Resumo:
O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de viroses em videiras sintomáticas e assintomáticas sobre as variáveis agronômicas relacionadas ao vigor das plantas e à qualidade enológica da uva, e comparar os isolados virais obtidos nessas duas condições. Realizaram-se dois experimentos com quatro cultivares. Todas as plantas foram indexadas, por meio da reação em cadeia da polimerase via transcrição reversa (RT-PCR) em tempo real, quanto à provável ocorrência dos seguintes vírus: Grapevine virus A (GVA), Grapevine virus B (GVB), Grapevine virus D (GVD), Grapevine leafroll-associated virus (GLRaV-1 ao -4, GLRaV-4 estirpe 5), Grapevine rupestris stem pitting-associated virus (GRSPaV) e Grapevine fleck virus (GFkV). As variáveis avaliadas foram: número de gemas brotadas e não brotadas, número de ramos com ou sem cachos, número total de gemas, número de cachos, massa de cachos frescos, massa total de bagas, massa do engaço, número de bagas por cacho, massa média de baga, sólidos solúveis totais, acidez total titulável, pH, massa de ramos podados ou diâmetros do tronco do porta-enxerto e da copa. Os efeitos negativos foram mais pronunciados nas plantas com sintomas de viroses; no entanto, constatou-se frequentemente que plantas sem sintomas também estavam infectadas. A análise molecular de GRSPaV, GVA e GLRaV-2, isolados de plantas sintomáticas e assintomáticas, resultou em alta percentagem de identidade de nucleotídeos entre isolados homólogos.
Termos para indexação:
Grapevine; Vitis; complexo do lenho rugoso; enrolamento-da-folha; PCR em tempo real.
Abstract:
The objective of this work was to evaluate the effect of viroses in symptomatic and asymptomatic grapevines on the agronomic variables related to the plant vigor and the enological quality of grapes, and to compare viral isolates obtained from these two conditions. Two experiments were performed with four cultivars. All plants were indexed by real time, reverse transcription-polymerase chain reaction (RT-PCR) for the probable occurrence of the following viruses: Grapevine virus A (GVA), Grapevine virus B (GVB), Grapevine virus D (GVD), Grapevine leafroll-associated virus (GLRaV-1 to -4, GLRaV-4 strain 5), Grapevine rupestris stem pitting-associated virus (GRSPaV), and Grapevine fleck virus (GFkV). The evaluated variables were: number of buds burst and not burst, number of branches with or without bunches, total number of buds, number of bunches, fresh bunch weight, total berry weight, rachis weight, number of berries per bunch, average berry weight, total soluble solids, total titratable acidity, pH, pruned branch weight, or rootstock and scion trunk diameters. The negative effects were more pronounced on the plants with virus symptoms; however, it was observed that plants without symptoms were also often infected. The molecular analysis of GRSPaV, GVA, and GLRaV-2, isolates from symptomatic and asymptomatic plants, resulted in a high percentage of nucleotide identities between homologous isolates.
Index terms:
Grapevine; Vitis; rugose wood complex; leafroll; real time PCR.
Introdução
Cerca de 60 espécies virais capazes de infectar a videira são
conhecidas e constituem importante ameaça à vitivinicultura
(Basso et al.,
2014BASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; PIO-RIBEIRO, G.;
EIRAS, M.; ZERBINI, F.M. Avanços e perspectivas no
estudo das doenças virais e subvirais em videira com
ênfase na realidade brasileira. Revisão Anual de
Patologia de Plantas, v.22, p.160-207,
2014.). O principal método de manejo aplicado ao
controle de viroses da videira baseia-se em estratégias de
prevenção, por meio da utilização de material propagativo
comprovadamente livre de patógenos (Maliogka et al., 2015MALIOGKA, V.I.; MARTELLI, G.P.; FUCHS, M.;
KATIS, N.I. Control of viruses infecting grapevine. In:
LOEBENSTEIN, G.; KATIS, N.I. (Ed.). Control of plant
virus diseases vegetatively-propagated crops. Waltham:
Academic Press: Elsevier, 2015. p.175-227. (Advances in
Virus Research, 91). DOI:
10.1016/bs.aivir.2014.11.002.
https://doi.org/10.1016/bs.aivir.2014.11...
). Outras
práticas de manejo, que incluiriam o plantio de cultivares e
porta-enxertos resistentes a vírus, não se aplicam, uma vez que
não há resistência genética a vírus em cultivares comerciais de
videira (Oliver et al.,
2011OLIVER, J.E.; FUCHS, M. Tolerance and resistance
to viruses and their vectors in Vitis
sp.: a virologist's perspective of the literature.
American Journal of Enology and Viticulture, v.62,
p.438-451, 2011. DOI:
10.5344/ajev.2011.11036.
https://doi.org/10.5344/ajev.2011.11036....
). Em razão disso e por ser muito frequente
a incidência de vírus nas principais regiões vitícolas
brasileiras (Catarino et al.,
2015CATARINO, A. de M.; FAJARDO, T.V.M.;
PIO-RIBEIRO, G.; EIRAS, M.; NICKEL, O. Incidência de
vírus em videiras no Nordeste brasileiro e
caracterização molecular parcial de isolados virais
locais. Ciência Rural, v.45, p.379-385, 2015. DOI:
10.1590/0103-8478cr20140587.
https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20140...
), uma alternativa seria, em determinadas
situações, a convivência com os vírus no vinhedo. A infecção
viral pode resultar em maior ou menor dano, com diferentes
reflexos sobre a qualidade e quantidade da produção, a depender
de diversos fatores, entre os quais a gama e a intensidade dos
sintomas manifestados pela planta hospedeira ou mesmo a ausência
de sintomas, no caso de infecções latentes ou assintomáticas
(Basso et al.,
2014BASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; PIO-RIBEIRO, G.;
EIRAS, M.; ZERBINI, F.M. Avanços e perspectivas no
estudo das doenças virais e subvirais em videira com
ênfase na realidade brasileira. Revisão Anual de
Patologia de Plantas, v.22, p.160-207,
2014.). A expressão de sintomas induzidos por
vírus em videiras pode variar com as condições ambientais,
estádio fenológico e estado nutricional da planta, práticas de
manejo, combinação de espécies e estirpes virais, cultivar da
planta hospedeira e tempo decorrido desde a infecção (Basso et al., 2010aBASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; EIRAS, M.; AYUB,
R.A.; NICKEL, O. Detecção e identificação molecular de
vírus associados a videiras sintomáticas e
assintomáticas. Ciência Rural, v.40, p.2249-2255,
2010a. DOI:
10.1590/S0103-84782010001100001.
https://doi.org/10.1590/S0103-8478201000...
;
Naidu et al.,
2014NAIDU, R.; ROWHANI, A.; FUCHS, M.; GOLINO, D.;
MARTELLI, G.P. Grapevine leafroll: a complex viral
disease affecting a high-value fruit crop. Plant
Disease, v.98, p.1172-1185, 2014. DOI:
10.1094/PDIS-08-13-0880-FE.
https://doi.org/10.1094/PDIS-08-13-0880-...
).
Os efeitos da infecção viral sobre a videira podem-se manifestar de
forma abrangente, o que resulta, em geral, em impactos
econômicos para a atividade vitícola. As plantas infectadas
podem apresentar alterações na expressão de genes, redução do
potencial fotossintético, aumento da taxa de respiração e
redução dos teores de clorofila (Fajardo et al., 2004FAJARDO, T.V.M.; EIRAS, M.; SANTOS, H.P.;
NICKEL, O.; KUHN, G.B. Detecção e caracterização
biológica e molecular de Rupestris stem-pitting
associated virus e seu efeito na
fotossíntese de videiras. Fitopatologia Brasileira,
v.29, p.209-214, 2004. DOI:
10.1590/S0100-41582004000200016.
https://doi.org/10.1590/S0100-4158200400...
