Resumo
A cartografia é uma postura ética-estética-política de fazer pesquisa, uma forma de produzir conhecimento habitada insistentemente pelo desconhecido e o feminismo é uma ferramenta potente para analisar as relações de poder. O objetivo deste estudo é cartografar a própria cartografia para pensar de que maneiras, na tessitura de um campo, as epistemologias e metodologias feministas permitem à cartografia interrogar-se a si mesma acerca de seus modos de funcionamento, ferramentas e implicações. Trata-se de artigo teórico de uma pesquisa que entrevistou mulheres em prisões no Brasil e em Portugal. Cruzamos pistas da cartografia com inspirações feministas para mostrar que fazer pesquisa é mais o percurso que traçamos do que um produto pronto ao final. Propomos pistas para entender a cartografia como política de produção de conhecimento inscrito na política e defendemos que uma dobradura feminista no ethos cartográfico pode radicalizar a produção de conhecimento da perspectiva da filosofia da diferença.
Palavras-chave:
cartografia; análise institucional; feminismo; psicologia social