamos os esportes ou práticas corporais abordadas nos estudos contemplados no presente artigo.

Figura 6
Esportes e Práticas Corporais Abordadas nos Artigos.

Note que houve predominância de “Jogos Esportivos Coletivos de Invasão” e “Lutas” nos artigos estudados, correspondendo a 25% (11) e 13.6% (6) do total respectivamente. No que tange a primeira categoria, Futsal e Handebol se sobressaíram com quatro publicações cada e, na segunda, o Judô e trabalhos que englobaram a temática “Lutas”, com dois artigos cada. O que permite inferir que o interesse pelo estudo de Jogos Esportivos Coletivos prevaleceu nos últimos 21 anos, visto que entre 2000-2010 corresponderam a maior parte dos artigos (27%) (Rufino; Darido, 2011), assim como entre 2010-junho/2015 (70%) (Costa et al., 2011). Bem como, inferir a prevalência do interesse pelo estudo do Handebol entre 2010-2020, ainda que tenha ocorrido uma redução de doze artigos citados por Costa et al. (2019), para quatro no presente estudo. Assim como, houve aumento de artigos tratando do Futsal, de um para quatro, daqueles relacionadas às “Lutas”, de dois (somando “Capoeira” e “Luta Corporal” identificados por Costa et al. (2019)) para seis e de “Esportes de Raquete”, de um para seis, temáticas que não apenas aumentaram, mas também se diversificaram, contemplando: Judô, Boxe, Tênis de Mesa e de Campo, Kung-Fu e Badminton. Na Figura 6, também nos chama a atenção a incidência de práticas corporais não hegemônicas, como o “Basquete de Rua” (BRASIL et al. 2018) e o “Kung Fu” (Toledo; Guerra; Oliveira, 2019), bem como, o fato de que esportes de grande difusão midiática e abrangência nacional, como, o Futebol, Voleibol e Basquetebol, foram pouco abordados indo ao encontro dos dados de Costa et al. (2019). O que indica que pesquisadores(as) têm buscado compreender as contribuições da PE para formação não apenas por meio dos esportes, mas também de práticas corporais da cultura popular e/ou “quase-esportes”.

Já na Figura 7, ilustramos as temáticas mais abordadas nos artigos considerados na presente pesquisa e na de Costa et al. (2019). Para tal, considerando as similaridades entre as categorias de análise de Costa et al. (2019) e as aqui apresentadas, agrupamos os resultados destes(as) autores(as) em nossas categorias, por exemplo, “Especialização Tardia”, “Alto Rendimento” e “Treinamento Esportivo” apontados por eles(as), foram agrupados na categoria “Treinamento e Rendimento Esportivo” e, “Instituição Não Formal”, na categoria “Ensino-aprendizagem Não Formal”.

Figura 7
Temas mais pesquisados em PE entre 2010-2020.

Observe que assim como identificado por Costa et al. (2019), “Metodologias de Ensino” segue sendo a temática mais discutida em pesquisas de PE, correspondendo 43,2% dos artigos. Tal como houve uma redução drástica no que tange à temática “Treinamento e Rendimento Esportivo”, de 29 (Costa et al., 2019) para 5, o que pode indicar que pesquisadores(as) do campo da PE tem se distanciado do campo do esporte de rendimento e/ou que pesquisadores(as) desta área não reconhecem suas atuações/pesquisas enquanto pertencentes a PE, consequentemente não utilizando o termo “Pedagogia do Esporte” em seus artigos, o que impossibilita que sejam identificados por meio desta palavra-chave em bases de dados. Em contrapartida, identificamos as temáticas, “Esporte e Gênero”, “Esporte Adaptado” e “Esporte e Marketing”, não encontradas por Costa et al. (2019), enquanto as demais categorias mencionadas por estes autores, foram identificadas em quantidades inferiores ou não foram encontradas.

