A deriva de insetos nas margens de lagos e mares é um fenômeno relativamente comum, embora aparentemente não seja relatado na literatura com freqüência. Procedeu-se a uma revisão sobre a deriva de insetos com ênfase sobre os casos relatados para percevejos (Heteroptera), e especulou-se sobre as possíveis causas para explicar esse fenômeno. O caso impressionante da deriva de populações do pentatomídeo Mayrinia curvidens (Mayr) nas praias do oceano Atlântico no Sul do Brasil é relatado pela primeira vez. Essa deriva, observada previamente em menor intensidade em meados da década de 1970 (A.R. Panizzi, não-publicado), foi constatada novamente em janeiro de 2006 ao longo da costa do Oceano Atlântico no Paraná (latitude 25º 45’ S), onde uma população estimada de 16 a 18 milhões de exemplares mortos foram encontrados formando uma faixa de pelo menos 15 km de extensão ao longo da praia. As circunstâncias que ocasionaram esse evento são analisadas em detalhe considerando-se dados meteorológicos e o possível aumento das populações do percevejo em plantas hospedeiras cultivadas e não-cultivadas ao longo da costa do Paraná e de Santa Catarina.
Heteroptera; percevejo; condição atmosférica; vôo de insetos; dispersão; mar
