Acessibilidade / Reportar erro

Por uma pedagocia da participação popular

Resumos

A gestão participativa vem sendo legitimada nas últimas décadas e o ápice desta legitimação ocorreu no Habitat II, em 1996. Neste fórum, as vantagens gerenciais e sociais da participação popular foram destacadas, tendo sido esta prática recomendada amplamente. Esta legitimação significa concretamente que avanços democráticos estão no horizonte, mas ela favorece também a manipulação política, pois processos burocráticos e oportunistas são divulgados como práticas participativas. Deste modo, é importante neste momento trazer o debate para a experiência concreta, estabelecendo critérios e propondo metodologias. Atualmente, os maiores desafios das práticas participativas são as dificuldades de sua implementação continuada, principalmente junto à população excluída. Uma população que interiorizou o estigma da pobreza - de incapacidade e dependência - que encontra entraves cognitivos à participação e que é inexperiente em termos de democracia direta, terá dificuldades em envolver-se num processo participativo. É preciso uma etapa anterior que supere estes entraves. Uma política de incentivo à participação popular se coloca assim como uma necessidade e neste texto discutir-se á algumas das bases teóricas e metodológicas necessárias para a concepção de uma tal política.


The participative management has been legitimated in the last decades reaching its maximum at the Habitat II Conference, in 1996. A The popular participation has advantages encouraging democratization but processes such as political manipulation has been found. Thus, it is necessary to deepen the debate in order to establish criteria and methods. The main challenges of the participation practices lie in envolving the excluded masses due to the stigma of poverty characterized by lack of ability and dependence. This article ains to discuss the theoretical and methodological basis to establish a popular participation policy.


ARTIGOS/ARTICLES

Por uma pedagocia da participação popular

Débora Nunes

Doutora Paris XII / PPGAU-UFBA / Urbanismo UNEB

RESUMO

A gestão participativa vem sendo legitimada nas últimas décadas e o ápice desta legitimação ocorreu no Habitat II, em 1996. Neste fórum, as vantagens gerenciais e sociais da participação popular foram destacadas, tendo sido esta prática reco­mendada amplamente. Esta legitimação significa concretamente que avanços democráti­cos estão no horizonte, mas ela favorece também a manipulação política, pois processos burocráticos e oportunistas são divulgados como práticas participativas. Deste modo, é importante neste momento trazer o debate para a experiência concreta, estabelecendo critérios e propondo metodologias. Atualmente, os maiores desafios das práticas participativas são as dificuldades de sua implementação continuada, principalmente junto à população excluída. Uma popula­ção que interiorizou o estigma da pobreza - de incapacidade e dependência - que encontra entraves cognitivos à participação e que é inexperiente em termos de democracia direta, terá dificuldades em envolver-se num processo participativo. É preciso uma etapa anterior que supere estes entraves. Uma política de incentivo à participação popular se coloca assim como uma necessidade e neste texto discutir-se á algumas das bases teóricas e metodológicas necessárias para a concepção de uma tal política.

ABSTRACT

The participative management has been legitimated in the last decades reaching its maximum at the Habitat II Conference, in 1996. A The popular participation has advantages encouraging democratization but proces­ses such as political manipulation has been found. Thus, it is necessary to deepen the debate in order to establish criteria and methods. The main challenges of the participation practices lie in envolving the excluded masses due to the stigma of poverty characterized by lack of ability and dependence. This article ains to discuss the theoretical and methodological basis to establish a popular participation policy.

Texto completo disponivel apenas em PDF.

Full text avaliable only in PDF.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÂFICAS

ALVES, Mareio Moreira. A força do povo. São Paulo, Brasiliense, 1983.

BERNFELD, Dan; MAYERL, Marja; MAYERL Roland. Architecture et urbanisme participatifs. Expériences françaises dans le contexte européen. Collection Fichier de la Participation, Venise, Editions du CIEDART, 1980

BEAUNEZ, Roger e BOULAIS, Pierre. Cadre de vie : des municipalités innovent. Pa­ris, Les Éditions ouvrières, 1983.

BONDUKI, Nabil (organizador). Habitat, As práticas bem sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. São Paulo, Livros Studio Nobel Ltda, 1996.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues (organizador). Pesquisa participante. 6a. edição. São Paulo, Brasiliense, 1986.

BURSZTYN, Marcel. O poder dos donos. Planejamento e clientelismo no Nordeste. Petrópolis, Vozes, 1984.

CHAUI , Marilena. Conformismo e resistência, aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo, Brasiliense, 1986.

COÏT, Katerine. Participation, mise en scène et mouvements populaires aux USA, en France et ailleurs. Colóquio de recherche urbaine, Paris, abril 1978.

DEL PICHIA, Pedro. A batalha da colina. São Paulo, 1982 .

FAORO, Raymundo. Os donos do poder. Vol 1 et 2. Rio De Janeiro, Globo, 1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1982.

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação/ uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1979.

GENRO, Tarso e SOUZA, Ubiratan. Quand les habitants gèrent vraiment leur ville. Editions Charles Léopold Mayer, Paris, 1998.

GOFFMAN, Erving. Estigma, notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1975.

GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a produção da cultura. Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1985.

HABERMAS, Jungen. Théorie de l'agir communicationnel. Volume 1 et 2. Fayard, 1987.

KATAN, Roger. De quoi se mêlent les urbanistes? Paris, Editions Actes/Sud, 1979.

