Resumo
A conservação das assembleias de peixes depende da conectividade longitudinal e lateral entre habitats ribeirinhos, em especial durante o período reprodutivo e de desenvolvimento inicial. Objetivou-se avaliar a composição e a estrutura espaço-temporal do ictioplâncton da bacia hidrografia do rio Paraguai no oeste do Brasil para identificar as áreas de desova e a importância da conectividade longitudinal para a reprodução das espécies migradoras de interesse comercial. Os dados foram coletados em 10 pontos entre dois períodos reprodutivos (2017/2018 e 2018/2019). Capturaram-se 8635 larvas, pertencentes a 25 famílias e 55 táxons, incluindo espécies migradoras de interesse comercial, Brycon hilarii, Hemisorubim platyrhynchos, Piaractus mesopotamicus, Prochilodus lineatus, Pseudoplatystoma spp., Salminus brasiliensis, Sorubim lima e Zungaro jahu, que são importantes recursos pesqueiros, com maiores densidades larvais entre novembro e janeiro. Os locais com maiores interações e conectância foram os rios Sepotuba, Paraguai, Jauru e Cabaçal e, portanto, devem ser considerados áreas críticas para a conservação da conectividade longitudinal no sistema fluvial, indicando que as espécies migradoras têm desovado a montante dos locais amostrados. São necessários mecanismos de gestão pesqueira mais eficientes, respeitando o período de desova das espécies migradoras, mantendo a qualidade e conectividade longitudinal entre habitats, características necessárias ao sucesso do recrutamento larval.
Palavras-chave:
Áreas de desova; Conectividade; Conservação e dispersão; Ictioplâncton; Migrações reprodutivas