; Espinoza et al., 2007ESPINOZA, C.; VEGA, A.; MEDINA, C.; SCHLAUCH,
K.; CRAMER, G.; ARCE-JOHNSON, P. Gene expression
associated with compatible viral diseases in grapevine
cultivars. Functional and Integrative Genomics, v.7,
p.95-110, 2007. DOI:
10.1007/s10142-006-0031-6.
https://doi.org/10.1007/s10142-006-0031-...
; Basso et al., 2010bBASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; SANTOS, H.P.;
GUERRA, C.C.; AYUB, R.A.; NICKEL, O. Fisiologia foliar
e qualidade enológica da uva em videiras infectadas por
vírus. Tropical Plant Pathology, v.35, p.351-359,
2010b. DOI:
10.1590/s1982-56762010000600003.
https://doi.org/10.1590/s1982-5676201000...
).
Especificamente, os efeitos negativos da infecção viral em
videiras consistem em redução do teor de sólidos solúveis totais
do mosto, maturação irregular e incompleta da uva, redução da
qualidade e do rendimento da produção e, em casos mais severos
de infecção, podem ocorrer enfraquecimento e atraso das
brotações, redução da longevidade e declínio das plantas
infectadas (Giribaldi et al.,
2011GIRIBALDI, M.; PURROTTI, M.; PACIFICO, D.;
SANTINI, D.; MANNINI, F.; CACIAGLI, P.; ROLLE, L.;
CAVALLARIN, L.; GIUFFRIDA, M.G.; MARZACHI, C. A
multidisciplinary study on the effects of
phloem-limited viruses on the agronomical performance
and berry quality of Vitis vinifera
cv. Nebbiolo. Journal of Proteomics, v.75, p.306-315,
2011. DOI:
10.1016/j.jprot.2011.08.006.
https://doi.org/10.1016/j.jprot.2011.08....
).
É comum a observação de videiras sintomáticas e assintomáticas quanto
a viroses, dentro de um mesmo vinhedo, nas principais regiões
vitícolas brasileiras (Basso et
al., 2010aBASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; EIRAS, M.; AYUB,
R.A.; NICKEL, O. Detecção e identificação molecular de
vírus associados a videiras sintomáticas e
assintomáticas. Ciência Rural, v.40, p.2249-2255,
2010a. DOI:
10.1590/S0103-84782010001100001.
https://doi.org/10.1590/S0103-8478201000...
). Considerando-se a frequente
necessidade de renovação de vinhedos, decorrente da
degenerescência das plantas causada por alta taxa de infecção
viral; os custos serão invariavelmente elevados. Se videiras
assintomáticas, mesmo que infectadas por vírus, apresentarem
razoáveis qualidade e quantidade produtivas, então, essa
condição poderia ser explorada como alternativa viável e menos
dispendiosa à renovação completa do vinhedo. A opção seria a
substituição parcial direcionada apenas às plantas
sintomáticas.
O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de viroses em videiras sintomáticas e assintomáticas sobre as variáveis agronômicas relacionadas ao vigor das plantas e à qualidade enológica da uva, e comparar os isolados virais obtidos nessas duas condições.
Material e Métodos
Dois experimentos, constituídos por levantamentos amostrais, foram efetuados em vinhedos comerciais, com quatro cultivares. As plantas foram selecionadas de forma intencional (não probabilística), observando-se a uniformidade dentro e entre as amostras de plantas sintomáticas e de plantas assintomáticas da mesma cultivar.
No primeiro experimento, foram avaliadas 10 plantas de videira (Vitis vinifera) com evidentes sintomas de infecção viral, comparativamente a 10 plantas sem nenhum sintoma, em vinhedos de 'Cabernet Franc' (21 anos, enxertada em SO4) e 'Cabernet Sauvignon' (16 anos, enxertada em P1103), ambos situados em Bento Gonçalves, RS. A parte aérea das plantas sintomáticas de ambas as cultivares exibia enrolamento e avermelhamento das folhas. As avaliações foram realizadas na safra 2011, e as plantas foram identificadas em fevereiro/2011, no início da maturação da uva. As 14 variáveis agronômicas, registradas por planta, foram: número de gemas brotadas por planta, número de ramos por planta - com cachos ou sem cachos - número de gemas não brotadas por planta, número total de gemas por planta, número de cachos por planta, massa de cacho fresco, massa total de bagas por cacho, massa do engaço, número de bagas por cacho, massa média de bagas, sólidos solúveis totais, acidez total titulável e pH do mosto.
No segundo experimento, foram avaliadas 20 videiras com sintomas de virose e outras 20 plantas completamente assintomáticas, em vinhedos de 'Niágara Rosada' (V. labrusca) - com 6 anos, enxertada em P1103 -, e 'Merlot' (V. vinifera) - com 12 anos, enxertada em P779 -, em Flores da Cunha e Caxias do Sul, RS, respectivamente. A parte aérea da cultivar Niágara Rosada sintomática não exibia qualquer sintoma de virose, no entanto, o porta-enxerto dessas plantas apresentava severas caneluras, engrossamento e rachaduras na casca. A parte aérea da cultivar Merlot sintomática exibia enrolamento e avermelhamento das folhas. As avaliações foram realizadas na safra 2014, e as plantas foram identificadas em fevereiro/2014. As variáveis agronômicas, registradas por planta, foram: sólidos solúveis totais, massa do cacho fresco, massa de ramos podados e diâmetros do tronco do porta-enxerto e da copa.
Para as determinações no fruto, foram colhidos três cachos por planta, no primeiro experimento, e um cacho por planta no segundo experimento. Efetuou-se a comparação das médias amostrais de plantas sintomáticas e assintomáticas, por cultivar, por meio do teste t bilateral.
Todas as videiras, de ambos os experimentos, foram indexadas, para identificar as espécies virais associadas às plantas assintomáticas e sintomáticas. No primeiro experimento, todas as plantas da 'Cabernet Franc' e 'Cabernet Sauvignon' foram avaliadas quanto à infecção por seis vírus: Grapevine virus A (GVA), Grapevine virus B (GVB), Grapevine rupestris stem pitting-associated virus (GRSPaV), Grapevine leafroll-associated virus-2 e -3 (GLRaV-2 e -3) e Grapevine fleck virus (GFkV). No segundo experimento, as plantas da 'Niágara Rosada' foram avaliadas quanto à infecção por GVA, GVB, Grapevine virus D (GVD) e GRSPaV, e as da 'Merlot' quanto aos vírus GLRaV-1 ao -4 e GLRaV-4 estirpe 5.
A extração de RNA total, a partir de um grama de raspas do lenho de
ramos maduros, de cada videira dos experimentos (uma amostra por
planta), foi realizada pela trituração do tecido vegetal em
nitrogênio líquido, seguindo-se o protocolo de adsorção em
sílica (Radaelli et al.,
2009RADAELLI, P.; FAJARDO, T.V.M.; NICKEL, O.;
EIRAS, M.; PIO-RIBEIRO, G. Variabilidade do gene da
proteína capsidial de três espécies virais que infectam
videiras no Brasil. Tropical Plant Pathology, v.34,
p.297-305, 2009. DOI:
10.1590/S1982-56762009000500002.
https://doi.org/10.1590/S1982-5676200900...
