Este artigo apresenta um modelo de acumulação de poder simbólico para explicar a carreira política de Marcelo Caetano e a sua ambição progressiva rumo à liderança do Estado Novo português. Esse modelo, de base reflexiva e sociológica, é aplicado ao nosso caso através de um exercício de reconstrução histórica do percurso político de Marcelo desde a sua entrada nos corredores do poder até a sua ascensão à liderança em 1968. O artigo desenvolve novos argumentos teóricos sobre as carreiras dos líderes políticos e dos seus objetivos de obtenção de capital político e social, em especial da importância de acumulação de poder simbólico em regimes autoritários altamente ideológicos e carismáticos como o do Estado Novo. O seu principal objetivo é apresentar uma visão mais sofisticada e relacional do percurso político de Marcelo Caetano, designadamente da explicitação do dilema de sucessão carismática com que teve que se confrontar, e contribuir para a acumulação de conhecimento teórico e histórico sobre o regime autoritário português.
Marcelo Caetano; ambição política; Estado Novo; poder simbólico; capital político