A sustentabilidade ecológica do consumo em Minas Gerais: uma aplicação do método da pegada ecológica

Gonzalez, Marcos Henrique Godoi; Andrade, Daniel Caixeta

doi:10.1590/0103-6351/2214

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ECONOMIA E SOCIEDADE BRASILEIRA • Nova econ. 25 (2) • Ago 2015 • https://doi.org/10.1590/0103-6351/2214 copiar

A sustentabilidade ecológica do consumo em Minas Gerais: uma aplicação do método da pegada ecológica

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo:

Embora sejam intensas as preocupações com o desenvolvimento sustentável, escassas são as tentativas de se mensurá-lo entre as unidades subnacionais no Brasil. Com o intuito de contribuir para o preenchimento dessa lacuna, este trabalho tem como objetivo principal analisar a sustentabilidade ecológica do consumo da população do Estado de Minas Gerais no ano de 2008 por meio do cálculo de sua pegada ecológica. A análise se baseia nas contribuições mais recentes para tal metodologia, buscando comparar o impacto local e a disponibilidade global de recursos. Concluiu-se que, apesar de estar dentro da própria capacidade de suporte do Estado, em termos per capita, a demanda absoluta por capital natural gera uma pressão excessiva quando comparada à disponibilidade mundial de capital natural, uma vez que, caso a população de todo o mundo mantivesse o mesmo padrão de consumo dos mineiros, seriam necessários 2,64 planetas Terra para sustentá-la.

Palavras-chave:
pegada ecológica; escala; sustentabilidade; Minas Gerais

Autoria

Marcos Henrique Godoi Gonzalez

Doutorando em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. marcos_h_godoi@hotmail.com.Universidade Estadual de CampinasBrazilCampinas, SP, BrazilDoutorando em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. marcos_h_godoi@hotmail.com.

Daniel Caixeta Andrade

Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG. caixetaandrade@ie.ufu.brUniversidade Federal de UberlândiaBrazilUberlândia, MG, BrazilProfessor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG. caixetaandrade@ie.ufu.br

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Figuras | Tabelas | Fórmulas

Figuras (6)
Tabelas (7)
Fórmulas (3)

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Quadro 1:
Estrutura do cálculo da pegada ecológica

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Quadro 2:
Estrutura do cálculo da biocapacidade

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Quadro 3:
Fontes de dados utilizadas para o cálculo da pegada ecológica e da biocapacidade de Minas Gerais em 2008

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Gráfico 1:
Evolução da pegada ecológica total per capita e da biocapacidade total per capita no mundo, entre 1961 e 2007.

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Gráfico 2:
Pegada ecológica do consumo per capita e biocapacidade total per capita no mundo, no Brasil, em Minas Gerais e em grupos de países selecionados

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Gráfico 3:
Razão entre pegada ecológica local per capita e biocapacidade global per capita (razão Š) no mundo, no Brasil, em Minas Gerais e em grupos de países selecionados

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Tabela 1:
Pegada ecológica do consumo de alimentos no Estado de Minas Gerais, em 2008, por tipo de uso da terra

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Tabela 2:
Biocapacidade dos alimentos no Estado de Minas Gerais, em 2008, por tipo de uso da terra

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Tabela 3:
Pegada ecológica do consumo de produtos florestais no Estado de Minas Gerais, em 2008, por categoria

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Tabela 4:
Pegada ecológica da emissão de gases de efeito estufa (GEE) no Estado de Minas Gerais em 2008 por setor

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Tabela 5:
Biocapacidade, pegada ecológica e saldo ecológico total por componente de cálculo em Minas Gerais, no ano de 2008 (em gha)

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Tabela 6:
Biocapacidade, pegada ecológica e saldo ecológico per capita por componente de cálculo em Minas Gerais, no ano de 2008 (em gha)

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Tabela 7:
Pegada ecológica de Minas Gerais, no ano de 2008, versus biocapacidade mundial per capita