). Videiras comprovadamente sadias foram
utilizadas como controle negativo. Para o controle positivo das
reações, utilizou-se RNA extraído de videiras mantidas em vasos,
em casa de vegetação, infectadas com as espécies virais
avaliadas. Estas plantas são permanentemente mantidas sob
condições controladas e foram indexadas previamente, assim, os
vírus que as infectam são conhecidos. Os oligonucleotídeos e as
sondas utilizados nas reações de RT-PCR em tempo real (Taqman)
foram desenhados com base em trabalhos publicados para a
detecção dos vírus GVA, GVB, GVD, GRSPaV, GLRaV-1 ao -4, GLRaV-4
estirpe 5 e GFkV (Osman et al.,
2007OSMAN, F.; LEUTENEGGER, C.; GOLINO, D.; ROWHANI,
A. Real-time RT-PCR (TaqMan) assays for the detection
of Grapevine leafroll associated
viruses 1-5 and 9. Journal of Virological
Methods, v.141, p.22-29, 2007. DOI:
10.1016/j.jviromet.2006.11.035.
https://doi.org/10.1016/j.jviromet.2006....
; Osman
& Rowhani, 2008OSMAN, F.; ROWHANI, A. Real-time RT-PCR (TaqMan)
assays for the detection of viruses associated with
Rugose wood complex of grapevine. Journal of
Virological Methods, v.154, p.69-75, 2008. DOI:
10.1016/j.jviromet.2008.09.005.
https://doi.org/10.1016/j.jviromet.2008....
).
Todas as sondas foram marcadas com os fluoróforos 6-FAM ou VIC na
extremidade 5' - para permitir a detecção simultânea de dois
vírus na mesma amostra -, e com TAMRA na extremidade 3'. As
condições das reações de RT-PCR em tempo real, descritas
previamente (Dubiela et al.,
2013DUBIELA, C.R.; FAJARDO, T.V.M.; SOUTO, E.R.;
NICKEL, O.; EIRAS, M.; REVERS, L.F. Simultaneous
detection of Brazilian isolates of grapevine viruses by
TaqMan real-time RT-PCR. Tropical Plant Pathology,
v.38, p.158-165, 2013. DOI:
10.1590/S1982-56762013000200011.
https://doi.org/10.1590/S1982-5676201300...
), consistiram de ensaios do tipo
presença/ausência, tendo-se utilizado o kit TaqMan Master Mix
One-Step RT-PCR e o termociclador StepOnePlus Real-time PCR
System ambos da Applied Biosystems (Carlsbad, CA, EUA). Os dados
das reações foram analisados quantitativa e graficamente, por
meio do StepOne Software v2.3 (Applied Biosystems), pela
determinação do Cq (ciclo quantitativo). Valores de Cq abaixo de
35 representam resultados positivos, e quanto maior a
concentração viral na amostra, menor é o valor do Cq.
A análise molecular foi desenvolvida com base nas sequências de
nucleotídeos de três espécies virais, associadas à virose do
lenho rugoso (GRSPaV e GVA) e do enrolamento da folha (GLRaV-2).
Os isolados foram obtidos por meio de RT-PCR, a partir do RNA
total extraído de amostras coletadas de plantas do experimento
no campo. Da 'Niágara Rosada' foram obtidos os isolados de
GRSPaV e GVA e da 'Merlot', isolados de GLRaV-2. Foram
comparados dois isolados de cada vírus, provenientes de plantas
sintomáticas e assintomáticas. Os oligonucleotídeos para a
amplificação por RT-PCR convencional foram definidos com base em
trabalhos anteriores - RSPaV-v1/RSPaV-c1 para GRSPaV (Radaelli et al.,
2009RADAELLI, P.; FAJARDO, T.V.M.; NICKEL, O.;
EIRAS, M.; PIO-RIBEIRO, G. Variabilidade do gene da
proteína capsidial de três espécies virais que infectam
videiras no Brasil. Tropical Plant Pathology, v.34,
p.297-305, 2009. DOI:
10.1590/S1982-56762009000500002.
https://doi.org/10.1590/S1982-5676200900...
), 766/C1197 para GVA (Minafra et al., 1992MINAFRA, A.; HADIDI, A.; MARTELLI, G.P.
Detection of grapevine closterovirus A in infected
grapevine tissue by reverse transcription-polymerase
chain reaction. Vitis, v.31, p.221-227, 1992. ), e V2CPf/V2CPr1
para GLRaV-2 (Bertazzon &
Angelini, 2004BERTAZZON, N.; ANGELINI, E. Advances in the
detection of Grapevine leafroll-associated
virus 2 variants. Journal of Plant
Pathology, v.86, p.283-290, 2004. ) -, este último par de
oligonucleotídeos também foi utilizado na indexação do segundo
experimento. A síntese do cDNA e as reações de PCR foram
conduzidas conforme metodologia descrita por Radaelli et al.
(2009)RADAELLI, P.; FAJARDO, T.V.M.; NICKEL, O.;
EIRAS, M.; PIO-RIBEIRO, G. Variabilidade do gene da
proteína capsidial de três espécies virais que infectam
videiras no Brasil. Tropical Plant Pathology, v.34,
p.297-305, 2009. DOI:
10.1590/S1982-56762009000500002.
https://doi.org/10.1590/S1982-5676200900...
. Os produtos da RT-PCR foram analisados em géis de
agarose a 1,2%, preparados em tampão TBE pH 8,0, corados com
brometo de etídeo (0,05%) e visualizados em transiluminador de
luz UV. As bandas observadas, correspondentes a fragmentos de
tamanhos esperados, foram recortadas dos géis e eluídas com a
utilização do kit Wizard SV Gel and PCR Clean-Up System
(Promega, Madison, WI, EUA).
Os fragmentos de DNA eluídos foram ligados ao vetor pGEM-T Easy
(Promega) e estes foram utilizados na transformação de células
competentes de Escherichia coli DH5α, por meio
de choque térmico (Sambrook
& Russel, 2001SAMBROOK, J.F.; RUSSELL, D.W. Molecular cloning:
a laboratory manual. 3rd ed. New York: CSHL Press,
2001. 999p.). O DNA plasmidial das
colônias bacterianas transformadas foi extraído, com o kit
Wizard Plus SV Minipreps DNA Purification System (Promega). A
confirmação da presença dos fragmentos virais clonados nos
plasmídeos recombinantes foi realizada por digestão com a enzima
de restrição EcoRI (Sambrook & Russel, 2001SAMBROOK, J.F.; RUSSELL, D.W. Molecular cloning:
a laboratory manual. 3rd ed. New York: CSHL Press,
2001. 999p.).
Procedeu-se ao sequenciamento automático de nucleotídeos de dois
clones por isolado viral caracterizado. Os alinhamentos
múltiplos das sequências de nucleotídeos (nt) e de aminoácidos
deduzidos (aad) e a geração das matrizes de identidade foram
realizados com o auxílio dos programas Clustal X 1.8 e BioEdit
7.2.3. (Hall, 1999HALL, T.A. BioEdit: A user-friendly biological
sequence alignment editor and analysis program for
Windows 95/98/NT. Nucleic Acids Symposium Series, v.41,
p.95-98, 1999.). Nas
análises, foram incluídas as sequências completas (GRSPaV) ou
parciais (GVA e GLRaV-2) da proteína capsidial (CP) dos isolados
caracterizados no presente trabalho, isolados homólogos
caracterizados no Brasil, além do isolado-tipo da espécie viral
e de uma sequência outgroup, disponíveis no banco de dados
GenBank (National Center for Biotechnology Information,
Bethesda, MD, EUA). O estudo de relacionamento filogenético foi
desenvolvido com auxílio do programa MEGA 5.2, por meio do
método de máxima parcimônia (Tamura et al., 2011TAMURA, K.; PETERSON, D.; PETERSON, N.; STECHER,
G.; NEI, M.; KUMAR, S. MEGA5: molecular evolutionary
genetics analysis using maximum likelihood,
evolutionary distance, and maximum parsimony methods.
Molecular Biology and Evolution, v.28, p.2731-2739,
2011. DOI: 10.1093/molbev/msr121.
https://doi.org/10.1093/molbev/msr121....
).
