Resumo
Existe certo consenso de que a pandemia pode ampliar desigualdades preexistentes no mercado de trabalho e que uma questão essencial são as possibilidades desiguais de trabalhar remotamente. Este estudo avalia as desigualdades no trabalho remoto no Brasil por meio de análises descritivas e modelos Probit aplicados aos microdados da PNAD COVID-19. Constatamos que os trabalhadores que menos trabalharam remotamente foram os mais pobres, homens, residentes rurais, não brancos, mais jovens, sem ensino superior, autônomos ou assalariados sem carteira de trabalho assinada e trabalhadores agrícolas. Uma parte importante disso decorre de diferenças na seleção nas ocupações; mas, algumas variáveis mantiveram efeitos independentes importantes, principalmente a educação superior e a renda do trabalho. Logo, quanto à possibilidade de trabalho remoto, a pandemia teve efeito de ampliar desigualdades existentes, favorecendo os trabalhadores mais ricos, escolarizados e formalizados e impondo aos demais a necessidade de escolha entre emprego e renda e risco de contágio.
Palavras-chave:
COVID-19; desigualdades; mercado de trabalho; pandemia; trabalho remoto