A diferença significativa entre a quantidade de temáticas identificadas em nosso estudo em comparação aos de Costa et al. (2023), pode estar atrelada ao fato de que eles consideraram mais de uma temática por artigo (vide que seu número de temáticas supera o de publicações identificadas), enquanto na presente pesquisa nos atemos àquela que consideramos ser a principal temática abordada em cada publicação, ainda que reconheçamos que por vezes uma temática pode relacionar-se a outras, como, por exemplo: “Esporte Escolar” e “Metodologia de Ensino” (Santos; Brandão, 2019); “Metodologia de Ensino” e “Esporte Universitário” (Ferreira et al., 2020); entre outros. Cabe citar ainda, que as categorias de análise de Rufino e Darido (2011) destoam consideravelmente das utilizadas por nós e por Costa et al. (2019), o que dificulta uma análise comparativa, motivo pelo qual não inserimos seus dados na Figura 7. Porém, cabe mencionar que segundo Rufino e Darido (2011), entre os anos de 2000-2009, "Metodologia de Ensino" foi o segundo tema mais discutido, empatado com "Iniciação Esportiva/Especialização Precoce", enquanto entre 2010-junho/2015 correspondiam respectivamente ao primeiro e terceiro tema mais abordado (Costa et al. 2019) e, entre julho/2015-2020, "Metodologia de Ensino" foi o tema mais pesquisado e "Iniciação Esportiva" o segundo, empatado com "Treinamento e Rendimento Esportivo".

3.2 TIPOS DE PESQUISA E REFERENCIAIS DA PEDAGOGIA DO ESPORTE MAIS ABORDADOS

No presente estudo, inferimos também quais os tipos de pesquisa que predominaram entre julho/2015 e dezembro de 2020 no campo da PE.

Figura 8
Tipos de pesquisa predominantes nos artgos.

A Figura 8 demonstra que aproximadamente 61,4% dos artigos foram provenientes de pesquisa teóricas e 38,6% de empíricas. Logo, ainda que exista uma quantidade considerável de pesquisas em PE, poucas são oriundas de intervenções e/ou observações de pesquisadores(as) em campo, de modo que possam compreender o fenômeno esportivo e a organização, sistematização, mediação e avaliação de seu processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento in loco. Nesse sentido, pode-se dizer que há uma quantidade baixa de pesquisas que visam identificar as contribuições de teorias, metodologias e instrumentos pertinentes a PE na formação humana, desenvolvimento de um projeto esportivo e/ou impacto social das práticas corporais no contexto prático ("real").

Somados, os dados da tabela 5, figura 8 e 6 evidenciam que 36,4% dos estudos (16) não tratam de uma prática corporal específica, mas sim de discussões acerca de aspectos teóricos e metodológicos da PE. Bem como, que 38,6% dos estudos foram empíricos, destes 35,29% voltados as “práticas corporais da família do Futebol” (Futsal e Futebol), 23,5% ao Handebol e 11,75% às “práticas corporais da família do Basquetebol” (Basquetebol e Basquete de Rua), somados representando 70,6% do total de pesquisas empíricas realizadas. O que talvez se justifique pelo fato destas modalidades serem bastante difundidas no Brasil, o que pode influenciar o interesse de pesquisadores(as) por pesquisá-las, seja devido a sua vivência prévia nelas, conveniência, pluralidade de locais acessíveis para realização das pesquisas voltadas a elas e/ou quiçá pela busca pessoal por visibilidade e/ou reconhecimento nestes esportes. Outra possibilidade, é a de que a compreensão acerca do campo e objeto de estudo da PE, por vezes esteja limitada a organização, sistematização, aplicação e avaliação do processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento esportivo, em especial de aspectos técnico-táticos dos esportes, ou seja, práticas corporais institucionalizadas e em contextos formais de ensino-aprendizagem. O que parece passível de se considerar, uma vez que 88,2% dos estudos empíricos identificados na presente pesquisa correspondem aos temas: metodologias de ensino (4), esporte escolar (2), iniciação esportiva (4), esporte universitário (1) e rendimento e treinamento esportivo (4).

