Os aruanãs, peixes de origem Gondwana, são representados na América do Sul pelo gênero Osteoglossum. Todas as espécies foram inicialmente reportadas como sendo exclusivamente da região Amazônica, com O. ferreirai restrito a bacia do Rio Negro e O. bicirrhosum para a bacia Amazônica e rio Essequibo. No meio dos anos 70 foi reportado que O. bicirrhosum também ocorre na bacia do rio Orinoco. Em todas as regiões os aruanãs são de significante importância socio-econômica devido a sua popularidade no comércio internacional de peixes ornamentais, levando a sobre-exploração de ambas as espécies em algumas áreas. As populações no rio Orinoco são particularmente muito exploradas, e assim medidas de conservação e manejo são necessárias. Ambas as medidas dependem de clarificações do estatus taxonômico, e distinções filogenéticas das populações do Orinoco. Com o objetivo de caracterizar molecularmente as duas espécies de Osteoglossum, e comparar as populações de Osteoglossum das bacias do Orinoco e Amazonas, nós caracterizamos indivíduos amostrados de oito localidades, uma da bacia do rio Orinoco e sete da bacia Amazônica. Nós amostramos 39 indivíduos, obtendo 1004 pares de bases, dos quais 97 foram sinapomorfias. A distância genética entre as duas espécies, calculadas usando-se o modelo HKY+G de evolução molecular foi de 8.94%. Distâncias intraespecíficas variaram de 0.42% em O. bicirrhosum a 0.10% em O. ferreirai. A caracterização genética confirmou o estatus taxonômico de O. ferreirai na bacia do rio Orinoco, e sugere que sua distribuição na bacia do rio Orinoco é improvavel de ser o resultado de um evento de vicariância ou dispersão natural, sendo melhor explicada como uma introdução antrópica.