Resultados e Discussão
No primeiro experimento, nas plantas sintomáticas da 'Cabernet Franc',
observaram-se folhas coriáceas e aspecto bolhoso, enrolamento
para baixo nos bordos foliares, folhas avermelhadas com as
nervuras principais verdes. Nas plantas sintomáticas da
'Cabernet Sauvignon', observaram-se intenso avermelhamento
foliar e formação de tecido corticento na região de inserção do
ramo. Não se observaram sintomas relacionados a viroses nas
plantas assintomáticas. Na 'Cabernet Franc', detectou-se GRSPaV
na quase totalidade das plantas assintomáticas e sintomáticas
avaliadas (Tabela 1). O
GVB foi detectado na quase totalidade das plantas com sintomas e
em apenas duas plantas sem sintomas. A 'Cabernet Sauvignon'
apresentou resultados semelhantes aos da 'Cabernet Franc' quanto
à ocorrência de GRSPaV e GVB. Em ambas as cultivares, também se
detectaram GVA, GFkV e GLRaV-2, em plantas sintomáticas, e GVA,
em assintomáticas, porém em menor incidência do que GRSPaV e
GVB. O GLRaV-3 não foi detectado em nenhuma planta. Como as
amostras indexadas provieram de vinhedos comerciais, as
infecções determinadas assemelham-se àquelas obtidas em outros
levantamentos (Catarino et al.,
2015CATARINO, A. de M.; FAJARDO, T.V.M.;
PIO-RIBEIRO, G.; EIRAS, M.; NICKEL, O. Incidência de
vírus em videiras no Nordeste brasileiro e
caracterização molecular parcial de isolados virais
locais. Ciência Rural, v.45, p.379-385, 2015. DOI:
10.1590/0103-8478cr20140587.
https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20140...
).
Os efeitos negativos verificados, relacionados à fisiologia da videira
e com reflexos significativos sobre algumas variáveis
agronômicas e de qualidade enológica da uva, podem ser,
provavelmente, atribuídos à presença do GVB, que apresentou
maior incidência em plantas com sintomas. Rosa et al. (2011)ROSA, C.; JIMENEZ, J.F.; MARGARIA, P.; ROWHANI,
A. Symptomatology and effects of viruses associated
with rugose wood complex on the growth of four
different rootstocks. American Journal of Enology and
Viticulture, v.62, p.207-213, 2011. DOI:
10.5344/ajev.2011.10104.
https://doi.org/10.5344/ajev.2011.10104....
mostraram que o GVB
induziu efeitos adversos em porta-enxertos de videira,
particularmente, quando combinado com outros vírus. A detecção
de vírus em plantas sem sintomas pode ser explicada pela alta
sensibilidade do teste diagnóstico de RT-PCR e à frequente
infecção com isolados latentes, conforme mostrado para o GRSPaV,
o que resulta em plantas assintomáticas (Gambino et al., 2012GAMBINO, G.; CUOZZO, D.; FASOLI, M.; PAGLIARANI,
C.; VITALI, M.; BOCCACCI, P.; PEZZOTTI, M.; MANNINI, F.
Co-evolution between Grapevine rupestris stem
pitting-associated virus and
Vitis vinifera L. leads to
decreased defence responses and increased transcription
of genes related to photosynthesis. Journal of
Experimental Botany, v.63, p.5919-5933, 2012. DOI:
10.1093/jxb/ers244.
https://doi.org/10.1093/jxb/ers244....
). Outro motivo
poderia ser o menor tempo de infecção em plantas assintomáticas,
insuficiente, portanto, para permitir a expressão de sintomas
(Maliogka et al.,
2015MALIOGKA, V.I.; MARTELLI, G.P.; FUCHS, M.;
KATIS, N.I. Control of viruses infecting grapevine. In:
LOEBENSTEIN, G.; KATIS, N.I. (Ed.). Control of plant
virus diseases vegetatively-propagated crops. Waltham:
Academic Press: Elsevier, 2015. p.175-227. (Advances in
Virus Research, 91). DOI:
10.1016/bs.aivir.2014.11.002.
https://doi.org/10.1016/bs.aivir.2014.11...
). Plantas assintomáticas infectadas podem
levar até três anos para expressar sintomas da infecção viral
(Naidu et al.,
2014NAIDU, R.; ROWHANI, A.; FUCHS, M.; GOLINO, D.;
MARTELLI, G.P. Grapevine leafroll: a complex viral
disease affecting a high-value fruit crop. Plant
Disease, v.98, p.1172-1185, 2014. DOI:
10.1094/PDIS-08-13-0880-FE.
https://doi.org/10.1094/PDIS-08-13-0880-...
), assim, é possível supor que algumas das
plantas assintomáticas avaliadas poderiam exibir sintomas em
ciclos de cultivo (safras) posteriores.
A avaliação das variáveis agronômicas mostrou plantas sintomáticas que apresentaram vigor reduzido, reduções do número de brotos e de cachos por planta e cachos menores (Tabela 2). Verificaram-se diferenças significativas, em favor das plantas sem sintomas, nas seguintes variáveis: número de ramos com cachos - com percentagem de redução em relação às plantas sem sintomas, em 'Cabernet Franc' e 'Cabernet Sauvignon', de 37 e 24%; número de cachos (35 e 35%); massa de cacho fresco (37 e 55%); massa total de bagas por cacho (36 e 55%); massa do engaço (52 e 54%); e número de bagas por cacho (27 e 47%). Na 'Cabernet Franc', ainda foram verificadas diferenças significativas, em favor das plantas sem sintomas, quanto a: número de gemas brotadas (28%); número total de gemas (22%); e sólidos solúveis totais do mosto (cerca de 7%). Na 'Cabernet Sauvignon', houve diferenças significativas quanto à massa média de baga (13%) e ao número de gemas não brotadas, que foi reduzido em 51% nas plantas com sintomas. Estes resultados mostram que o processo infeccioso viral, juntamente com a expressão de sintomas, nestas cultivares, influenciaram negativamente e, de forma mais expressiva, o desempenho agronômico, o vigor da planta e algumas variáveis de qualidade enológica da uva (°Brix).
Os impactos da infecção viral sobre o potencial fotossintético de
folhas de videiras restringem o acúmulo de reservas e a
capacidade de crescimento, refletindo, consequentemente, em
decréscimos da qualidade da produção e da produtividade (Basso et al., 2010bBASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; SANTOS, H.P.;
GUERRA, C.C.; AYUB, R.A.; NICKEL, O. Fisiologia foliar
e qualidade enológica da uva em videiras infectadas por
vírus. Tropical Plant Pathology, v.35, p.351-359,
2010b. DOI:
10.1590/s1982-56762010000600003.
https://doi.org/10.1590/s1982-5676201000...
).
De fato as plantas assintomáticas de 'Cabernet Franc' e
'Cabernet Sauvignon', que não expressaram sintomas foliares,
mesmo que infectadas, apresentaram melhor desempenho das
variáveis agronômicas e enológicas avaliadas (Tabela 2). Assim, a
separação das uvas provenientes de determinadas áreas com
plantas assintomáticas dentro de vinhedos infectados, poderia
ser avaliada como uma estratégia para a produção com melhor
qualidade.
O impacto econômico da virose do enrolamento da folha da videira, em
relação à produtividade, é considerável. Atallah et al. (2012)ATALLAH, S.S.; GÓMEZ, M.I.; FUCHS, M.F.;
MARTINSON, T.E. Economic impact of grapevine leafroll
disease on Vitis vinifera cv. Cabernet
franc in Finger Lakes vineyards of New York. American
Journal of Enology and Viticulture, v.63, p.73-79,
2012. DOI: 10.5344/ajev.2011.11055.
https://doi.org/10.5344/ajev.2011.11055....
relataram redução
de 30-50% na produção e perda econômica de 10%, reflexo da
diminuição da qualidade da uva, na ausência de adoção de medidas
de manejo desta virose no cultivo de V.
vinifera. Com base nas diferenças dos valores
de número de cachos por planta e de massa do cacho fresco de
plantas assintomáticas e sintomáticas (Tabela 2) e, considerando-se uma
densidade de 2.000 plantas por ha, resultaria em decréscimos de
2.933 e 6.583 kg ha-1 na produtividade de plantas
sintomáticas em relação às assintomáticas da 'Cabernet Franc' e
'Cabernet Sauvignon', respectivamente.
