RESUMO
Estradas afetam a biodiversidade aumentando as taxas de mortalidade, perda de hábitat e fragmentação. Cruzamentos mal instalados represam riachos, alterando as condições ambientais e afetando as comunidades aquáticas. Avaliamos os efeitos deste impacto sobre a estrutura taxonômica e funcional das assembleias de peixes em riachos da Amazônia Oriental, Brasil. Testamos a hipótese de que a presença dos alagados derivados de estradas afeta a composição e estrutura taxonômica e funcional das assembleias. Nossas predições foram: (1) A composição de espécies e grupos funcionais é diferente entre trechos alagados e lóticos; (2) Assembleias nos trechos à jusante serão mais ricas em espécies e grupos funcionais que os trechos à montante e alagados. Amostramos cinco riachos cruzados por estradas com formação de alagamentos por censo visual (dia, crepúsculo e noite) em transectos lineares de 200 m. A composição das assembleias dos trechos lênticos diferiu dos lóticos, e a diversidade de Shannon à jusante diferiu dos trechos montante e alagados, entretanto, nos lóticos, houve maior contribuição do aninhamento na partição da diversidade beta, reforçando o papel do represamento na limitação da dispersão de peixes entre estes. Sugerimos que os represamentos impõem restrições ambientais e de dispersão aos peixes, afetando sua distribuição longitudinal em riachos fragmentados por estradas.
Palavras-chave: Arco do desmatamento; Mergulho-livre; NMDS; Processos baseados em dispersão; Processos baseados em nicho