TENDÊNCIAS
Encarte de Dados de Opinião Pública - Ano 11, nº 1
O Encarte Tendências desta edição apresenta uma compilação de dados sobre as eleições municipais realizadas em outubro de 2004.
Essas foram as primeiras eleições ocorridas após a vitória do Partido dos Trabalhadores para a Presidência da República em 2002, e consideramos importante verificar a posição das várias forças partidárias locais frente às preferências dos eleitores dos grandes centros urbanos no período da campanha.
Um dos temas que orientam este Encarte é o desempenho do PT nos municípios em que o partido concorreu à reeleição. As derrotas, as vitórias e as ausências do partido nos quadros eleitorais locais, tal como os dados estão organizados, são uma referência ao leitor que o permite avaliar as suas possíveis conseqüências nas relações de poder dentro do governo Lula e entre os partidos, abrindo caminho para as eleições presidenciais de 2006.
Assim, na primeira seção, apresentamos o jogo eleitoral e as evoluções das intenções de voto em 10 capitais e na cidade de Campinas, com pesquisas realizadas durante o ano de 2004.
Ainda orientado pelo desempenho do PT, a segunda seção apresenta os dados de avaliação do desempenho dos governos federal, estadual e municipal nas cidades de São Paulo e Porto Alegre, municípios em que a experiência de gestão do PT teve marcas decisivas para a política local e para o partido, e que saem da disputa de 2004 como as mais importantes derrotas do partido.
Finalmente, a terceira seção compila algumas "Estatísticas Eleitorais" de 2004 divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostrando a evolução do número de prefeitos eleitos e dos votos nominais de acordo com os partidos. Como forma de comparação, incluímos e atualizamos as mesmas informações disponíveis para as duas eleições municipais anteriores, publicadas nesta revista em artigo de David Fleischer, na edição de maio de 2002.
Derrotas do PT - Eleições municipais
São Paulo
Em 2004, a capital paulista foi terreno para apresentação de 14 candidatos. A multiplicidade de propostas, no entanto, não traduziu as preferências do eleitor: apenas 5 candidatos concentraram quase a totalidade das intenções de voto durante a campanha.
Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB) reproduziram em 2004 na cidade de São Paulo a disputa ocorrida em 2002 para a Presidência da República
Serra e, até mais destacadamente, Rossi conseguiram maior apoio entre o eleitorado feminino do que Marta Suplicy. No entanto, o perfil do eleitorado da então prefeita de São Paulo apresentou uma significativa sobre-representação entre os eleitores com renda familiar abaixo de 2 salários mínimos.
A pequena preferência dos eleitores por Erundina, candidata pelo Partido Socialista Brasileiro, e ex-prefeita da cidade pelo PT entre 1988 e 1992, destaca-se pela proporção dos mais escolarizados: 26,4% dos seus eleitores têm ensino superior.
Campinas, SP
Em Campinas, SP, a gestão petista carregou uma avaliação pouco positiva em quase todo o período. A ausência do candidato do PT no 2º turno refletiu em boa medida o descontentamento da população com o partido, que então finalizou sua 2ª experiência na cidade.
A pequena preferência pelo PT esteve associada ao eleitorado mais jovem e mais escolarizado. O candidato vencedor do PDT concentrou as preferências dos menos escolarizados em mais de 41%.
Porto Alegre
Após 16 anos de uma experiência de gestão local continuada em Porto Alegre, o PT em 2004 dividiu as preferências dos eleitores dentro do próprio terreno da centro-esquerda, nos 1º e 2º turnos, com o PPS.
Os dados das pesquisas mostram que são pequenas as diferenças entre os perfis sociais dos eleitores de José Fogaça (PPS) e Raul Pont (PT). Fogaça possui proporções pouco maiores de eleitores mais escolarizados e mais ricos.
Curitiba
Com a presença de 12 candidatos, a campanha eleitoral em Curitiba concentrou as preferências nos candidatos do PT e do PSDB, que finalizaram o 1º turno empatados.