Por sua vez, os referenciais da PE apresentam-se nos artigos analisados conforme Figura 9:

Figura 9
Referenciais da Pedagogia do Esporte predominantes.

Note que de modo isolado o referencial mais abordado foi "Técnico-tático", 44,2% do total, seguido do "Histórico-Cultural" e "Socioeducativo", respectivamente correspondendo a 13,6% e 2,3%. Inferimos que também há estudos que abordam dois ou três referenciais, os quais agrupamos de acordo com grau de prevalência, por exemplo: "Técnico-Tático + Socioeducativo", refere-se a um artigo no qual a ênfase está no referencial Técnico-Tático, mas o Socioeducativo também se destaca. Dentre os que abordam dois referenciais, houve maior prevalência daqueles que contemplam o "Histórico-cultural+Socioeducativo", seguido do "Técnico-Tático+Socioeducativo", correspondendo respectivamente a 9% e 4,5% do total. Já dentre publicações que contemplam os três referenciais, prevaleceu a abordagem do "Técnico-tático+Histórico-cultural+Socioeducativo", seguido de “Histórico-cultural+Socioeducativo+Técnico-Tático”, representando respectivamente 9% e 6,8% do total.

A Figura 9, permite inferir ainda que somados, os artigos que contemplam os referenciais de modo isolado representam aproximadamente 60% do total, enquanto aqueles que contemplam dois ou três, 41%, o que deixa evidente a possibilidade de contemplá-los em conjunto, de modo que sua abordagem aconteça de modo intencional ao invés de incidental. O que é relevante para que o processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento contribua para formação ampla e crítica dos sujeitos e, tenda a transcender o contexto esportivo competitivo (Brasil; Rodrigues; Paes, 2022; Brasil; Paes, 2022). Por fim, a figura 9 evidencia também que, somadas todas as categorias de análise presentes nela, o referencial "Técnico-Tático" enquanto objeto principal de estudo correspondeu a 59% (26) total de artigos analisados, o "Histórico-Cultural a 31,8% (14) e o "Socioeducativo" a 9,1% (4).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa permite inferir que, no que tange publicações voltadas à PE correspondentes a nossos critérios de inclusão, entre julho/2015-2020 houve a predominância daquelas voltadas a "metodologias de ensino", "treinamento e rendimento esportivo", "iniciação esportiva", modalidades olímpicas e à abordagem do referencial técnico-tático da PE, enquanto que o histórico-cultural e, principalmente, o socioeducativo foram pouco abordados de forma direta. Dada a limitação proveniente de nossos critérios de inclusão, a amplitude do escopo da PE e a realização de congressos e fóruns científicos voltados à PE nos últimos anos, é possível que a quantidade de artigos identificados por nós esteja subestimada, uma vez que pode haver pesquisadoras(es) de temas relacionados à PE que não reconheçam seu campo de estudo enquanto pertencente a ela e/ou não utilizem o termo no título, palavras-chave, quiçá até no corpo do texto. Apontamento válido também para as pesquisas de Rufino e Darido (2011) e Costa et al. (2019).

No que tange à quantidade de artigos identificados, em comparação com os estudos de Rufino e Darido (2011) e Costa et al. (2019), ainda que tais pesquisadores(as) e nós tenhamos utilizado critérios de inclusão e exclusão distintos, nossos resultados evidenciam que publicações acerca da PE oscilaram entre os anos 2000-2020, porém que têm aumentado e tendem a continuar aumentando até 2025. No entanto, o fato das publicações identificadas serem oriundas de onze estados brasileiros, das quais 83,8% concentradas na região sudeste e sul do Brasil, somado ao fato de que o foco principal de pesquisadores(as) foram modalidades olímpicas, aspectos técnico-táticos, treinamento e rendimento esportivo, iniciação esportiva e metodologias de ensino, nos permite questionar, quais os rumos que a PE brasileira está tomando?

