Resumo
A proximidade filogenética pode indicar similaridade da dieta entre espécies e a partilha de recursos alimentares é um mecanismo que possibilita a coexistência. Neste trabalho, avaliamos como peixes piscívoros compartilham presas antes e depois da construção da Usina Hidrelétrica (UHE) Santo Antônio no rio Madeira (Brasil), o maior afluente de águas brancas do rio Amazonas. Espécies piscívoras (Acestrorhynchus falcirostris, Acestrorhynchus heterolepis, Hydrolycus scomberoides e Rhaphiodon vulpinus) foram coletadas em condições ambientais pristinas (pré-HPP) e impactadas (pós-HPP). Nós avaliamos as abundâncias e as dietas para identificar variações entre as espécies congenéricas e não-congenéricas. O percentual de volume de cada presa foi corrigido pelo grau de repleção estomacal e os itens agrupados ao nível taxonômico de família para determinar dieta, amplitude e sobreposição alimentar. Apenas a abundância de R. vulpinus aumentou no pós-HPP. Não houve diferença na amplitude alimentar das espécies após o represamento, contudo a sobreposição de nicho diminuiu para as espécies congenéricas e não congenéricas. Nossos resultados indicam que o represamento do rio afetou os peixes piscívoros modificando sua partilha de recursos. Avaliar as interações interespecíficas, portanto, é uma ferramenta necessária para entender como os peixes respondem ao represamento de rios.
Palavras-chave:
Amazônia; Amplitude de nicho alimentar; Hidrelétricas; Interações Interespecíficas; Sobreposição alimentar