Resumos
Neste artigo, tratamos da percepção subjetiva do tempo pelos atores sociais nas situações de mudança e de como eles reconstroem o sentido de suas experiências a partir das transformações que vivenciam em seu cotidiano. A partir de uma revisão de literatura, apresentamos diversas pesquisas nacionais e estrangeiras que definem a dimensão do "Tempo Vivido" pelos indivíduos de acordo com uma perspectiva fenomenológica e de como estes agem baseados nas suas representações da realidade. Mostramos como a percepção do tempo está ligada a diferentes contextos históricos e sociais, a partir dos quais se constroem as memórias individuais e organizacionais e de como estas representações da experiência passada são partes constitutivas da identidade de indivíduos e grupos. A partir disso, definimos dois tipos de mudança: a primeira mudança "fáustica", que opõe o passado ao futuro e destrói a memória organizacional; e o segundo tipo de mudança, que preserva a memória organizacional e a história da organização. Apresentamos dois estudos de caso nos quais comparamos esses dois tipos de mudança e analisamos seus efeitos nos contextos sociais.
Time is experienced in organizational life through a process of temporal structuring that characterizes people´s everyday engagement in the word. As part of this engagement, people produce and reproduce what can be seen to be temporal structures to guide, orient and coordinate their ongoing activities. Temporal structures here are understood as both shaping and being shaped by ongoing human action, and thus as neither independent of human action. We present in this paper two case studies where we discuss the concept of time perception, social identity and organizational change.
ARTIGO
As percepções subjetivas do tempo nas organizações e a mudança organizacional: uma análise comparativa da Daimler Chrysler e da Bull França
Isabella Freitas Gouveia de VasconcelosI, André Ofenhejm MascarenhasII, Laura Menegon ZacarelliIII
IProfª EAESP/FGV e Centro Universitário da FEI
IIProf. Centro Universitário da FEI
IIIProfª Universidade Presbiteriana Mackenzie
RESUMO
Neste artigo, tratamos da percepção subjetiva do tempo pelos atores sociais nas situações de mudança e de como eles reconstroem o sentido de suas experiências a partir das transformações que vivenciam em seu cotidiano. A partir de uma revisão de literatura, apresentamos diversas pesquisas nacionais e estrangeiras que definem a dimensão do "Tempo Vivido" pelos indivíduos de acordo com uma perspectiva fenomenológica e de como estes agem baseados nas suas representações da realidade. Mostramos como a percepção do tempo está ligada a diferentes contextos históricos e sociais, a partir dos quais se constroem as memórias individuais e organizacionais e de como estas representações da experiência passada são partes constitutivas da identidade de indivíduos e grupos. A partir disso, definimos dois tipos de mudança: a primeira mudança "fáustica", que opõe o passado ao futuro e destrói a memória organizacional; e o segundo tipo de mudança, que preserva a memória organizacional e a história da organização. Apresentamos dois estudos de caso nos quais comparamos esses dois tipos de mudança e analisamos seus efeitos nos contextos sociais.
ABSTRACT
Time is experienced in organizational life through a process of temporal structuring that characterizes people´s everyday engagement in the word. As part of this engagement, people produce and reproduce what can be seen to be temporal structures to guide, orient and coordinate their ongoing activities. Temporal structures here are understood as both shaping and being shaped by ongoing human action, and thus as neither independent of human action. We present in this paper two case studies where we discuss the concept of time perception, social identity and organizational change.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
24 Out 2014 -
Data do Fascículo
Mar 2006