As pesquisas de intenção de voto para presidente no primeiro turno de 2022 divergiram do resultado de domingo (2 de outubro), levando a críticas de que teriam sido cometidos erros. Este artigo examina uma explicação alternativa para o fato, segundo a qual mudanças de preferências ocorreriam entre as pesquisas e a votação. Embora impopular, a explicação tem respaldo na literatura com foco em dois processos: o voto estratégico e o alinhamento dos indecisos. Utilizando um experimento feito uma semana antes da eleição, mostramos que eleitores indecisos e de candidaturas menores apresentavam propensão a serem persuadidos por vídeos de campanha. Também utilizamos uma pesquisa feita às vésperas do pleito, para desenvolver modelos que identificam eleitores propensos a mudarem suas escolhas, de modo a ajustar a estimativa da votação. Os resultados sugerem que as mudanças tardias seriam um fenômeno mais do que plausível nas eleições brasileiras recentes.
eleições; voto; pesquisas eleitorais; voto estratégico; indecisão