LEAL, Vitor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: O município e o sistema representativo no Brasil. (2a edição) São Paulo, Editora Alfa-Ômega, 1975 (Ia- edição em 1949).

MOLLET, Albert (direção). Quand les habitants prennent la parole. Bilan Thématique Plan Construction, Paris, 1981.

NUNES, Débora. La participation aux décisions d'urbanisme comme apprentissage de la citoyenneté. Mémoire de DEAà l'institut d'Urbanisme de Paris, sous direction de Georges Knaebel, 1994

NUNES, Débora. L'aprentissage de la citoyenneté à partir du travail communautaire - Methodologie participative d'intervention dans les quartiers populaires; recherche action à Vila Verde, Salvador, Brésil. Tese de Doutorado apresentada ao Institut d'Urbanisme de Paris, na Université Paris XII, França, abril de 1998.

TEIXEIRA NETO, Euclides José. 64 : um prefeito, a revolução e os jumentos. Salva­dor, Livraria Fator, 1983.

TODOROV, Tzvetan. La vie commune - Essai d'anthropologie générale. Paris, Editions du Seuil, 1995.

Vers des quartiers plus humains: action publique e initiative des habitants. Les six principes de la Declaration de Salvador et quelques illustrations concrètes de mise en œuvre. La Librairie FPH, Collection Dossiers pour un débat, n. 55, Paris, 1996.

WEBER, Max. Economia e sociedade. Editora da Universidade Federal de Brasília (UNB). Brasília, 1991.

ZALUAR, Alba. A Máquina e a Revolta. As organizações populares e o significado da pobreza, São Paulo, Brasiliense, 1985.

  • ALVES, Mareio Moreira. A força do povo. São Paulo, Brasiliense, 1983.
  • BERNFELD, Dan; MAYERL, Marja; MAYERL Roland. Architecture et urbanisme participatifs. Expériences françaises dans le contexte européen. Collection Fichier de la Participation, Venise, Editions du CIEDART, 1980
  • BEAUNEZ, Roger e BOULAIS, Pierre. Cadre de vie : des municipalités innovent. Paris, Les Éditions ouvrières, 1983.
  • BONDUKI, Nabil (organizador). Habitat, As práticas bem sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. São Paulo, Livros Studio Nobel Ltda, 1996.
  • BRANDÃO, Carlos Rodrigues (organizador). Pesquisa participante. 6a. edição. São Paulo, Brasiliense, 1986.
  • BURSZTYN, Marcel. O poder dos donos. Planejamento e clientelismo no Nordeste. Petrópolis, Vozes, 1984.
  • CHAUI , Marilena. Conformismo e resistência, aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo, Brasiliense, 1986.
  • COÏT, Katerine. Participation, mise en scène et mouvements populaires aux USA, en France et ailleurs. Colóquio de recherche urbaine, Paris, abril 1978.
  • DEL PICHIA, Pedro. A batalha da colina. São Paulo, 1982 .
  • FAORO, Raymundo. Os donos do poder. Vol 1 et 2. Rio De Janeiro, Globo, 1987.
  • FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1982.
  • FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação/ uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1979.
  • GENRO, Tarso e SOUZA, Ubiratan. Quand les habitants gèrent vraiment leur ville. Editions Charles Léopold Mayer, Paris, 1998.
  • GOFFMAN, Erving. Estigma, notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1975.
  • GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a produção da cultura. Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1985.
  • HABERMAS, Jungen. Théorie de l'agir communicationnel. Volume 1 et 2. Fayard, 1987.
  • KATAN, Roger. De quoi se mêlent les urbanistes? Paris, Editions Actes/Sud, 1979.
  • LEAL, Vitor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: O município e o sistema representativo no Brasil. (2a edição) São Paulo, Editora Alfa-Ômega, 1975 (Ia- edição em 1949).
  • MOLLET, Albert (direção). Quand les habitants prennent la parole. Bilan Thématique Plan Construction, Paris, 1981.
  • NUNES, Débora. La participation aux décisions d'urbanisme comme apprentissage de la citoyenneté. Mémoire de DEAà l'institut d'Urbanisme de Paris, sous direction de Georges Knaebel, 1994
  • NUNES, Débora. L'aprentissage de la citoyenneté à partir du travail communautaire - Methodologie participative d'intervention dans les quartiers populaires; recherche action à Vila Verde, Salvador, Brésil. Tese de Doutorado apresentada ao Institut d'Urbanisme de Paris, na Université Paris XII, França, abril de 1998.
  • TEIXEIRA NETO, Euclides José. 64 : um prefeito, a revolução e os jumentos. Salvador, Livraria Fator, 1983.
  • TODOROV, Tzvetan. La vie commune - Essai d'anthropologie générale. Paris, Editions du Seuil, 1995.
  • WEBER, Max. Economia e sociedade. Editora da Universidade Federal de Brasília (UNB). Brasília, 1991.
  • ZALUAR, Alba. A Máquina e a Revolta. As organizações populares e o significado da pobreza, São Paulo, Brasiliense, 1985.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Fev 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 1999
Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia Av. Reitor Miguel Calmon, s/n 3o. sala 29, 41110-903 Salvador-BA Brasil, Tel.: (55 71) 3283-7344, Fax.:(55 71) 3283-7667 - Salvador - BA - Brazil
E-mail: revistaoes@ufba.br