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Quadro 1: Estrutura do cálculo da pegada ecológica

Fonte: Elaboração própria, com base em Wackernagel et al. (2005WACKERNAGEL, M.; MONFREDA, C.; MORAN, D.; WERMER, P.; GOLDFINGER, S.; DEUMLING, D.; MURRAY, M. National Footprint and Biocapacity Accounts 2005: The Underlying Calculation Method., Oakland, CA: Global Footprint Network 2005., p. 10).¹Ewing et al., 2010EWING, B.; REED, A.; GALLI, A.; KITZES, J.; WACKERNAGEL, M. Calculation methodology for the National Footprints Account, 2010 Edition. Oakland, CA: Global Footprint Network, 2010..² Representa a equação genérica utilizada para o cálculo da pegada ecológica. PE_MG é pegada ecológica de Minas Gerais, C_i é o consumo do componente i, YM_i é a produtividade média mundial do componente i, e FE_i é o fator de equivalência do componente i.NOTA: Os sinais "/", "X" e "=" indicam, respectivamente, divisão, multiplicação e igualdade. As notações "t", "ha", "m³" e "gha" representam, respectivamente, toneladas, hectares, metros cúbicos e hectares globais.

Quadro 2: Estrutura do cálculo da biocapacidade

Fonte: Elaboração própria, com base em Wackernagel et al. (2005WACKERNAGEL, M.; MONFREDA, C.; MORAN, D.; WERMER, P.; GOLDFINGER, S.; DEUMLING, D.; MURRAY, M. National Footprint and Biocapacity Accounts 2005: The Underlying Calculation Method., Oakland, CA: Global Footprint Network 2005., p. 10).¹ Calculado conforme equação 2.²Ewing et al., 2010EWING, B.; REED, A.; GALLI, A.; KITZES, J.; WACKERNAGEL, M. Calculation methodology for the National Footprints Account, 2010 Edition. Oakland, CA: Global Footprint Network, 2010..³ Representa a equação genérica utilizada para o cálculo da biocapacidade. BIO_MG é a biocapacidade de Minas Gerais, A_i é a área do componente i, FP_i é o fator de produtividade do componente i, e FE_i é o fator de equivalência do componente i. NOTA: Os sinais "/", "X" e "=" indicam, respectivamente, divisão, multiplicação e igualdade. As notações "há" e "gha" representam, respectivamente, hectares e hectares globais.

Quadro 3: Fontes de dados utilizadas para o cálculo da pegada ecológica e da biocapacidade de Minas Gerais em 2008

Fonte: Elaboração própria.

Gráfico 1: Evolução da pegada ecológica total per capita e da biocapacidade total per capita no mundo, entre 1961 e 2007.

Fonte: Elaboração própria, com base em dados disponibilizados pela Global Footprint Network (GFN, 2010).

Gráfico 2: Pegada ecológica do consumo per capita e biocapacidade total per capita no mundo, no Brasil, em Minas Gerais e em grupos de países selecionados

Fonte: Elaboração própria, com base em cálculos da pesquisa (Minas Gerais) e em dados disponibilizados em GFN (2010)GFN (Global Footprint Network). The Ecological Footprint Atlas 2010. 2010. Disponível em: <http://www.footprintnetwork.org/atlas>. Vários acessos.
http://www.footprintnetwork.org/atlas... (para os demais países). NOTA: Para Minas Gerais, os dados se referem a 2008. Para os demais países, os dados são de 2007.

Gráfico 3: Razão entre pegada ecológica local per capita e biocapacidade global per capita (razão Š) no mundo, no Brasil, em Minas Gerais e em grupos de países selecionados

Fonte: Elaboração própria, com base em cálculos da pesquisa (Minas Gerais) e em dados disponibilizados em GFN (2010)GFN (Global Footprint Network). The Ecological Footprint Atlas 2010. 2010. Disponível em: <http://www.footprintnetwork.org/atlas>. Vários acessos.
http://www.footprintnetwork.org/atlas... (para os demais países). NOTAS: 1) Para Minas Gerais, os dados se referem a 2008. Para os demais países, os dados são de 2007. 2) A condição mínima para sustentabilidade ecológica é que a razão Š seja igual ou menor que 1.