Assim como, indica que há lacunas referentes a este campo de estudo, práticas corporais não olímpicas e temáticas que carecem de investimento científico, teórico e empírico, em especial que busquem fortalecer o trato didático-pedagógico do referencial socioeducativo e histórico-cultural, uma vez que, a partir das contribuições de Brasil, Ribeiro e Scaglia (2019), Brasil, Rodrigues e Paes (2022) e Brasil e Paes (2022), é possível dizer que são imprescindíveis para que a formação humana por meio das práticas corporais ocorra de modo positivo, transcenda o contexto esportivo competitivo e, a certa medida influencie a sociedade.

Nesse sentido, sinaliza também que há desafios a serem superados no rumo à descentralização e pluralização das pesquisas em PE, visando à produção e democratização do acesso a novos conhecimentos acerca da organização, sistematização, mediação e avaliação do processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento de diferentes práticas corporais em contextos diversos. Logo, ainda que possua limitações, o presente artigo é relevante para o campo da PE, visto que, em certa medida, permite compreender o desenvolvimento das pesquisas voltadas a ela ao longo do tempo, seu momento atual, lacunas e perspectivas futuras. Bem como, apresentou uma metodologia de pesquisa passível de ser reproduzida e/ou aprimorada futuramente, o que será de suma importância para compreender de que modo se dará o desenvolvimento de estudos voltados à PE no futuro.

Dito isso, defendemos a ampliação do escopo das pesquisas em PE para além de abordagens atreladas ao referencial técnico-tático, práticas corporais hegemônicas em contextos institucionalizados e formais de ensino-aprendizagem, pois a produção de tais conhecimentos é relevante para ampliar a formação de profissionais de EF, CE e campos correlatos, de modo que conheçam diferentes práticas corporais, metodologias de ensino diversificadas e as possíveis influências que sua intervenção didático-pedagógica e práticas corporais podem ter na formação humana, campo esportivo, outros campos sociais e vice-versa, de modo a tornarem-se aptos(as) a organizar, sistematizar, mediar e avaliar o processo de ensino, vivência, aprendizagem e treinamento das práticas corporais de acordo com o contexto, sujeitos e objetivos. Deste modo, aumentando as chances de que sua intervenção contribua para formação ampla e crítica dos indivíduos e, a certa medida, para uma sociedade melhor.

Por fim, de modo a facilitar a identificação de artigos voltados à PE, reforçamos a sugestão de Costa et al. (2019), de que pesquisadores(as) incluam o termo “Pedagogia do Esporte” nas palavras-chave e títulos dos artigos. Nesse sentido, sugerimos também a inclusão do nome da "Prática Corporal", do “Referencial da PE” e/ou “Contexto” de pesquisa no título, palavras-chave ou resumo dos artigos, visando simplificar sua identificação por parte de profissionais e pesquisadores(as) de EF, CE, campos correlatos e outros públicos em busca de novos conhecimentos, atualização profissional e/ou de realizar pesquisas similares.

• 1
  A ferramenta de busca só permitiu identificar artigos publicados até o ano de 2019.
• 2
  A ferramenta de busca identificou um artigo publicado no ano de 2019. No entanto, identificamos que o mesmo foi publicado em 2018 e, assim, o realocamos.
• 3
  Dois dos artigos identificados na busca referente ao ano de 2016, na verdade foram publicados em 2017. Logo, o realocamos.
• 4
  Três artigos identificados na busca referente ao ano de 2016, na verdade foram publicados em 2015. Portanto, realocados.
• 5
  A pesquisa foi realizada no portal de periódicos “Ulbra”, não em uma revista específica dentro dele.
• 6
  O estrato 2017-2020 se difere de outros, por exemplo, por classificar os periódicos em A1, A2, A3, A4, B1, B2, B3, B4 e C e não mais em A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C, como era no de 2013-2016 (CAPES, 2023).
• 7
  Não os identificar, permite supor que não possuíam classificação ou que o sistema apresentava erro na data da busca.
• 8
  O total de artigos não coincide com o de autores(as), pois teve quem publicou mais de um artigo.
• 9
  Um autor indicou filiação a duas universidades em um artigo.