Assim como na cidade de São Paulo, Curitiba trouxe para o âmbito local a disputa entre o PT e o PSDB.
Goiânia
Em Goiânia, o candidato do PMDB concentrou as preferências do eleitorado desde o início do 1º turno. O PT figurou em 3º lugar durante toda a campanha mas foi para o 2º turno com 23% dos votos.
Belém
Apesar das preferências ascendentes pela candidata do PT no 1º turno, no 2º turno, disputando com o PTB, o partido não conseguiu a reeleição em Belém.
Eleições Municipais - Vitórias do PT
Fortaleza
As oscilações entre as preferências dos quatro principais candidatos de Fortaleza mostram o conturbado quadro político que levou o PT ao 2º turno da eleição, depois de uma trajetória sem expressão em quase toda a campanha.
O que destaca o eleitorado da candidata Luizianne Lins (PT) é a predominância das mulheres, aproximadamente 64%.
Para Inácio Arruda (PC do B) destacam-se os eleitores jovens entre 20 e 29 anos 41%, e para Moroni Torgan (PFL), os menos escolarizados aproximadamente 37% com até o primário completo
O efeito "surpresa" das preferências pela candidata do PT no 1º turno conferiu uma diferença de mais de 13 pontos sobre o candidato do PFL já no início do 2º turno e mantida até o final.
Belo Horizonte
A campanha de Belo Horizonte foi dividida no interior da centro-esquerda, entre PT e PSB, desde o início do 1º turno.
Essa foi a capital estadual com o menor número de candidatos, e o PT concentrou mais de 63% das preferências no final do período.
Recife
A trajetória ascendente do candidato petista em Recife teve início no mês de julho, o início da campanha, e conferiu vitória ao partido já no 1º turno
PT Fora da Disputa - Eleições Municipais
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, mesmo com a disputa das preferências dividida entre 10 candidatos, César Maia (PFL) conseguiu vitória no 1º turno, com justos 50,1% dos votos.
O que se destaca no eleitorado de César Maia (PFL) é a presença dos mais velhos, mais escolarizados e mais ricos.
Salvador
Com a presença de 10 candidatos, a campanha eleitoral em Salvador foi desde o início marcada pela polarização entre o PDT e o PFL.
No 2º turno, o candidato João Henrique (PDT) concentrou as intenções de voto de praticamente todos os demais partidos fora da disputa, e chegou a obter quase 75% dos votos.
Avaliação dos Níveis de Governo - Eleições Municipais
São Paulo
As importantes derrotas do PT em 2004, nas cidades de São Paulo e Porto Alegre, não vieram acompanhadas de uma avaliação negativa das gestões pelo eleitor.
Para os eleitores de São Paulo, o governo do Estado é o âmbito com a melhor avaliação de desempenho. As avaliações da Prefeitura e do Governo Federal são muito semelhantes, em que predomina o desempenho regular.
Apesar da semelhança entre as avaliações do Governo Federal e da Prefeitura de São Paulo, é muito mais forte a associação entre a avaliação positiva do governo de Marta Suplicy e as intenções de voto para a candidata.
A percepção dos serviços públicos é um forte componente das intenções de voto. No caso de São Paulo em 2004, embora a saúde e o asfaltamento de ruas tenham sido os únicos problemas avaliados com notas menores que 5, a maioria do eleitorado optou pela não reeleição da prefeita do PT.
Porto Alegre
Também para os eleitores de Porto Alegre o desempenho do governo estadual é avaliado mais positivamente que os governos local e federal, mas a gestão da Prefeitura tem uma percepção muito menos negativa que a gestão do Presidente Lula.
Para os eleitores de Porto Alegre, a avaliação positiva da gestão de João Verle rendeu mais intenções de voto a Raul Pont do que a avaliação da gestão Lula.
Estatísticas Eleitorais - Eleições Municipais
Fichas Técnicas
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
18 Maio 2005 -
Data do Fascículo
Mar 2005