Tabela 1: Pegada ecológica do consumo de alimentos no Estado de Minas Gerais, em 2008, por tipo de uso da terra

Fonte: Elaboração própria, com base nos cálculos da pesquisa.
¹
Chegou-se a esse resultado dividindo-se a quantidade total consumida pela população de Minas Gerais de cada produto alimentício pela produtividade média mundial desse e multiplicando-se o resultado pelo fator de equivalência correspondente para o tipo de uso da terra considerado (Quadro 1).
²
Porcentagem da pegada ecológica por tipo de uso da terra em relação ao total da pegada ecológica de alimentos.

Tabela 2: Biocapacidade dos alimentos no Estado de Minas Gerais, em 2008, por tipo de uso da terra

Fonte: Elaboração própria, com base nos cálculos da pesquisa.
¹
Este cálculo seguiu o processo apresentado no Quadro 2, que consiste no produto entre a área disponível para cada uso, o fator de produtividade (calculado pela equação 2) e o fator equivalência.
²
Porcentagem da biocapacidade por tipo de uso da terra em relação ao total da biocapacidade de alimentos.

Tabela 3: Pegada ecológica do consumo de produtos florestais no Estado de Minas Gerais, em 2008, por categoria

Fonte: Elaboração própria, com base nos cálculos da pesquisa.
¹
Porcentagem da pegada ecológica por tipo de produto em relação ao total da pegada ecológica de produtos florestais.

Tabela 4: Pegada ecológica da emissão de gases de efeito estufa (GEE) no Estado de Minas Gerais em 2008 por setor

Fonte: Elaboração própria, com base nos cálculos da pesquisa.
¹
Porcentagem da pegada ecológica de cada subsetor em relação ao total do setor imediatamente superior.

Tabela 5: Biocapacidade, pegada ecológica e saldo ecológico total por componente de cálculo em Minas Gerais, no ano de 2008 (em gha)

Fonte: Elaboração própria, com base nos dos cálculos da pesquisa.
* Significa percentual em relação ao total da biocapacidade, da pegada ecológica e do saldo ecológico.

Tabela 6: Biocapacidade, pegada ecológica e saldo ecológico per capita por componente de cálculo em Minas Gerais, no ano de 2008 (em gha)

Fonte: Elaboração própria, com base nos cálculos da pesquisa.
* Significa percentual em relação ao total da biocapacidade, da pegada ecológica e do saldo ecológico.

Tabela 7: Pegada ecológica de Minas Gerais, no ano de 2008, versus biocapacidade mundial per capita

Fonte: Elaboração própria, com base nos cálculos da pesquisa e no GFN (2010)GFN (Global Footprint Network). The Ecological Footprint Atlas 2010. 2010. Disponível em: <http://www.footprintnetwork.org/atlas>. Vários acessos.
http://www.footprintnetwork.org/atlas... para as informações sobre biocapacidade mundial per capita.
¹
Em GFN (2010), este valor é arredondado para 1,80, estimativa usada para calcular a razão Š em Minas Gerais.

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[TFN1] Fonte: Elaboração própria, com base nos cálculos da pesquisa.

[TFN2] ¹
Chegou-se a esse resultado dividindo-se a quantidade total consumida pela população de Minas Gerais de cada produto alimentício pela produtividade média mundial desse e multiplicando-se o resultado pelo fator de equivalência correspondente para o tipo de uso da terra considerado (Quadro 1).

[TFN3] ²
Porcentagem da pegada ecológica por tipo de uso da terra em relação ao total da pegada ecológica de alimentos.