Alguns dos principais efeitos da infecção viral em videiras são: o
amadurecimento irregular dos cachos, a redução da produtividade
e a diminuição da cor em uvas tintas (Basso et al., 2010bBASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; SANTOS, H.P.;
GUERRA, C.C.; AYUB, R.A.; NICKEL, O. Fisiologia foliar
e qualidade enológica da uva em videiras infectadas por
vírus. Tropical Plant Pathology, v.35, p.351-359,
2010b. DOI:
10.1590/s1982-56762010000600003.
https://doi.org/10.1590/s1982-5676201000...
). O amadurecimento
irregular dos cachos pode ocasionar aumento da acidez total
titulável do mosto da uva (Giribaldi et al., 2011GIRIBALDI, M.; PURROTTI, M.; PACIFICO, D.;
SANTINI, D.; MANNINI, F.; CACIAGLI, P.; ROLLE, L.;
CAVALLARIN, L.; GIUFFRIDA, M.G.; MARZACHI, C. A
multidisciplinary study on the effects of
phloem-limited viruses on the agronomical performance
and berry quality of Vitis vinifera
cv. Nebbiolo. Journal of Proteomics, v.75, p.306-315,
2011. DOI:
10.1016/j.jprot.2011.08.006.
https://doi.org/10.1016/j.jprot.2011.08....
), entretanto, este
efeito não foi significativo nas avaliações realizadas. Em
geral, o mosto da uva de plantas infectadas tende a apresentar
menor pH do que o de plantas sadias (Basso et al., 2014BASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; PIO-RIBEIRO, G.;
EIRAS, M.; ZERBINI, F.M. Avanços e perspectivas no
estudo das doenças virais e subvirais em videira com
ênfase na realidade brasileira. Revisão Anual de
Patologia de Plantas, v.22, p.160-207,
2014.), porém, essa
variável também não apresentou diferença significativa nas
condições testadas (Tabela
2). Essas duas variáveis são influenciadas pelas
características da infecção viral e pela resposta fisiológica da
cultivar à infecção viral. Poojari et al. (2013)POOJARI, S.; ALABI, O.J.; NAIDU, R.A. Molecular
characterization and impacts of a strain of
Grapevine leafroll-associated virus
2 causing asymptomatic infection in a
wine grape cultivar. Virology Journal, v.10, article
324, 2013. DOI:
10.1186/1743-422X-10-324.
https://doi.org/10.1186/1743-422X-10-324...
não observaram efeitos
negativos significativos da estirpe SG de GLRaV-2, sobre a
produção e a qualidade da uva da videira 'Sangiovese', que foi
assintomática, e mencionam que esses efeitos seriam menos
pronunciados.
No segundo experimento, com a 'Niágara Rosada', detectaram-se GVA, GVD
e GRSPaV na quase totalidade das plantas assintomáticas e
sintomáticas avaliadas, além de GVB em uma planta sintomática
(Tabela 1). Os
três vírus mais frequentes estão associados ao lenho rugoso da
videira. Videiras muito suscetíveis a essa virose, como o
porta-enxerto P1103, apresentam engrossamento da casca e
caneluras (ranhuras) na superfície do lenho, além de vigor
reduzido (Rosa et al.,
2011ROSA, C.; JIMENEZ, J.F.; MARGARIA, P.; ROWHANI,
A. Symptomatology and effects of viruses associated
with rugose wood complex on the growth of four
different rootstocks. American Journal of Enology and
Viticulture, v.62, p.207-213, 2011. DOI:
10.5344/ajev.2011.10104.
https://doi.org/10.5344/ajev.2011.10104....
). Cultivares tolerantes, como Niágara
Rosada, podem não exibir sintomas perceptíveis. Este efeito foi
constatado na combinação 'Niágara Rosada'/P1103 sintomática, que
apresentou maior diâmetro do tronco do porta-enxerto, bastante
afetado pelos vírus do lenho rugoso. Na mesma combinação, na
ausência de caneluras, portanto, copa e porta-enxerto
assintomáticos, verificou-se melhor desenvolvimento do tronco da
copa, pois o porta-enxerto assintomático não limitou o
desenvolvimento vegetativo da copa. Estes efeitos não foram
verificados na 'Merlot' infectada com os vírus do enrolamento da
folha (Tabela 3). Na
'Merlot', os principais vírus detectados foram GLRaV-2, GLRaV-3
(plantas sintomáticas) e GLRaV-4, com menor incidência do
GLRaV-4 estirpe 5. O GLRaV-3 não foi detectado nas plantas
assintomáticas e o GLRaV-1 não foi detectado em nenhuma planta
(Tabela 1).
Verificaram-se diferenças significativas, na avaliação das variáveis
agronômicas, em favor das plantas sem sintomas, nas seguintes
variáveis: na 'Niágara Rosada' - massa fresca do cacho (redução
de 15,4% em relação às plantas sem sintomas), massa de ramos
podados (redução de 42,3%), diâmetro do tronco da copa (redução
de 12,1%), e diâmetro do tronco do porta-enxerto (aumento de
7,98% no porta-enxerto sintomático); na 'Merlot' - sólidos
solúveis totais (redução de 10,7%, em relação às plantas sem
sintomas) (Tabela 3).
Como todas as variáveis avaliadas estão relacionadas ao vigor da
planta e à quantificação dos efeitos negativos da infecção
viral, é possível concluir que videiras assintomáticas da
'Niágara Rosada', mesmo que infectadas, apresentam desempenho
agronômico superior ao verificado em videiras sintomáticas
infectadas. Assim, o manejo, a colheita e a vinificação,
separadamente, das uvas provenientes de videiras assintomáticas,
poderiam ser avaliados para a elaboração de produtos - como suco
e vinho - de melhor qualidade. Como a 'Merlot' estava infectada
com os vírus-do-enrolamento-da-folha, que afetam principalmente
a fotossíntese (Basso et al.,
2010bBASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; SANTOS, H.P.;
GUERRA, C.C.; AYUB, R.A.; NICKEL, O. Fisiologia foliar
e qualidade enológica da uva em videiras infectadas por
vírus. Tropical Plant Pathology, v.35, p.351-359,
2010b. DOI:
10.1590/s1982-56762010000600003.
https://doi.org/10.1590/s1982-5676201000...
), a única diferença significativa ocorreu
no teor de sólidos solúveis totais, que são açúcares gerados no
processo fotossintético, entre plantas assintomáticas, menos
prejudicadas por esses vírus, em comparação com as plantas
sintomáticas.
Em conjunto, os resultados obtidos nos dois experimentos mostram que
videiras assintomáticas, mesmo infectadas ainda apresentam
desempenho agronômico superior ao de videiras sintomáticas
infectadas. Porém, como já mostrado, a utilização de material
propagativo certificado, livre de vírus, ainda é a melhor opção
para obter o máximo do potencial produtivo da cultivar e para
reduzir perdas ocasionadas por vírus (Naidu et al., 2014NAIDU, R.; ROWHANI, A.; FUCHS, M.; GOLINO, D.;
MARTELLI, G.P. Grapevine leafroll: a complex viral
disease affecting a high-value fruit crop. Plant
Disease, v.98, p.1172-1185, 2014. DOI:
10.1094/PDIS-08-13-0880-FE.
https://doi.org/10.1094/PDIS-08-13-0880-...
