Resumo
O artigo analisa as práticas da indústria de celulose e seus subprodutos no extremo-norte do Espírito Santo, entre os municípios de Conceição da Barra e São Mateus, ao longo dos últimos 60 anos. Para tanto, apresenta o processo de entrada da indústria de celulose nesse território, conhecido como Sapê do Norte, onde vivem mais de 301 1 Foi percebido, ao longo da interlocução que deu origem a este trabalho, que o movimento quilombola local nos últimos tempos, tem concebido novas comunidades, a partir de novas leituras da história local, bem como, via articulação para o direito sobre os territórios. Como resultado, o número total de comunidades é de difícil definição. comunidades quilombolas. Discutiremos a lógica e a forma dos monocultivos de eucalipto, seus efeitos e, mais recentemente, os conflitos ontológicos decorrentes da crítica advinda dos quilombolas e ativistas parceiros quanto aos modos de gestão do lugar por parte da empresa do ramo da celulose. Desse modo, analisamos os processos e as práticas de construção de mundo dos colonizadores - corporações do extrativismo, grandes proprietários de terra e o Estado - enquanto desenhos ontológicos coloniais. Concluímos que é possível observar a atualização das tecnologias coloniais da indústria de celulose, da violência estritamente coercitiva com o uso do aparato militar do Estado, para a era da gestão dos conflitos e da crítica, permanecendo como parte fundamental do processo de manutenção dos não humanos e de humanos como sujeitos colonizados dentro de uma construção de mundo colonial.
Palavras-chave:
Colonização; conflitualidade; extrativismo; silvicultura; quilombos