Resumo
Este artigo analisa o desenvolvimento, no período 1880-2017, das duas políticas ativas de emprego mais importantes no Brasil: a intermediação pública de mão de obra e a qualificação profissional. Por vias diferentes, essas políticas buscam regular o encontro entre a oferta e a demanda por força de trabalho, impelindo os indivíduos à participação econômica e evitando que as vagas de emprego permaneçam ociosas. O artigo discute quais arranjos entre atores públicos e privados foram adotados em cada período, e o que esses arranjos revelam sobre a gestão do mercado de trabalho brasileiro. Com vistas a historicizar a formação do mercado de trabalho, o desemprego constitui uma categoria relevante, sobretudo ao considerarmos a sua institucionalização no país por meio da sua inscrição na agenda estatal e das práticas de regulação do mercado de trabalho. As políticas ativas migraram da gestão do assalariamento e da necessidade de forjar uma nova força de trabalho, evidenciando o papel do Estado (especialmente, por via autoritária) na modernização do setor produtivo até a década de 1980, para o suporte aos trabalhadores desempregados a partir dos anos 1990, dados os processos de flexibilização do mercado de trabalho, aumento dos índices de desemprego e desestabilização das trajetórias ocupacionais.
Palavras-chave:
Estado; mercado de trabalho; qualificação profissional; Sine.