Resumo:
O artigo analisa as causas da crise da Zona do Euro, revisando de maneira cuidadosa as perspectivas adotadas por autores de diferentes escolas de pensamento. O artigo discute explicações alternativas para os desequilíbrios em conta corrente que atingem a Europa. De forma notável, visões opostas acerca da importância relativa de fatores de custo e de demanda na explicação de desequilíbrios de conta corrente podem ser encontradas na economia tanto ortodoxa quanto heterodoxa. No que concerne a avaliação de políticas fiscais e monetárias, há uma polarização mais clara: a análise heterodoxa vê a austeridade como contraproducente, ao passo que a economia ortodoxa subscreve medidas dessa natureza. Defendemos uma posição pós-keynesiana, que não enxerga os desequilíbrios em conta corrente como uma causa fundamental da crise da dívida soberana. Pelo contrário, a arquitetura de política econômica da Zona do Euro, que pretende restringir o papel das políticas fiscal e monetária, oferece a chave para compreensão da crise europeia.
Palavras-chave:
Crise do Euro; neoliberalismo; política econômica europeia; crise financeira; crise da dívida soberana; balança de transações correntes