Discursos e Iniciativas Educacionais de Desenvolvimento de Competências para a Sustentabilidade do World Business Council for Sustainable Development

Malacarne, Robson; Brunstein, Janette

doi:10.1590/1984-92302021v28n9908PT

Robson Malacarne

Instituto Federal do Espírito Santo, Viana, Brasil

https://orcid.org/0000-0002-6085-7853

Janette Brunstein

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, Brasil

https://orcid.org/0000-0002-9019-3349

Editora Associada: Andréa Ventura

Autoria

Robson Malacarne Doutor em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com pós-doutorado em Desconstrução e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Coimbra. Professor do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Viana. Professor Permanente do Programa de Pós-graduação em Ensino de Humanidades (PPGEH). Pesquisador dos Grupos de Pesquisa POIEIN, GEPESE e Logística & Administração Contemporânea. Coorganizador do livro Desenvolvimento Regional Sustentável: revisitar conceitos para construir novas alternativas. E-mail: robson.malacarne@ifes.edu.br

Janette Brunstein Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado no Center for Excellence in Transformative Teaching and Learning na University of Central Oklahoma. Pró-reitora de graduação e Professora do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Administração da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Líder do Grupo “Pesquisa e Formação em Administração” do CNPq. E-mail: janette@mackenzie.br

Conflito de interesses

Os autores informam que não há conflito de interesses.

Contribuição dos autores

Primeiro autor: concepção (igual), curadoria de dados (igual), análise formal (igual), aquisição de financiamento (igual), investigação (igual), metodologia (igual), administração do projeto (igual), recursos (igual), supervisão (igual), validação (igual), visualização (igual), redação – rascunho original (igual), redação – revisão e edição (igual)

Segunda autora: concepção (igual), curadoria de dados (igual), análise formal (igual), aquisição de financiamento (igual), investigação (igual), metodologia (igual), administração do projeto (igual), recursos (igual), supervisão (igual), validação (igual), visualização (igual), redação – rascunho original (igual), redação – revisão e edição (igual).

Categorias de análise	Descrição segundo Derrida	Como foi aplicado na pesquisa?
Logocentrismo	Pensamento confiante na centralidade e no poder do logos, desenvolvido com base em dicotomias e relações hierárquicas, com o intuito de controlar e centralizar os discursos (Derrida, 2002Derrida, J. (2002). Escritura e a Diferença . São Paulo, SP: Perspectiva.)	Procurou-se identificar os conceitos, oposições e ações de DCpS do WBCSD e discutir qual a relação com os documentos oficiais sob análise (Visão 2050 e Ação 2020) e com as iniciativas de DCpS (PESE e YMT). O intuito foi compreender como o logocentrismo se dissemina nos discursos e na atuação dos Conselhos Empresariais.
Estruturas constatativas e performativas, ambiguidades e deslocamentos	São pontos focais do percurso da desconstrução para desfazer as oposições de um discurso. Deste modo, a partir de impasses e de ambiguidades, realiza-se o deslocamento das dicotomias.	Para estudar a estrutura das iniciativas de DCpS do WBCSD, buscou-se observar como a dicotomia entre competências performativas e constatativas se revelam e justificam o discurso oficial do WBCSD e de seus conselhos regionais.
Tradução	A tradução é um outro nome para desconstrução, “é a abertura ao outro” no seu modo singular de traduzir (Bernardo, 2002, p. 424). Assume-se que “tudo se torna discurso” e aberto a traduções (Derrida, 2002Derrida, J. (2002). Escritura e a Diferença . São Paulo, SP: Perspectiva., p. 232). Neste sentido, o discurso é compreendido como um processo de tradução e acolhida de diferentes modos de interpretações (Ferreira & Ottoni, 2006Ferreira, É., Ottoni, P. (2006). Traduzir Derrida: políticas e desconstruções . Campinas, SP: Mercado de Letras., p. 32).	Na presente pesquisa, essa tradução implica em olhar os discursos dos entrevistados e os argumentos dos documentos de modo a perceber o que é, e o que não é, marginal na elaboração de conceitos e funcionamento dos conselhos.

