Resumo
O presente estudo traz uma análise da evolução de redes, especificamente da rede de filmes brasileiros, envolvendo dois mecanismos generativos subjacentes à formação de laços, a saber: ligação preferencial e aptidão. Tanto a ligação preferencial quanto a aptidão podem competir pela modelagem da evolução da rede; portanto, nós desenvolvemos uma nova base de dados com 974 filmes brasileiros de longa-metragem, lançados entre 1995 e 2017 e usamos o PAFit (um novo método estatístico) para estimar os efeitos conjuntos da ligação preferencial e da aptidão na evolução da rede de filmes brasileiros. Os dados coletados e analisados mostraram que a evolução da rede é direcionada tanto pela ligação preferencial quanto pela aptidão. Entretanto, os efeitos da ligação preferencial na evolução da rede tornam-se mais fracos na presença da aptidão. O que significa dizer que a habilidade do nó para formar laços na rede de filmes brasileiros é explicada, principalmente, por sua aptidão; ademais, a ligação preferencial assume uma forma sublinear. Custos, capacidades gerenciais e de comunicação, assim como a idade do nó, explicam por que os nós são incapazes de acumular laços proporcionalmente aos seus graus. Finalmente, observamos que a ligação preferencial e a aptidão manifestam-se heterogeneamente, a depender do tipo, ou da duração, da rede. A ligação preferencial direciona a evolução da rede de atores e atrizes, ao passo que a aptidão é o principal mecanismo generativo da rede de técnicos. Atores e atrizes apoiam-se no status, no privilégio e no poder para a obtenção de contratos futuros (ligação preferencial). Já os membros da equipe técnica, por sua vez, são selecionados a partir de talento, habilidades e conhecimentos (aptidão). A ligação preferencial torna-se mais forte em redes de menor duração em função da idade do nó ou da saída dele da rede.
evolução da rede; ligação preferencial; aptidão; indústria brasileira de produção de cinema