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As Relações Internacionais da América Latina ainda são uma disciplina das ciências sociais norte-americanas?

Resumo

Nos últimos 40 anos, pesquisas mostraram que a disciplina de relações internacionais reproduz a influência norte-americana nos âmbitos da epistemologia, do método, dos paradigmas e dinâmicas institucionais. Este artigo visa a explorar o caso latino-americano, a partir da análise dos dados publicados pelo Teaching, Research and International Politics Project (TRIP) de 2014 do Instituto para a Teoria e Prática de Relações Internacionais do College William e Mary, Virginia (EUA), que pesquisa comunidades de relações internacionais em 32 países do mundo. O artigo tem por objetivo responder a duas questões principais: (i) se a influência norte-americana segue sendo dominante, em seus aspectos epistemológicos, paradigmáticos e de representações institucionais na região, tal como pesquisas no passado demonstraram; (ii) se existe contestação a tal influência na região. Em princípio, o artigo evidencia uma resposta positiva à primeira pergunta. Entretanto, e mais importante, a análise dos dados permite revelar a ascensão de questionamentos à influência norte-americana, sobretudo no que se refere aos aspectos epistêmicos e paradigmáticos. Os dados reforçam a tendência à miscigenação epistemológica e paradigmática e evidenciam não haver consenso quanto ao escopo de dominação norte-americana na comunidade latino-americana, especialmente por parte da comunidade epistêmica brasileira de relações internacionais, a mais numerosa e estruturada da região.

TRIP; influência americana; América Latina; Relações Internacionais

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