• FINANCIAMENTO

  O presente trabalho foi realizado com apoio do “Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico” (CNPq) - Código de Financiamento 001.

• COMO REFERENCIAR

  BRASIL, Douglas Vinicius Carvalho; PAES, Roberto Rodrigues. Pedagogia do esporte no Brasil: análise a partir das publicações em periódicos brasileiros entre 2015 e 2020. Movimento, v. 30, p. e30013, jan./dez. 2024. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.137625

REFERÊNCIAS

• BRASIL, Douglas Vinicius Carvalho. Basquete 3x3: reflexões a partir da pedagogia do esporte. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2019. Disponível em: https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1157288 Acesso em: 20 dez. 2023
  » https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1157288
• BRASIL, Douglas Vinicius Carvalho Brasil; LEONARDI, Thiago José; SCAGLIA, Alcides José; PAES, Roberto Rodrigues. O basquete de rua nos espaços de lazer da região metropolitana de campinas. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, Belo Horizonte, v. 21, n. 4, p. 144–165, 2018. DOI: https://doi.org/10.35699/1981-3171.2018.1934
  » https://doi.org/10.35699/1981-3171.2018.1934
• BRASIL, Douglas Vinicius Carvalho; PAES, Roberto Rodrigues Pedagogia do esporte e as contribuições para o campo do lazer: análise das publicações em periódicos brasileiros de 2016 a 2021. LICERE - Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 25, n. 3, p. 241–270, 2022. DOI: https://doi.org/10.35699/2447-6218.2022.41660
  » https://doi.org/10.35699/2447-6218.2022.41660
• Brasil, Douglas Vinicius Carvalho; Ribeiro, Alex Natalino; Scaglia, Alcides José. O basquete 3x3 como facilitador para o desenvolvimento positivo de jovens. E-balonmano.com: Revista de Ciencias del Deporte, v. 15, n. 3, p. 187-196, 2019. Disponível em: http://ojs.e-balonmano.com/index.php/revista/article/view/475 Acesso em: 20 dez. 2023.
  » http://ojs.e-balonmano.com/index.php/revista/article/view/475
• BRASIL, Douglas Vinicius Carvalho; RODRIGUES, Gilson Santos; PAES, Roberto Rodrigues Referências e referenciais para o ensino do Basquete 3x3 da educação física escolar. Movimento, v. 28, p. e28042, 2022. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.121634
  » https://doi.org/10.22456/1982-8918.121634
• CAPES. Diretoria de Avaliação. Documento Técnico do Qualis Periódicos 2023. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/documentos/avaliacao/avaliacao-quadrienal-2017/DocumentotcnicoQualisPeridicosfinal.pdf Acesso em: 20 dez. 2023.
  » https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/documentos/avaliacao/avaliacao-quadrienal-2017/DocumentotcnicoQualisPeridicosfinal.pdf
• COSTA, Roberto Rocha; SANTOS, Marcele Oliveira Pil dos; PEREIRA, Shanaine de Souza; GALATTI, Larissa Rafaela; SCAGLIA, Alcides Jose Pedagogia do esporte: publicações em periódicos científicos brasileiros de 2010 a 2015. Conexões, v. 17, p. e019008, 2019. DOI: https://doi.org/10.20396/conex.v17i0.8648796
  » https://doi.org/10.20396/conex.v17i0.8648796
• FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade, v. 23, n. 79, p. 257–272, ago. 2002. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-73302002000300013
  » https://doi.org/10.1590/S0101-73302002000300013