). Mannini et al. (2012)MANNINI, F.; MOLLO, A.; CREDI, R. Field
performance and wine quality modification in a clone of
Vitis vinifera cv. Dolcetto after
GLRaV-3 elimination. American Journal of Enology and
Viticulture, v.63, p.144-147, 2012. DOI:
10.5344/ajev.2011.11020.
https://doi.org/10.5344/ajev.2011.11020....
relataram sobre as vantagens advindas de vinhedos estabelecidos
com material propagativo livre de vírus, em comparação às
variáveis vigor, produtividade, taxa fotossintética e teor de
sólidos solúveis. Giribaldi et
al. (2011)GIRIBALDI, M.; PURROTTI, M.; PACIFICO, D.;
SANTINI, D.; MANNINI, F.; CACIAGLI, P.; ROLLE, L.;
CAVALLARIN, L.; GIUFFRIDA, M.G.; MARZACHI, C. A
multidisciplinary study on the effects of
phloem-limited viruses on the agronomical performance
and berry quality of Vitis vinifera
cv. Nebbiolo. Journal of Proteomics, v.75, p.306-315,
2011. DOI:
10.1016/j.jprot.2011.08.006.
https://doi.org/10.1016/j.jprot.2011.08....
compararam o desempenho agronômico
entre videiras sadias e infectadas com GLRaV-1, GVA e GRSPaV e
verificaram diminuições significativas de brotação, fertilidade
e produtividade das plantas infectadas, em comparação ao
controle sadio.
O impacto econômico das viroses sobre a produção da videira pode ser
significativamente reduzido pela remoção de plantas infectadas
de dentro do vinhedo (roguing), se a incidência da infecção for
moderada (até 25%) (Atallah et
al., 2012ATALLAH, S.S.; GÓMEZ, M.I.; FUCHS, M.F.;
MARTINSON, T.E. Economic impact of grapevine leafroll
disease on Vitis vinifera cv. Cabernet
franc in Finger Lakes vineyards of New York. American
Journal of Enology and Viticulture, v.63, p.73-79,
2012. DOI: 10.5344/ajev.2011.11055.
https://doi.org/10.5344/ajev.2011.11055....
). Com incidência superior a esta taxa,
a melhor alternativa seria a completa substituição do vinhedo. A
implementação dessa recomendação de erradicação, associada aos
resultados do presente trabalho, sugere a possibilidade de se
avaliar o adiamento da renovação completa e precoce de vinhedos,
o que poderia refletir em economia para o produtor. Com base na
diferença entre valores de massa do cacho fresco, de plantas
assintomáticas e sintomáticas (Tabela 3) e, considerando-se 50 cachos/planta e
densidade de 2.000 plantas por hectare, o decréscimo da
produtividade da 'Niágara Rosada' sintomática seria de 5169 kg
ha-1 em comparação às plantas
assintomáticas. Como as videiras permaneceram por longo tempo no
campo, com idades dos vinhedos de 6 a 21 anos, a possibilidade
de reinfecção por vírus em campo tende a ser expressiva e,
muitas vezes, não é possível cultivar um vinhedo completamente
sadio, após alguns poucos anos de sua implantação. Decorre daí o
benefício de se tentar explorar a produção de uvas a partir de
plantas assintomáticas, que ainda apresentem satisfatórias
qualidade e quantidade produtivas, conforme mostrado no presente
trabalho. Destaca-se, entretanto, que a manutenção de plantas
infectadas em campo, mesmo que assintomáticas, pode servir de
fonte de inóculo viral. Para que esta estratégia seja adotada, o
manejo dessas plantas deve considerar medidas que limitem a
disseminação viral, a exemplo do controle de vetores (Naidu et al., 2014NAIDU, R.; ROWHANI, A.; FUCHS, M.; GOLINO, D.;
MARTELLI, G.P. Grapevine leafroll: a complex viral
disease affecting a high-value fruit crop. Plant
Disease, v.98, p.1172-1185, 2014. DOI:
10.1094/PDIS-08-13-0880-FE.
https://doi.org/10.1094/PDIS-08-13-0880-...
;
Maliogka et al.,
2015MALIOGKA, V.I.; MARTELLI, G.P.; FUCHS, M.;
KATIS, N.I. Control of viruses infecting grapevine. In:
LOEBENSTEIN, G.; KATIS, N.I. (Ed.). Control of plant
virus diseases vegetatively-propagated crops. Waltham:
Academic Press: Elsevier, 2015. p.175-227. (Advances in
Virus Research, 91). DOI:
10.1016/bs.aivir.2014.11.002.
https://doi.org/10.1016/bs.aivir.2014.11...
).
O gene completo da proteína capsidial do GRSPaV, dos isolados NiagRos4 e NiagRos5, com 780 nucleotídeos e 259 aminoácidos deduzidos (aad), foi amplificado por RT-PCR a partir de duas amostras de plantas - uma sintomática e outra assintomática - de 'Niágara Rosada'. A identidade entre os isolados NiagRos4 (assintomática) e NiagRos5 (sintomática) foi de 99,6%, para nucleotídeos e aad. As sequências de nucleotídeos destes dois isolados (NiagRos4: GenBank KJ848784 e NiagRos5: KJ848785) apresentaram baixa identidade - 81,9-83,9% - com dois isolados brasileiros (CF195 e IS2a) e alta identidade - 90,8-98,2% - com outros nove isolados nacionais (CF207, MG, PN, MH, CF208, CF210, 420A, CF195-2, CS1) (Figura 1). A identidade de aad entre os isolados NiagRos4 e NiagRos5 e esses 11 isolados brasileiros variou entre 92,2 e 99,2%. Houve grande proximidade entre os dois isolados estudados (NiagRos4 e NiagRos5), além de relacionamento filogenético, um pouco mais distante, com 11 isolados brasileiros (Figura 1 A).
Árvores filogenéticas, obtidas com o programa MEGA 5.2, pelo método de máxima parcimônia com "bootstrap" de dez mil réplicas, baseadas nas sequências completas (780 pb) de nucleotídeos do gene da proteína capsidial de 13 isolados brasileiros de GRSPaV (A), e nas sequências parciais de nucleotídeos da CP (451 pb) de 6 isolados brasileiros de GVA (B) e da CP (397 pb) de 10 isolados brasileiros de GLRaV-2 (C). Valores percentuais de "bootstrap" estão mostrados nos ramos. As barras indicam o número de substituições de nucleotídeos por sítio. Os códigos de acesso dos isolados no GenBank estão mencionados após o nome do isolado viral. Isolados caracterizados no presente trabalho: NiagRos4, NiagRos 5 (GRSPaV), NiagRos2, NiagRos 10 (GVA), Mer8, Mer31 (GLRaV-2). Os isolados-tipo de cada espécie viral também foram incluídos (GRSPaV, USA1-NC_001948, EUA; GVA, Is151-NC_003604, Itália; GLRaV-2, 93/955-NC_007448, África do Sul). Para os grupos externos, utilizaram-se as espécies-tipo dos gêneros: Foveavirus (Apple stem pitting virus, ASPV, NC_003462), Ampelovirus (Grapevine leafroll-associated virus 3, GLRaV-3, NC_004667) e Closterovirus (Beet yellows virus, BYV, NC_001598), respectivamente.
O gene parcial da proteína capsidial do GVA, isolados NiagRos2 e NiagRos10, com 451 nucleotídeos e 140 aad, foi amplificado por RT-PCR a partir de duas amostras de 'Niágara Rosada'. A identidade entre os isolados NiagRos2 (planta sintomática) e NiagRos10 (assintomática) foi de 93,3 e 97,8%, para nucleotídeos e aad, respectivamente. As sequências de nucleotídeos destes dois isolados (NiagRos2: GenBank KJ848782 e NiagRos10: KJ848783) apresentaram identidades entre 77,5 e 91,2% com quatro isolados brasileiros (IT-BA, GVA-RS, GVA-SP, PC40) (Figura 1). A identidade de aad entre os isolados NiagRos2 e NiagRos10 e esses quatro isolados nacionais variou entre 88,5 e 97,8%. Houve grande proximidade entre os dois isolados estudados (NiagRos2 e NiagRos10), além de relacionamento filogenético, um pouco mais distante, com quatro isolados brasileiros (Figura 1 B).