Categorias de Análise	Descrição	Análise
Logocentrismo	Oposição que se revela no Visão 2050 e no Ação 2020.	Perspectiva única × distintas práticas sustentáveis.
Estruturas constatativas e performativas, ambiguidades e deslocamentos	Pontos focais do percurso da desconstrução.	Compreensão sobre as distintas perspectivas na discussão da questão socioambiental. Ambiguidades: Natureza da relação entre empresas, governo e sociedade Competência constatativa: visão de futuro descrita no Visão 2050. Competência performativa: ações desenvolvidas a partir do Ação 2020.
Tradução	Argumentos (traduções) que deslocam/revertem a oposição e a utilizam em uma condição diferente.	Na história do WBCSD percebemos avanços na agenda e no envolvimento empresarial, no entanto, questiona-se: criou-se setores especialistas em DS com foco restrito ao marketing, ou, de fato, repensou-se o posicionamento e o modelo dos negócios? (Associado B5, 2019) O Ação 2020 provoca todos os Associados do WBCSD a desenvolver ações que colaborem para o alcance do Visão 2050, as iniciativas de DCpS devem estar alinhadas a este pensamento (Associado B6, 2019) Pode-se afirmar que a principal mudança na atuação do WBCSD relaciona-se ao foco de suas ações, antes direcionadas à sensibilização dos empresários hoje focada na articulação das ações com os governos para o desenvolvimento de políticas públicas (Associado B4, 2019)

Categorias de análise	Descrição	Análise
Logocentrismo	Oposição que sustenta o pensamento logocêntrico do WBCSD e se revela no Visão 2050 e no Ação 2020.	Negócios × questão socioambiental.
Estruturas constatativas e performativas, ambiguidades e deslocamentos	Pontos focais do percurso da desconstrução.	Dificuldade de os empresários compreenderem o conceito de SE e o seu impacto sobre os negócios. Ambiguidade: ao mesmo tempo que a discussão sobre SE, promovida pelo BCSD Brasil, amplia a compreensão dos empresários sobre a questão socioambiental, há uma redução em sua complexidade quando incentiva-se replicação da ESR, limitando a discussão de DS e dos SE a gestão de indicadores. Competências constatativas: compreensão, análise crítica e visão de futuro. Competências performativas: engajamento e comunicação.
Tradução	Argumentos (traduções) que deslocam/revertem a oposição e a utilizam em uma condição diferente.	Quando você trata de temas muito generalistas como os serviços ecossistêmicos – SEs fica muito difícil das empresas compreenderem a aplicabilidade do ESR (Associado B5, 2019). O que nós queremos é que o empresário compreenda o que significa serviços ecossistêmicos e qual o grau de dependência com os recursos naturais que o seu negócio apresenta (Coordenação B1, 2019).

Categorias de Análise	Descrição	Análise
Logocentrismo	Oposição logocêntrica do WBCSD que se revela no Visão 2050 e no Ação 2020.	Negócios × questão socioambiental
Estruturas constatativas e performativas, ambiguidades e deslocamentos	Pontos focais do percurso da desconstrução.	Durante o curso, os participantes com pouca afinidade na discussão de sustentabilidade trouxeram questionamentos sobre a necessidade de discutir biodiversidade no ambiente empresarial. Isso provocou o grupo a desenvolver estratégias para comunicar o grau de dependência do negócio com os serviços ecossistêmicos. Ambiguidade: “rede” de embaixadores de DS. De modo concomitante, vivenciou-se espaço de múltiplas interpretações sobre os caminhos para o DS, mas também lugar de limitação sobre as possibilidades de tradução, com a comunicação do discurso oficial de sustentabilidade do BCSD Portugal. Competências constatativas: compreensão sobre sustentabilidade. Competências performativas: gestão de projetos, mudanças e comunicação.
Tradução	Argumentos (traduções) que deslocam/revertem a oposição e a utilizam em uma condição diferente.	É interessante perceber que os participantes do YMT são “escolhidos” pelas empresas, sendo que o modo desta indicação varia de acordo com a empresa. Há casos que as empresas realizam entrevistas e concursos para escolher o representante que tem afinidade com a temática. Em compensação há casos que simplesmente definem os representantes sem realizar um debate interno (Coordenação P2, 2019). Como eu não sou da área de sustentabilidade, no início do curso eu apresentava questões que pareciam óbvias para os outros participantes, mas que para mim eram fundamentais, como, por exemplo: “Por que discutir biodiversidade no ambiente empresarial?”, “Como integrar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos nas estratégias de negócios das empresas?” (Associado P3, 2019). No início do curso imaginava que o trabalho em equipe só funcionava quando os integrantes estavam dispostos a buscar um acordo, um consenso entre as opiniões diferentes. Com o tempo, percebi que certos assuntos complexos, como é o caso da sustentabilidade, só se avança quando se valoriza os diversos pontos de vista (Associado P6, 2019).

[1] Editora Associada: Andréa Ventura

Brasil

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Resumo