• FERREIRA, Wesly Otoni; OLIVEIRA, Bianca Henriques de; FONTANA, Vinícius do Carmo; MARTINS, Mariana Zuaneti. Inclusão do tênis na formação de professores de educação física: experiências de ensino e de reconstrução em um curso de licenciatura. Caderno de Educação Física e Esporte, v. 18, n. 2, p. 79–85, 2020. DOI: https://doi.org/10.36453/2318-5104.2020.v18.n2.p79
  » https://doi.org/10.36453/2318-5104.2020.v18.n2.p79
• GALATTI, Larissa Rafaela; REVERDITO, Riller Silva; SCAGLIA, Alcides José; PAES, Roberto Rodrigues; SEOANE, Antonio Montero. Pedagogia do esporte: tensão na ciência e o ensino dos jogos esportivos coletivos. Revista da Educação Física/Eduem, v. 25, n. 1, p. 1-40, 2014. DOI: https://doi.org/10.4025/reveducfis.v25i1.21088
  » https://doi.org/10.4025/reveducfis.v25i1.21088
• MACHADO, Gisele Viola; GALATTI, Larissa Rafaela; PAES, Roberto Rodrigues. Pedagogia do esporte e projetos sociais: interlocuções sobre a prática pedagógica. Movimento, v. 21, n. 2, p. 405-418, 2015. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.48275
  » https://doi.org/10.22456/1982-8918.48275
• Page, Matthew J. et al. The PRISMA 2020 Statement: an updated guideline for reporting systematic reviews., BMJ, v. 372, n. 71, 2021. doi: https://doi.org/10.1136/bmj.n71
  » https://doi.org/10.1136/bmj.n71
• REVERDITO, Riller Silva; SCAGLIA, Alcides José; PAES, Roberto Rodrigues Pedagogia do Esporte: conceito e cenário contemporâneo. In: REVERDITO, Riller Silva; SCAGLIA, Alcides José; MONTAGNER, Paulo Cesar. (org.). Pedagogia do esporte: aspectos conceituais da competição e estudos aplicados. São Paulo: Phorte, 2013. p. 19-40.
• ROMANOWSKI, Joana Paulin; ENS, Romilda Teodora. As pesquisas denominadas do tipo estado da arte em educação. Revista Diálogo Educional, v. 6, n. 19, p. 37-50, dec. 2006. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1981-416x2006000300004&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 02 dez. 2023.
  » http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1981-416x2006000300004&lng=en&nrm=iso
• RUFINO, Luiz Gustavo B.; DARIDO, Suraya Cristina. A produção científica em pedagogia do esporte: análise de alguns periódicos nacionais. Conexões, v. 9, n. 2, p. 130–152, 2011. DOI: https://doi.org/10.20396/conex.v9i2.8637704
  » https://doi.org/10.20396/conex.v9i2.8637704
• SANTOS, Marcio Antonio Raiol; BRANDÃO, Pedro Paulo Souza. Produção do conhecimento em lutas no currículo da educação física escolar. Movimento, v. 25, p. e25024, 2019. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-8918.78143
  » https://doi.org/10.22456/1982-8918.78143
• TOLEDO, Caio Ramos; GUERRA, Ricardo Luis Fernandes; OLIVEIRA, Rogério Cruz. Ensino do Kung Fu sob a ótica de alunos inseridos num contexto da pedagogia do esporte. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 27, p. 158-169, 2019. DOI: https://doi.org/10.31501/rbcm.v27i3.9301
  » https://doi.org/10.31501/rbcm.v27i3.9301

Editado por

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga *, Elisandro Schultz Wittizorecki *, Mauro Myskiw *, Raquel da Silveira *

*Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  01 Nov 2024
• Data do Fascículo
  2024

Histórico

• Recebido
  22 Dez 2023
• Aceito
  22 Mar 2024
• Publicado
  18 Ago 2024