O gene parcial da proteína capsidial do GLRaV-2, isolados Mer8 e Mer31, com 397 nucleotídeos e 131 aad, foi amplificado por RT-PCR a partir de duas amostras de 'Merlot'. A identidade entre os isolados Mer8 (planta sintomática) e Mer31 (planta assintomática) foi de 98,4 e 97,7%, para nucleotídeos e aad, respectivamente. As sequências de nucleotídeos destes dois isolados (Mer8: GenBank KJ958525 e Mer31: KJ958526) apresentaram identidade entre 86,6 e 98,9% com oito isolados brasileiros (M/C, L/I, SE, IT, MH, RI, CS2, IS3) (Figura 1). A identidade de aad entre os isolados Mer8 e Mer31 e esses oito isolados nacionais variou entre 91,6 e 100%. Houve grande proximidade entre os dois isolados estudados (Mer8 e Mer31), além de relacionamento filogenético, um pouco mais distante, com oito isolados brasileiros (Figura 1 C).
Embora poucas substituições de nucleotídeos no genoma viral ou
pequenas divergências de aminoácidos em determinados genes
possam alterar propriedades biológicas dos vírus, como gama de
hospedeiras e expressão de sintomas (Poojari et al., 2013POOJARI, S.; ALABI, O.J.; NAIDU, R.A. Molecular
characterization and impacts of a strain of
Grapevine leafroll-associated virus
2 causing asymptomatic infection in a
wine grape cultivar. Virology Journal, v.10, article
324, 2013. DOI:
10.1186/1743-422X-10-324.
https://doi.org/10.1186/1743-422X-10-324...
), tal
possibilidade não foi explorada no presente trabalho. As
análises das sequências de nucletotídeos e aad dos isolados de
GRSPaV, GVA e GLRaV-2, mostraram a associação de dois isolados
virais que apresentaram alta homologia entre si (97,7-99,6%) e
com isolados homólogos que infectaram videiras sintomáticas e
assintomáticas. As diferenças sintomáticas podem estar
relacionadas à variabilidade entre diferentes isolados virais,
bem como podem estar relacionadas a outros fatores, tais como:
período transcorrido desde a infecção viral, isolados latentes,
diferença de virulência entre isolados, título viral e efeito
sinérgico entre infecções virais múltiplas (Naidu et al., 2014NAIDU, R.; ROWHANI, A.; FUCHS, M.; GOLINO, D.;
MARTELLI, G.P. Grapevine leafroll: a complex viral
disease affecting a high-value fruit crop. Plant
Disease, v.98, p.1172-1185, 2014. DOI:
10.1094/PDIS-08-13-0880-FE.
https://doi.org/10.1094/PDIS-08-13-0880-...
).
Gambino et al.
(2012)GAMBINO, G.; CUOZZO, D.; FASOLI, M.; PAGLIARANI,
C.; VITALI, M.; BOCCACCI, P.; PEZZOTTI, M.; MANNINI, F.
Co-evolution between Grapevine rupestris stem
pitting-associated virus and
Vitis vinifera L. leads to
decreased defence responses and increased transcription
of genes related to photosynthesis. Journal of
Experimental Botany, v.63, p.5919-5933, 2012. DOI:
10.1093/jxb/ers244.
https://doi.org/10.1093/jxb/ers244....
, Rosa et
al. (2011)ROSA, C.; JIMENEZ, J.F.; MARGARIA, P.; ROWHANI,
A. Symptomatology and effects of viruses associated
with rugose wood complex on the growth of four
different rootstocks. American Journal of Enology and
Viticulture, v.62, p.207-213, 2011. DOI:
10.5344/ajev.2011.10104.
https://doi.org/10.5344/ajev.2011.10104....
e Poojari et al. (2013)POOJARI, S.; ALABI, O.J.; NAIDU, R.A. Molecular
characterization and impacts of a strain of
Grapevine leafroll-associated virus
2 causing asymptomatic infection in a
wine grape cultivar. Virology Journal, v.10, article
324, 2013. DOI:
10.1186/1743-422X-10-324.
https://doi.org/10.1186/1743-422X-10-324...
mostraram a existência de
isolados latentes dos vírus GRSPaV, GVD e GLRaV-2 em videiras. A
grande maioria dos trabalhos de avaliação agronômica compara
videiras infectadas por vírus e videiras livres de vírus,
normalmente obtidas por meio de cultura de tecidos (Maliogka et al.,
2015MALIOGKA, V.I.; MARTELLI, G.P.; FUCHS, M.;
KATIS, N.I. Control of viruses infecting grapevine. In:
LOEBENSTEIN, G.; KATIS, N.I. (Ed.). Control of plant
virus diseases vegetatively-propagated crops. Waltham:
Academic Press: Elsevier, 2015. p.175-227. (Advances in
Virus Research, 91). DOI:
10.1016/bs.aivir.2014.11.002.
https://doi.org/10.1016/bs.aivir.2014.11...
). O presente trabalho comparou videiras sintomáticas
e assintomáticas, independentemente do status fitossanitário, se
infectadas ou não por vírus. Tal situação reflete, de forma mais
fidedigna, a condição prevalente encontrada em campo, em
particular nas regiões vitícolas brasileiras.
Conclusões
-
As plantas de 'Cabernet Franc', 'Cabernet Sauvignon', 'Merlot' e 'Niágara Rosada', que não expressam sintomas foliares ou no porta-enxerto, mesmo que infectadas, apresentam melhor desempenho das variáveis agronômicas e enológicas do que as plantas sintomáticas.
-
Existe alta identidade de nucleotídeos entre isolados homólogos de GRSPaV, GVA e GLRaV-2 de plantas sintomáticas e assintomáticas.
Agradecimentos
À Carla Dubiela, pelo apoio na indexação do primeiro experimento; e a Celito Guerra, Daniel Grohs, Daniel Souza, Gisele Perissutti, Henrique Pessoa dos Santos e Marcos Vanni da Embrapa Uva e Vinho, pelo apoio técnico em diferentes etapas deste trabalho.
Referências
- ATALLAH, S.S.; GÓMEZ, M.I.; FUCHS, M.F.; MARTINSON, T.E. Economic impact of grapevine leafroll disease on Vitis vinifera cv. Cabernet franc in Finger Lakes vineyards of New York. American Journal of Enology and Viticulture, v.63, p.73-79, 2012. DOI: 10.5344/ajev.2011.11055.
» https://doi.org/10.5344/ajev.2011.11055. - BASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; PIO-RIBEIRO, G.; EIRAS, M.; ZERBINI, F.M. Avanços e perspectivas no estudo das doenças virais e subvirais em videira com ênfase na realidade brasileira. Revisão Anual de Patologia de Plantas, v.22, p.160-207, 2014.
- BASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; EIRAS, M.; AYUB, R.A.; NICKEL, O. Detecção e identificação molecular de vírus associados a videiras sintomáticas e assintomáticas. Ciência Rural, v.40, p.2249-2255, 2010a. DOI: 10.1590/S0103-84782010001100001.
» https://doi.org/10.1590/S0103-84782010001100001. - BASSO, M.F.; FAJARDO, T.V.M.; SANTOS, H.P.; GUERRA, C.C.; AYUB, R.A.; NICKEL, O. Fisiologia foliar e qualidade enológica da uva em videiras infectadas por vírus. Tropical Plant Pathology, v.35, p.351-359, 2010b. DOI: 10.1590/s1982-56762010000600003.
