Resumo
As pessoas se posicionam discursivamente ao atribuir causas e responsáveis por um problema de saúde pública. Este estudo teve por objetivo analisar enunciados sobre essas atribuições no que se refere a uma doença negligenciada no Brasil: a leptospirose humana. O método adotado é qualitativo, faz uso de entrevistas semipadronizadas e análise discursiva com mapas dialógicos. Participaram do estudo nove interlocutores, indicados por gestores e profissionais da área de saúde por sua competência para falar das práticas e experiências relacionadas ao controle da enfermidade. Os resultados mostraram a emergência de cinco tipos de atribuição que ocorriam simultaneamente nos enunciados, o que indica uma variabilidade atributiva. Embora haja variabilidade, é possível identificar também indícios de padrões discursivos relacionados às posições ocupadas pelos interlocutores na rede de saúde. Uma reflexão crítica sobre os efeitos potenciais desses padrões é realizada. Estudos complementares sobre a relação entre atribuições e ações para reduzir casos da doença são sugeridos.
Palavras-chave:
atribuição; causalidade; responsabilidade; análise do discurso; serviços de saúde pública