» https://doi.org/10.1590/s1982-56762010000600003. - BERTAZZON, N.; ANGELINI, E. Advances in the detection of Grapevine leafroll-associated virus 2 variants. Journal of Plant Pathology, v.86, p.283-290, 2004.
- CATARINO, A. de M.; FAJARDO, T.V.M.; PIO-RIBEIRO, G.; EIRAS, M.; NICKEL, O. Incidência de vírus em videiras no Nordeste brasileiro e caracterização molecular parcial de isolados virais locais. Ciência Rural, v.45, p.379-385, 2015. DOI: 10.1590/0103-8478cr20140587.
» https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20140587. - DUBIELA, C.R.; FAJARDO, T.V.M.; SOUTO, E.R.; NICKEL, O.; EIRAS, M.; REVERS, L.F. Simultaneous detection of Brazilian isolates of grapevine viruses by TaqMan real-time RT-PCR. Tropical Plant Pathology, v.38, p.158-165, 2013. DOI: 10.1590/S1982-56762013000200011.
» https://doi.org/10.1590/S1982-56762013000200011. - ESPINOZA, C.; VEGA, A.; MEDINA, C.; SCHLAUCH, K.; CRAMER, G.; ARCE-JOHNSON, P. Gene expression associated with compatible viral diseases in grapevine cultivars. Functional and Integrative Genomics, v.7, p.95-110, 2007. DOI: 10.1007/s10142-006-0031-6.
» https://doi.org/10.1007/s10142-006-0031-6. - FAJARDO, T.V.M.; EIRAS, M.; SANTOS, H.P.; NICKEL, O.; KUHN, G.B. Detecção e caracterização biológica e molecular de Rupestris stem-pitting associated virus e seu efeito na fotossíntese de videiras. Fitopatologia Brasileira, v.29, p.209-214, 2004. DOI: 10.1590/S0100-41582004000200016.
» https://doi.org/10.1590/S0100-41582004000200016. - GAMBINO, G.; CUOZZO, D.; FASOLI, M.; PAGLIARANI, C.; VITALI, M.; BOCCACCI, P.; PEZZOTTI, M.; MANNINI, F. Co-evolution between Grapevine rupestris stem pitting-associated virus and Vitis vinifera L. leads to decreased defence responses and increased transcription of genes related to photosynthesis. Journal of Experimental Botany, v.63, p.5919-5933, 2012. DOI: 10.1093/jxb/ers244.
» https://doi.org/10.1093/jxb/ers244. - GIRIBALDI, M.; PURROTTI, M.; PACIFICO, D.; SANTINI, D.; MANNINI, F.; CACIAGLI, P.; ROLLE, L.; CAVALLARIN, L.; GIUFFRIDA, M.G.; MARZACHI, C. A multidisciplinary study on the effects of phloem-limited viruses on the agronomical performance and berry quality of Vitis vinifera cv. Nebbiolo. Journal of Proteomics, v.75, p.306-315, 2011. DOI: 10.1016/j.jprot.2011.08.006.
» https://doi.org/10.1016/j.jprot.2011.08.006. - HALL, T.A. BioEdit: A user-friendly biological sequence alignment editor and analysis program for Windows 95/98/NT. Nucleic Acids Symposium Series, v.41, p.95-98, 1999.
- MALIOGKA, V.I.; MARTELLI, G.P.; FUCHS, M.; KATIS, N.I. Control of viruses infecting grapevine. In: LOEBENSTEIN, G.; KATIS, N.I. (Ed.). Control of plant virus diseases vegetatively-propagated crops. Waltham: Academic Press: Elsevier, 2015. p.175-227. (Advances in Virus Research, 91). DOI: 10.1016/bs.aivir.2014.11.002.
» https://doi.org/10.1016/bs.aivir.2014.11.002. - MANNINI, F.; MOLLO, A.; CREDI, R. Field performance and wine quality modification in a clone of Vitis vinifera cv. Dolcetto after GLRaV-3 elimination. American Journal of Enology and Viticulture, v.63, p.144-147, 2012. DOI: 10.5344/ajev.2011.11020.
» https://doi.org/10.5344/ajev.2011.11020. - MINAFRA, A.; HADIDI, A.; MARTELLI, G.P. Detection of grapevine closterovirus A in infected grapevine tissue by reverse transcription-polymerase chain reaction. Vitis, v.31, p.221-227, 1992.
- NAIDU, R.; ROWHANI, A.; FUCHS, M.; GOLINO, D.; MARTELLI, G.P. Grapevine leafroll: a complex viral disease affecting a high-value fruit crop. Plant Disease, v.98, p.1172-1185, 2014. DOI: 10.1094/PDIS-08-13-0880-FE.
» https://doi.org/10.1094/PDIS-08-13-0880-FE. - OLIVER, J.E.; FUCHS, M. Tolerance and resistance to viruses and their vectors in Vitis sp.: a virologist's perspective of the literature. American Journal of Enology and Viticulture, v.62, p.438-451, 2011. DOI: 10.5344/ajev.2011.11036.
» https://doi.org/10.5344/ajev.2011.11036. - OSMAN, F.; LEUTENEGGER, C.; GOLINO, D.; ROWHANI, A. Real-time RT-PCR (TaqMan) assays for the detection of Grapevine leafroll associated viruses 1-5 and 9. Journal of Virological Methods, v.141, p.22-29, 2007. DOI: 10.1016/j.jviromet.2006.11.035.
» https://doi.org/10.1016/j.jviromet.2006.11.035. - OSMAN, F.; ROWHANI, A. Real-time RT-PCR (TaqMan) assays for the detection of viruses associated with Rugose wood complex of grapevine. Journal of Virological Methods, v.154, p.69-75, 2008. DOI: 10.1016/j.jviromet.2008.09.005.
» https://doi.org/10.1016/j.jviromet.2008.09.005. - POOJARI, S.; ALABI, O.J.; NAIDU, R.A. Molecular characterization and impacts of a strain of Grapevine leafroll-associated virus 2 causing asymptomatic infection in a wine grape cultivar. Virology Journal, v.10, article 324, 2013. DOI: 10.1186/1743-422X-10-324.
» https://doi.org/10.1186/1743-422X-10-324. - RADAELLI, P.; FAJARDO, T.V.M.; NICKEL, O.; EIRAS, M.; PIO-RIBEIRO, G. Variabilidade do gene da proteína capsidial de três espécies virais que infectam videiras no Brasil. Tropical Plant Pathology, v.34, p.297-305, 2009. DOI: 10.1590/S1982-56762009000500002.
» https://doi.org/10.1590/S1982-56762009000500002. - ROSA, C.; JIMENEZ, J.F.; MARGARIA, P.; ROWHANI, A. Symptomatology and effects of viruses associated with rugose wood complex on the growth of four different rootstocks. American Journal of Enology and Viticulture, v.62, p.207-213, 2011. DOI: 10.5344/ajev.2011.10104.
» https://doi.org/10.5344/ajev.2011.10104. - SAMBROOK, J.F.; RUSSELL, D.W. Molecular cloning: a laboratory manual. 3rd ed. New York: CSHL Press, 2001. 999p.
- TAMURA, K.; PETERSON, D.; PETERSON, N.; STECHER, G.; NEI, M.; KUMAR, S. MEGA5: molecular evolutionary genetics analysis using maximum likelihood, evolutionary distance, and maximum parsimony methods. Molecular Biology and Evolution, v.28, p.2731-2739, 2011. DOI: 10.1093/molbev/msr121.
» https://doi.org/10.1093/molbev/msr121.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Jul 2015
Histórico
-
Recebido
07 Nov 2014 -
Aceito
27 Maio 2015